Raphael Basseto, 24 anos, estudante de ciências da computação, está em casa, navegando pela web em banda larga. Pode parecer uma cena banal, mas ela tem uma peculiaridade. Basseto mora num sítio a 14 quilômetros da cidade mais próxima, que é Itatiba, interior de São Paulo - a 91 quilômetros da capital. Para chegar até lá, é preciso passar por cinco quilômetros de estrada de terra. Telefone, só o celular rural. E ele tem conexão banda larga. Isso mesmo! Graças ao acesso via satélite, esta cena já é possível.

O EasyBand é a primeira conexão em banda larga via satélite oferecida no Brasil. Ele chega aos usuários através de uma parceria entre a Star One, da Embratel, o UOL e a Gilat. A Star One oferece a conexão bidirecional via satélite, a Gilat oferece os equipamentos e o UOL é o primeiro provedor a disponibilizar o serviço.

A grande vantagem é que a banda larga via satélite chega a lugares onde as outras nem passam perto. Em alguns casos, os usuários têm a opção de se conectar por dial-up. Em outros, como o sítio em Itatiba, não há outra alternativa. Por essas e outras, INFO resolveu conferir o EasyBand em três pontos diferentes do estado de São Paulo. Dividimos os testes em download, streaming, navegação e suporte técnico.

Antes de tudo, é preciso lembrar que esse tipo de serviço sofre variações - muitas das quais podem não ter ocorrido durante nossos testes. Por isso, é prudente considerar as medições apenas como uma amostra. Os resultados não são generalizáveis.

Para verificar o quesito download, baixamos o ICQ, de 4.3 MB, e WinZip, de 1.7 MB. O tempo médio de download do ICQ foi de 132 segundos e o do WinZip, de 59,7 segundos. Apenas para uma comparação aproximada, fizemos os mesmos testes com uma conexão discada, aqui na redação da INFO. O download do ICQ levou 19 minutos, tempo 863% maior. O WinZip levou cerca de 6 minutos, ou 603% mais.

No item streaming, avaliamos vídeo e áudio. O streaming de áudio foi bem e alcançou um resultado médio de 17,82 KB/s. O de vídeo, no entanto, ficou com a média de 54,08 KB/s. Na conexão discada, a média atingida em streaming de vídeo foi de 26,17 KB/s, 50% inferior. Streaming de áudio? Tentamos cinco vezes e nada. Todas as operações foram abortadas.

No teste de navegação, o site do Yahoo! (www.yahoo.com.br), que é especialmente leve, precisou de 2,7 segundos para carregar via satélite. Aqui, com o nosso modem comum, ela demorou 26 segundos, ou 9,6 vezes mais.

O único quesito que não foi bem no teste foi suporte técnico. Tentamos entrar em contato com o UOL dez vezes. Em sete, a linha caiu na hora de transferir ao atendente. Nas outras três, porém, a espera não superou 15 segundos.

Depois dessa batelada de números, chegamos a uma conclusão: o EasyBand pode não ser excepcional para uma banda larga, mas vai bem além do acesso discado.

O único problema mais sério registrado nos testes foi em relação ao tempo. Como assim? Em um dos testes, caía uma tremenda chuva e a conexão ficou mais lenta. No entanto, não perdeu totalmente o sinal nenhuma vez.

Por enquanto, o EasyBand está disponível nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Até o final de fevereiro, ele deve cobrir todo o território nacional, com exceção da Amazônia, que não tem cobertura de satélite do serviço. Entusiasmado? Pois então prepare a carteira. Conexão via satélite, como quase toda tecnologia de ponta, é cara à beça.

Pré-requisitos do satélite
Para contar com a velocidade da web via satélite, não basta ter um computador. São necessárias uma antena receptora, um pouco maior do que as usadas por tevês por assinatura, e um modem grande. O preço da instalação do EasyBand, de 1199 reais, já inclui a antena e o modem. Além disso, é preciso pagar as mensalidades de 199 reais do EasyBand e de 68 reais do UOL para ter acesso rápido em um micro.