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Da Redação
Publicado em 14 de agosto de 2014 às 08h12.
São Paulo - Depois de uma estreia discreta em São Paulo e Rio de Janeiro em junho, o aplicativo Uber, que conecta passageiros a motoristas profissionais, apresentou nessa terça, 12, o diretor geral da sua operação no Brasil, Guilherme Telles.
Com passagens pelo fundo Monashees Capital e pelo Peixe Urbano, Telles estava terminando um MBA na Universidade de Stanford, na Califórnia, quando soube da expansão do Uber para o Brasil e se candidatou ao cargo.
Desde segunda-feira, ele comanda uma equipe de três pessoas em um escritório no Jardim Paulista, na zona oeste de São Paulo. Os objetivos da operação local são aumentar a base de motoristas parceiros do app nas cidades onde o sistema já funciona para reduzir o tempo de atendimento das chamadas, conquistar novos usuários e levar o serviço para outras cidades.
"Não temos alvos específicos, ou metas mensais. Pensamos em quanto crescer a cada semana. Sabemos que há um grande potencial no país", diz Telles. Novata no mercado local, a empresa ainda não revela seus números no Brasil.
Para conquistar o público, aposta em seu serviço premium, Uber Black, que utiliza caros mais sofisticados como Toyota Corolla, Honda City e Ford Fusion e tem a proposta de oferecer uma experiência diferente da ofertada por táxis comuns, por um preço cerca de 30% maior por corrida.
A companhia não tem previsão de quando outros serviços oferecidos no exterior, como o Uber X, que usa carros populares e cobra preços mais agressivos, devem chegar por aqui.
Polêmico
Presente em 163 cidades e 42 países, o Uber é hoje o maior expoente da chamada "economia compartilhada", que promove negócios que intermedeiam a prestação de serviços entre pessoas físicas.
A empresa já tem um valor de mercado estimado em US$ 18,2 bilhões, o mais alto entre as novas empresas de tecnologia. Esse modelo inovador tem gerado a ira de taxistas no mundo todo, que acusam o Uber de violar leis e promover concorrência desleal. Não foi diferente no Brasil.
A Secretaria Municipal de Transportes do Rio de Janeiro solicitou uma investigação do serviço para a Delegacia de Repressão a Crimes de Informática. Já o Departamento de Transportes Públicos (DTP) da Secretaria Municipal de Transportes (SMT) de São Paulo diz que a proposta do Uber caracteriza um serviço clandestino de táxi.
"Não somos donos de uma frota de carros ou empregamos motoristas. Somos uma plataforma de tecnologia que conecta motoristas a passageiros. O governo aceita motoristas particulares há anos no Brasil", diz o diretor de comunicação do Uber, Lane Kasselman.
"Somos uma indústria totalmente nova. E as leis em vigor atualmente foram escritas há décadas, quando não existiam os smartphones", diz.
Para trabalhar para o Uber, o candidato precisa ter carteira de motorista profissional e seguros pessoal, para o carro e passageiros. Os selecionados passam por um treinamento curto sobre o padrão de atendimento (a empresa sugere que o motorista use roupas mais formais e ofereça água para os clientes).
"Temos diversos ex-motoristas de táxi trabalhando para nossa plataforma e adoramos", diz Kasselman. "Queremos oferecer uma alternativa melhor a eles. Em Bogotá, onde o app funciona desde outubro, os motoristas do Uber já ganham quatro vezes mais do que um taxista comum."
Diante das queixas das autoridades, a empresa afirma estar em contato com legisladores no Brasil para discutir a criação de novas leis nas quais o serviço se encaixe, mas a Secretaria Municipal de Transportes do Rio de Janeiro diz que não recebeu nenhum contato da companhia. A expansão do Uber tem sido marcada por polêmicas também com seus concorrentes.
Esta semana o app rival Lyft, que oferece serviço semelhante, acusou o Uber de solicitar e depois cancelar mais de 5 mil carros em sua plataforma com o objetivo de atrapalhar seus negócios.
"Essas acusações não são baseadas na realidade. O que fizemos foi uma promoção pedindo para nossos motoristas conquistar novos parceiros para o serviço em troca de crédito no Uber", diz Kasselman. No Brasil, a companhia diz não ter concorrentes a sua altura e oferecer uma proposta diferente da de apps de táxi como o Easy Taxi, presente também em outros países.
"O Easy Taxi não é uma empresa madura e ainda está procurando o seu modelo de negócio. Só porque você pode pedir por smartphone um táxi sujo que não o aceita cartão de crédito e não tem um motorista rude não significa que seja a mesma coisa que o Uber. Nós não somos um serviço de táxi", diz Kasselman.
Tecnologia
Os planos globais do Uber para o futuro incluem a criação de novos serviços e a utilização da big data gerada pelo app para tentar criar soluções mais inteligentes.
Nos EUA, o Uber já testa um serviço de carona onde duas pessoas podem dividir os custos de uma corrida e um serviço de coleta e entrega de produtos.
"Queremos oferecer um serviço que seja confiável e rápido em qualquer lugar do mundo que a pessoa estiver", diz Kaseelman. "Geramos muitos dados pelo app e podemos melhorar o tráfego com essas informações. Estamos fazendo experimentos para descobrir a melhor forma de fazer isso", diz.