Bill Gates deixa conselho de administração da Microsoft
Segundo homem mais rico do mundo, Gates já estava somente no conselho da empresa, e não mais na diretoria executiva
Carolina Riveira
Publicado em 13 de março de 2020 às 18h32.
Última atualização em 13 de março de 2020 às 20h31.
O bilionário Bill Gates anunciou que está deixando o conselho de administração da Microsoft , 45 anos após fundar a empresa. O anúncio foi feito em comunicado oficial da empresa nesta sexta-feira 13.
Com a saída, Gates passará a ser consultor de executivos da Microsoft, mas com papel menos ativo. Na nota anunciando a saída do fundador, a Microsoft afirma que Gates tomou a decisão para "dedicar mais tempo a suas prioridades filantrópicas, incluindo saúde global, desenvolvimento, educação e seu crescente engajamento em enfrentar as mudanças climáticas."
Gates cofundou a Microsoft em 1975 com Paul Allen, que faleceu em 2018. O executivo já havia deixado o cargo de presidente executivo em 2000, quando passou a fazer parte apenas do conselho de administração. Ele foi diretor do conselho até 2014, quando virou somente conselheiro.
"Foi uma tremenda honra e privilégio ter trabalhado e aprendido com Bill ao longo dos anos", disse em comunicado o atual presidente da Microsoft, Satya Nadella, no cargo desde 2014.
Na gestão de Gates, a Microsoft revolucionou a tecnologia no mundo e tornou-se pioneira no movimento do computador pessoal nas décadas de 1980 e 1990. Gates nasceu em uma família de classe média em Seattle, no estado americano de Washington, em 1955, filho de um advogado e de uma professora universitária. Ele fundou a Microsoft ainda na faculdade, enquanto estudava matemática e direito na Universidade Harvard — mas abandonou os cursos no terceiro ano para se dedicar à empresa.
Apesar do legado de Gates, nos últimos cinco anos, a Microsoft vem passando por uma revolução em seu modelo tradicional de negócios, comandada por Satya Nadella. Historicamente focada em venda de produtos para o consumidor, como o pacote de produtividade Office ou o sistema operacional Windows, a Microsoft fortaleceu seu sistema de nuvem e passou a vender seus produtos por assinatura, criando um valioso gasto recorrente por parte dos consumidores.
No ano passado, pela primeira vez, a unidade do serviço de nuvem corporativa Azure se tornou o segmento mais rentável da Microsoft, que depende cada vez menos de Windows e Office — como mostrou reportagem da EXAME em 2019.
Fortuna
Embora tenha deixado papéis executivos na companhia há quase duas décadas, Gates é até hoje um dos maiores acionistas da Microsoft, com 1,36% das ações, segundo o FactSet, que mapeia posições em empresas.
Com as ações, Gates é hoje o segundo homem mais rico do mundo, atrás de Jeff Bezos, fundador e presidente da varejista de comércio eletrônico Amazon.
O bom momento da Microsoft, inclusive, ajuda a incrementar sua fortuna. A ação da Microsoft subiu mais de 180% desde que Nadella assumiu a empresa, em 2014. Bom para Bill Gates, que é hoje dono de 98 bilhões de dólares, segundo cotações desta sexta-feira compiladas pela agência Bloomberg em seu Billionaires Index. Bezos tem 105 bilhões de dólares em patrimônio. Atrás de Gates vem Warren Buffett, dono da empresa de investimentos Berkshire Hathaway, com 70,2 bilhões de dólares.
A Microsoft valia ao fim do pregão desta sexta-feira cerca de 1,21 trilhão de dólares na bolsa, sendo uma das duas empresas americanas a superar o patamar de 1 trilhão — assim como a Apple, que vale 1,22 trilhão. A Microsoft tem capital aberto na bolsa desde 1986. Além das duas americanas, a única outra trilionária do mundo é a petroleira saudita Saudi Aramco.
Desde que se distanciou da empresa, Bill Gates também está atuando mais intensamente à frente da fundação Bill & Melinda Gates, que fundou com a esposa e na qual depositou mais de 3 bilhões de dólares de sua fortuna pessoal. O empresário não se pronunciou sobre a saída da Microsoft no comunicado divulgado pela empresa e, até a publicação desta reportagem, não havia feito postagem em suas redes sociais sobre o tema.