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BBB cresce fora da Globo com canal Espiadinha no Telegram

O grupo, que já foi derrubado por violação de direitos autorais, hoje se dedica a cobrir cada minuto do reality “de maneira profissional” para os seus mais de 330 mil inscritos

 (Gshow/Reprodução)

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LP

Laura Pancini

Publicado em 8 de fevereiro de 2022 às 06h00.

Tadeu Schmidt

O jornalista Tadeu Schmidt é o novo apresentador do Big Brother Brasil (Gshow/Reprodução)

As linhas entre as redes sociais e a televisão ficam cada vez mais difusas, e o Big Brother Brasil sabe que precisa acompanhar. O que antes era pautado pelo que se passava na tela, agora é definido pelo que os usuários mais comentam na internet: a reação em volta de um dos participantes estar com suspeita de covid, por exemplo, fez com que a Globo testasse todos os brothers e sisters da casa.

Para Erica Mathias, estudante de 20 anos, é preciso “cooperar e caminhar juntos” ao invés de dividir. Isso porque Mathias é a fundadora e uma das administradoras por trás do Espiadinha, canal no aplicativo de mensagens Telegram que faz uma cobertura 24 horas do que acontece na casa mais vigiada do Brasil para seus mais de 330 mil inscritos.

O Telegram perde para o WhatsApp em número de usuários brasileiros, mas ganha com suas inúmeras funções: semelhante ao Facebook, usuários podem comentar somente dentro das postagens e reagir com emojis. As ferramentas basicamente transformam o grupo de mensagens em um canal de notícias e uma espécie de rede social, além de servir como um termômetro dos sentimentos do público. 

Na edição de 2021, o Espiadinha foi derrubado pela Globo após receber strikes (“punições”) por violações de direitos autorais – eram publicados trechos curtos em formato de vídeos, com legendas para contextualizar – e teve que recomeçar do zero, mas a jovem garante que não quer briga com o Boninho: “Não queremos passar por cima de ninguém, afinal, eles proporcionam o BBB, que eu amo”.

Postagens no Espiadinha (esquerda) e comentários dos usuários (direita)

Postagens no Espiadinha (esquerda) e comentários dos usuários (direita) transformam o app de mensagens em uma rede social (Captura de tela/Reprodução)

O Espiadinha sabe que não é o único: outros canais para cobrir o BBB surgiram em 2020, mas poucos continuaram a lutar após os strikes. O segundo maior, “Antenados – BBB22”, tem 225 mil inscritos e uma preferência por gifs ao invés de fotos. Os canais precisaram se adaptar às regras para não serem deletados, como aconteceu com o Espiadinha. 

“Por estarmos naquele caminho de profissionalização, entendemos que vídeos não eram permitidos e começamos a fazer nossas próprias narrações por texto. Dá bem mais trabalho transcrever uma cena, mas é uma coisa que vale a pena. Descobri que várias pessoas surdas começaram a acompanhar BBB, porque não tinham acesso antes e encontraram no canal um lugar que transcrevia tudo.” 

Em entrevista por ligação, foi fácil perceber a confiança que Mathias tem no potencial de seu canal, que já fez cobertura de duas edições da ‘Fazenda’, ‘No Limite’ e outros realities brasileiros. O grupo começou como uma brincadeira entre amigos, que buscavam um lugar para torcer para Felipe Prior, um dos participantes mais amados e odiados da 20ª edição do programa, após serem banidos de outro canal que não permitia torcer pelo paulistano.

“Só queríamos um espaço no Telegram para comentar livremente sobre BBB, mas tudo na brincadeira. Num determinado momento, passei a me interessar em narrar o que acontecia na casa”, disse. O canal eventualmente largou seu antigo nome (“FPN Felipe Prior Nation”) e virou o Espiadinha.

Hoje em dia, além do canal de BBB, existem outros sete canais sob o nome Espiadinha que se dedicam à cobertura de temas diversos: notícias gerais, esporte, cinema, game, anime, música e um grupo só para bate-papo. 

Mathias conta com a ajuda de inúmeros administradores “nascidos e criados na internet” que se dividem em grupos para fazer as postagens e monitorar os comentários dos usuários que, ao todo, somam 61.700. “Eu enxergo muito potencial numa rede independente. Tenho esses planos [de crescimento], mas sei que não é algo imediato.”

Apesar dela deixar claro que todos são fãs de realities, os administradores do canal BBB também vão ser pagos pelo seu trabalho intenso: daqui a três meses, quando o programa acabar, o dinheiro de todas as “publis” divulgadas no canal e parcerias feitas será juntado e repartido, explica a estudante. 

O Espiadinha costuma publicar anúncios de microempresas, criadores de conteúdo e outros grupos do Telegram, mas, de acordo com Mathias, o maior até então foi uma publicidade com a Always, de produtos de higiene menstrual, ainda em 2020. 

Mathias não quis entrar em detalhes quanto ao valor por não ter tanta certeza dos números (“depende”). A EXAME tentou entrar em contato com os anunciantes mais recentes, mas obteve resposta somente de uma: Carol Mariotti, responsável por criar conteúdos em seu canal ainda em ascensão, chamado Leitura Virtual.

Mariotti tem por volta de 30 mil seguidores no Instagram e YouTube, e afirmou que pagou cerca de 250 reais por uma publicação no horário de pico. “Como o engajamento tá muito grande por causa do programa achei que seria uma boa oportunidade para ser vista”, disse.

Outra parceria relevante é a com o criador de conteúdo Lucas Paiva. Conhecido no Twitter como @paiva, o catarinense de 550 mil seguidores recebe ajuda dos administradores do Espiadinha para fazer sua própria cobertura de BBB na rede social do passarinho, desde a edição do ano passado. Em troca, além de um valor não citado, ele dá dicas de como "profissionalizar o negócio" e conseguir resultados melhores de engajamento.

Tanto administradora quanto apaixonada por realities, Mathias é uma das muitas torcedoras que se mantém otimista mediante as inúmeras críticas sobre a falta de enredo no BBB 22: “Ficamos mal acostumados com a edição anterior, mas aquele não era o padrão. Ainda tem muita coisa para acontecer, mas as pessoas estão na ânsia pelo imediato. Não acho que é uma edição flopada, só um ritmo diferente.”

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