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A nova fase do Twitter

Com escritório recém-inaugurado em São Paulo, a rede social planeja dobrar o número de funcionários em dois anos

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Da Redação

Publicado em 12 de janeiro de 2015 às 15h10.

O carioca Guilherme Ribenboim passou os últimos dois anos buscando pessoas. Desde que assumiu o posto de diretor-geral do Twitter no Brasil, em novembro de 2012, sua missão é encontrar e montar um time capaz de extrair o máximo de um dos maiores mercados mundiais para rede social. Hoje, com dois escritórios no país, um no Rio de Janeiro e outro em São Paulo, Ribenboim ainda está longe de terminar sua busca. 

Com a inauguração da nova sede paulista da empresa, em novembro, o Twitter ganhou espaço para dobrar o tamanho de sua equipe e continuar a expansão internacional, que, recentemente, anunciou um novo braço de negócios voltado para aplicativos. Para isso, será preciso investir não apenas nos times de marketing e vendas, como foi feito até agora, mas também em uma nova equipe local de engenharia. Quem ocupar as vagas terá regalias como as vistas no Vale do Silício: sala de jogos, massagem, comida disponível 24 horas por dia e aulas de ioga durante o expediente. 

“Esse escritório foi planejado pensando nos próximos cinco anos, mas, pelo ritmo de crescimento, em dois ou três anos já estaremos cheios”, disse Ribenboim a INFO. “No último ano, já dobramos o número de funcionários. Somos mais de 60 pessoas e temos espaço para cerca de 120”, diz Ribenboim. A nova sede do Twitter ocupa dois andares de um prédio próximo à avenida Brigadeiro Faria Lima, um dos pontos comerciais mais valorizados de São Paulo. Os 2 227 metros quadrados levaram quatro meses para ser reformados e decorados com cores e objetos que fazem referência à rede social. Além de Larry, o passarinho símbolo da empresa, pendurado na parede de tijolos da recepção, uma grande escultura de árvore, construída com lascas de madeira, parece brotar do chão de concreto, cruzar o ambiente e perfurar o teto em direção ao andar de cima. Há também um letreiro com um #tamojunto em azul fluorescente, feito de lâmpadas neon, e um grande painel grafitado com imagens de pássaros ocupando toda a parede da área de almoço.

Apesar de elementos marcantes, o ambiente tem um visual clean, com áreas abertas e paredes de vidro, lembrando o escritório da empresa em São Francisco. “Recebemos algumas regras do time global de construção, mas a ideia era trazer elementos ligados ao Brasil e a São Paulo”, diz Thiago Azevedo, gerente de operações do Twitter no Brasil e responsável pela reforma. Nas duas microcozinhas azuis, uma em cada andar, há ladrilhos imitando as calçadas da capital paulista. Algumas salas de reunião foram batizadas com nomes de pássaros brasileiros, como Tuiuiú e Beija-Flor. Nas áreas de trabalho, o mobiliário é o mesmo para todos os cargos: uma bancada branca, dividida em mesas compartilhadas, e cadeiras pretas com recosto para a cabeça. Na mesa número 9 021, bem no meio do escritório, trabalha Guilherme Ribenboim. 

“Essa arquitetura aberta, em que todo mundo está no meio de todo mundo, facilita a comunicação”, diz -Mariabrisa Olivares, diretora de recursos humanos do Twitter para a América Latina . “A ideia é que as pessoas possam abordar qualquer um sem precisar marcar uma reunião. Um tuíte dura 1 segundo. Temos de acompanhar essa velocidade.” 

O ritmo acelerado no país pode ser explicado pelos números. Oficialmente, o Twitter divulga que tem 284 milhões de usuários ativos no mundo, mas dados da consultoria Semiocast colocam o Brasil como segundo mais popular da plataforma, atrás apenas dos Estados Unidos. “O Twitter sempre teve uma visão muito clara do potencial do Brasil. Além do grande número de usuários, o mercado publicitário é muito desenvolvido por aqui”, diz Ribenboim. 

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Uma das atividades mais promissoras do Twitter no país é a parceria com grupos de mídia e celebridades. A área é controlada pelo time do escritório no Rio de Janeiro, e seu principal foco é criar soluções integradas com a programação da TV. “Na Copa do Mundo, por exemplo, tivemos 30 marcas anunciando no Twitter, sendo que 17 fizeram cobertura do conteúdo da TV em tempo real. É mais do que acontece no Super Bowl”, diz Ribenboim, citando a final do campeonato de futebol americano, um dos eventos mais assistidos do mundo. “Isso mostra o tamanho das oportunidades. O brasileiro gosta de rede social. O mercado publicitário gosta de inovação.”

É por isso que Ribenboim se prepara para oferecer no Brasil suporte às últimas novidades da empresa. Em outubro, o Twitter apresentou a -Fabric, um kit de soluções para desenvolvedores de aplicativos. O anúncio sinaliza o primeiro grande passo da empresa para fora das redes sociais. “Nosso objetivo é construir ferramentas que resolvam problemas de todos os apps” disse a INFO o americano Jeff Siebert, diretor de plataformas mobile no Twitter, na ocasião do lançamento. 

A ideia é que qualquer aplicativo, mesmo que não tenha nenhum tipo de função integrada ao Twitter, possa usar a Fabric para melhorar a experiência do usuário e aumentar suas formas de monetização. Há ferramentas agrupadas em três grandes kits: aquelas que ajudam a identificar erros no código dos aplicativos (Crashlytics Kit), as que encontram as plataformas mais rentáveis para anúncios -(MoPub Kit) e também as que facilitam a integração com a própria rede social (Twitter Kit). “Temos um engenheiro de plataforma que é responsável por ajudar a comunidade desenvolvedora. Mas acredito que, em breve, teremos uma área de engenharia maior, com foco em achar oportunidades para os parceiros locais”, afirma Ribenboim.

Hoje é Luis Cipriani, 33 anos, quem ocupa o cargo de gerente de relacionamento de desenvolvedores do Twitter para a América Latina. Além de organizar maratonas de programação e participar de eventos de software pelo país, Cipriani é a ponte entre as equipes de engenharia dos Estados Unidos e esses usuários locais. “Meu trabalho é eliminar barreiras. Ajudo a criar um produto e mostro exemplos de códigos”, diz Cipriani. “Com a Fabric, aumentam as possibilidades da plataforma, e a tendência é ter mais pessoas no time. Com isso, poderemos trabalhar em outras frentes, como desenvolver programas mais estruturados para auxiliar startups”, afirma. 

A estratégia para divulgar a -Fabric no país continua sendo a mesma adotada para conquistar o mercado publicitário. “Como toda nova plataforma, cases são fundamentais. A gente precisa construir exemplos para apresentar às agências e aos desenvolvedores”, diz Ribenboim. Mas para que isso aconteça o diretor-geral do Twitter está de volta ao mesmo ponto de onde partiu dois anos atrás: precisa encontrar pessoas. “Além de habilidades técnicas, queremos gente que demonstre paixão pelas coisas”, diz Mariabrisa, diretora de RH. Aos interessados, ela dá a dica: “Nosso processo seletivo é aberto, e todas as oportunidades estão online (about.twitter.com/careers/positions). Também sou bombardeada no LinkedIn e acho ótimo. Afinal, tenho muitas vagas para preencher.” Com certeza interessados não faltarão. 

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