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Brasil poderá ter tablet de 500 reais

O governo quer que os fabricantes vendam tablets por 500 reais no país. Isso é possível, mas as limitações desse aparelho barato poderão frustrar os consumidores

Tablets sem marca conhecida, como este, chegam a ser vendidos por pouco mais de 100 dólares no mercado internacional (Reprodução)

Maurício Grego

Publicado em 13 de abril de 2011 às 14h13.

São Paulo — O ministro das comunicações, Paulo Bernardo, vem dizendo, em algumas entrevistas, que o governo gostaria de ver um tablet com preço de até 500 reais no país. Seria uma ferramenta importante para a inclusão digital e para o ensino. O tablet de 500 reais é possível, mas não será um iPad. Com incentivos fiscais adequados, um modelo simples com o sistema Android pode chegar às lojas por esse preço. Resta saber se as limitações desse tablet popular não seriam uma fonte de frustrações para o consumidor.

O projeto do tablet de 500 reais depende de incentivos fiscais. Os aparelhos montados no Brasil deverão ter isenção de PIS e Cofins, dois encargos que, juntos, acrescentam 9,25% ao preço do produto. Além disso, é provável que recebam o mesmo tratamento tributário dado aos computadores. Nesse caso, o fabricante terá redução no IPI em troca do uso de componentes nacionais e da montagem local. Incentivos estaduais podem aliviar o ICMS; e os municípios podem fazer sua parte dando isenções de impostos sobre imóveis industriais.

Dependendo de quais incentivos se incluam na conta, chega-se a uma redução de custo entre 30% e 40%. Um cálculo divulgado por órgãos do governo aponta para um decréscimo de 31%. Naturalmente, o fabricante pode repassar a redução para o preço final ou aumentar sua margem de lucro. Mas a concorrência deve beneficiar o consumidor, forçando os preços para baixo.

Resta saber que tipo de tablet pode ser fabricado por 500 reais. Não será um iPad e nem um dos tablets com Android da geração mais recente. Esses tablets têm preço similar ao do iPad, que virou referência para os fabricantes. No mercado americano, onde esses aparelhos são mais baratos, as versões mais simples custam por volta de 500 dólares, quase 800 reais.

Xing ling

É preciso, então, olhar para a Ásia para encontrar um tablet de 500 reais. Há aparelhos chineses sem marca conhecida que são vendidos em lojas na web por preços que começam em pouco mais de 100 dólares. Os mais baratos – como o da foto acima, que imita o iPad na tela – têm tela de 7 polegadas, usam tecnologia ultrapassada e são pobres em recursos, além de ter qualidade construtiva questionável.


Variantes mais recentes desses tablets xing ling, com tela de 8 ou 10 polegadas, podem ser encontradas por preços inferiores a 200 dólares (cerca de 320 reais). Em geral, esses aparelhos têm tela resistiva, de baixa sensibilidade, o que torna seu uso incômodo (tablets como o iPad usam tela capacitiva, bastante mais sensível).

Os tablets xing ling também são um tanto lentos, e a qualidade visual das imagens que exibem é inferior à dos modelos de fabricantes prestigiados. Assim, embora, na teoria, um aparelho desse tipo possa custar 500 reais no Brasil, suas limitações poderão ser uma fonte de frustrações para os usuários.

Acima de 1.000 reais?

E quanto vai custar um tablet realmente atualizado montado no Brasil? O modelo mais simples do iPad, sem acesso à rede celular e com 16 GB de memória, custava 1.650 reais quando chegou ao país (no momento,os preços estão mais baixos porque, enquanto não chega o iPad 2, a Apple está desovando seu estoque do iPad 1 no país).

Com a redução de custo de 31%, o preço de tabela do iPad mais simples atingiria 1.140 reais. Já o modelo mais caro, com 64 GB de memória e acesso à rede celular 3G, chegou ao país por 2.599 reais. Fabricado aqui, custaria 1.790 reais. Isso dá uma ideia da faixa de preço em que serão vendidos os futuros tablets fabricados no Brasil – entre 1.100 e 1.800 reais.

