Avião solar faz história ao atravessar EUA
Nova York - O protótipo de avião movido apenas a energia solar, o HB-Sia da empresa suíça Solar Impulsione, conseguiu completar seu percurso de leste a oeste dos...
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2013 às 13h28.
Nova York - O protótipo de avião movido apenas a energia solar, o HB-Sia da empresa suíça Solar Impulsione, conseguiu completar seu percurso de leste a oeste dos Estados Unidos sem gastar uma gota de combustível, após dois meses de viagem, cinco escalas e vários problemas técnicos.
"O que há alguns anos era um sonho e durante os últimos dias foi uma realidade, agora é história", afirmou nesta segunda-feira um dos pilotos, André Borschberg, em entrevista coletiva no aeroporto John F. Kennedy em Nova York, onde aterrissou no sábado à noite após demorar mais de 18 horas para chegar a Washington.
A ideia de Borschberg e do outro piloto, Bertrand Piccard, era sobrevoar a Estátua da Liberdade para "coroar" sua façanha, mas um problema técnico na asa esquerda precipitou a aterrissagem do avião de 63 metros de envergadura (a mesma de um jumbo), e de apenas 1.600 quilos graças a sua estrutura de fibra de carbono.
Em suas asas, o "segredo do milagre": 12 mil células fotovoltaicas que, através de sete acumuladores, fazem com que o avião possa voar tanto de dia como de noite utilizando apenas a energia solar.
O percurso do avião começou em San Francisco (Califórnia) no dia 3 de maio. Depois, ele passou por Phoenix (Arizona), Dallas (Texas), Saint Louis (Missouri) e Washington D.C., onde o forte vento também forçou uma aterrissagem antecipada em Cincinnati (Ohio).
Finalmente, os dois pilotos puderam comemorar a chegada à Nova York e a obtenção de sua meta. "Que lugar melhor para aterrissar o avião que nunca dorme do que a cidade que nunca dorme?", perguntou Piccard, que também é doutor em psiquiatria e último descendente de uma família de pioneiros da aeronáutica.
Borschberg e Piccard consideram a façanha como uma questão mais filosófica do que técnica.
Eles afirmaram terem se baseado na tradição de Charles Lindberg, o primeiro a atravessar o Atlântico em seu avião em 1927, e de Charles Elwood Yeaguer, o primeiro a superar a barreira do som 20 anos depois, e se inspirado principalmente por Calbraith Perry Rodgers, realizou mais de 16 paradas (acidentais e intencionais) até conseguir atravessar os EUA em seu avião em 1911.
"Cada vez que alguém diz que algo é impossível pode dizer a eles que não é verdade, que a realidade consiste em derrubar as barreiras do impossível", afirmou Piccard, que junto com o companheiro já tinha conseguido previamente voar da Suíça ao Marrocos, e fazer o primeiro voo solar noturno. Segundo ele, em 2015, o objetivo é dar a volta ao mundo no avião solar.
Ao levar em consideração a duração dos voos, a fragilidade da aeronave e sua incapacidade de transportar outros passageiros, este HB-Sia da Solar Impulsione demonstra estar mais próximo do velho sonho do mito de Ícaro do que da revolução da pragmática na engenharia aeronáutica.
"Simplesmente queremos passar para as pessoas a mensagem de que toda a tecnologia pode se destinar à criação de um mundo mais limpo. No século 20 o homem conquistou o mundo. Agora, no 21, temos que buscar melhorar nossa qualidade de vida", concluiu Piccard.