Não há a expectativa de que o preço do iPad caia rapidamente no mercado internacional, já que a demanda continua alta (o produto está esgotado em vários países). E é pouco provável que outros fabricantes ofereçam modelos concorrentes por preços muito inferiores a esses. Quedas significativas nos preços só devem acontecer de 2012 em diante – e de forma gradual.

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O projeto do tablet de 500 reais depende de incentivos fiscais. Os aparelhos montados no Brasil deverão ter isenção de PIS e Cofins, dois encargos que, juntos, acrescentam 9,25% ao preço do produto. Além disso, é provável que recebam o mesmo tratamento tributário dado aos computadores. Nesse caso, o fabricante terá redução no IPI em troca do uso de componentes nacionais e da montagem local. Incentivos estaduais podem aliviar o ICMS; e os municípios podem fazer sua parte dando isenções de impostos sobre imóveis industriais.

Dependendo de quais incentivos se incluam na conta, chega-se a uma redução de custo entre 30% e 40%. Um cálculo divulgado por órgãos do governo aponta para um decréscimo de 31%. Naturalmente, o fabricante pode repassar a redução para o preço final ou aumentar sua margem de lucro. Mas a concorrência deve beneficiar o consumidor, forçando os preços para baixo.

Resta saber que tipo de tablet pode ser fabricado por 500 reais. Não será um iPad e nem um dos tablets com Android da geração mais recente. Esses tablets têm preço similar ao do iPad, que virou referência para os fabricantes. No mercado americano, onde esses aparelhos são mais baratos, as versões mais simples custam por volta de 500 dólares, quase 800 reais.

Xing ling

É preciso, então, olhar para a Ásia para encontrar um tablet de 500 reais. Há aparelhos chineses sem marca conhecida que são vendidos em lojas na web por preços que começam em pouco mais de 100 dólares. Os mais baratos – como o da foto acima, que imita o iPad na tela – têm tela de 7 polegadas, usam tecnologia ultrapassada e são pobres em recursos, além de ter qualidade construtiva questionável.


Variantes mais recentes desses tablets xing ling, com tela de 8 ou 10 polegadas, podem ser encontradas por preços inferiores a 200 dólares (cerca de 320 reais). Em geral, esses aparelhos têm tela resistiva, de baixa sensibilidade, o que torna seu uso incômodo (tablets como o iPad usam tela capacitiva, bastante mais sensível).

Os tablets xing ling também são um tanto lentos, e a qualidade visual das imagens que exibem é inferior à dos modelos de fabricantes prestigiados. Assim, embora, na teoria, um aparelho desse tipo possa custar 500 reais no Brasil, suas limitações poderão ser uma fonte de frustrações para os usuários.

Acima de 1.000 reais?

E quanto vai custar um tablet realmente atualizado montado no Brasil? O modelo mais simples do iPad, sem acesso à rede celular e com 16 GB de memória, custava 1.650 reais quando chegou ao país (no momento,os preços estão mais baixos porque, enquanto não chega o iPad 2, a Apple está desovando seu estoque do iPad 1 no país).

Com a redução de custo de 31%, o preço de tabela do iPad mais simples atingiria 1.140 reais. Já o modelo mais caro, com 64 GB de memória e acesso à rede celular 3G, chegou ao país por 2.599 reais. Fabricado aqui, custaria 1.790 reais. Isso dá uma ideia da faixa de preço em que serão vendidos os futuros tablets fabricados no Brasil – entre 1.100 e 1.800 reais.

Não há a expectativa de que o preço do iPad caia rapidamente no mercado internacional, já que a demanda continua alta (o produto está esgotado em vários países). E é pouco provável que outros fabricantes ofereçam modelos concorrentes por preços muito inferiores a esses. Quedas significativas nos preços só devem acontecer de 2012 em diante – e de forma gradual.

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