Tecnologia

A era do chip implantável

Brasileiros se ofereceram para testar os chips de identificação pessoal. Objetivo: mais segurança

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h39.

Uma das mais novas tendências em curso nos Estados Unidos envolve tecnologias de segurança, com novas empresas sendo criadas e empresas estabelecidas ganhando notoriedade. As razões para esse súbito interesse em segurança são óbvias e uma nova palavra parece ganhar um lugar permanente nos dicionários. Trata-se de "nine-one-one", em geral escrita como 9-11 ou 911, e se refere aos nefastos eventos de 11 de setembro do ano passado.

Quando se dá ênfase a tecnologias especializadas como segurança, acaba-se gerando o aparecimento de produtos desenvolvidos por causa da tendência. Muitos desses produtos são criados pelos militares ou outros setores do governo e, em geral, não são comercializados imediatamente. Só quando os empreendedores conseguem pôr a mão nessas invenções é que elas se tornam produtos utilizáveis pelo consumidor comum. A demonstração mais clara disso foi dada pelo programa espacial da Nasa e do governo americano. Dele resultaram muitas tecnologias de chips hoje usadas por todo mundo.

Por volta de 11 de setembro, anunciou-se a criação de chips implantáveis sob a pele que, no futuro, facilitariam a identificação de qualquer pessoa, além de permitir sua localização. Antes daquela data, todo mundo pensou que um tal chip seria uma intolerável invasão de privacidade.

Logo se imaginou que certas classes sociais ou raças poderiam ser discriminadas com o uso de uma tecnologia desse tipo. Depois, essas considerações foram esquecidas e agora o chip é visto como uma "boa idéia". Enquanto os americanos tentavam decidir se se trata de uma boa ou má tecnologia, cidadãos de outros países se ofereceram como voluntários para utilizá-la e receber o implante.

O Brasil está no topo da lista. Os primeiros "chipados" (um termo emergente que significa ter um chip implantado no corpo) foram quatro cidadãos da Flórida, mas autoridades brasileiras estão vindo para os EUA para receber o implante, devido à recente onda de seqüestros em São Paulo. Segundo fontes, ocorre um seqüestro a cada 35 horas na cidade. Tenho certeza de que isso não é um bom cartão-postal para o turismo. Boa parte da América Latina sofre com esse problema.

Na Cidade do México, alguns anos atrás, contaram-me que lá poucas pessoas que têm dinheiro se arriscam a dirigir um Mercedes. Para não se tornar alvos de seqüestradores, os endinheirados optam por velhos Fords e Volkswagens.O chip implantável é desenvolvido pela Applied Digital Solutions, de Palm Beach, Flórida. É um pequeno dispositivo em formato de cápsula chamado VeriChip. Ele incorpora chips conhecidos como radio-frequency identification (RFID) e um transmissor embutido num pacote de silicone e vidro, com11 milímetros de comprimento por 2 de largura. Sua utilização original deveria ser a coleta de informações médicas, a fim de identificar portadores de doenças como diabetes. Agora está surgindo o uso do VeriChip como instrumento de identificação pessoal.

Embora esse chip não inclua um circuito de rastreamento no estilo GPS para localizar pessoas a longa distância, acredita-se que seja apenas uma questão de tempo até que novas versões incluam essa capacidade. Basta que o primeiro chip seja aceito pelo público e logo virão outros, inclusive para ser usados contra seqüestros e outros crimes. Na verdade, quando essa tecnologia estiver em toda parte, os criminosos também terão acesso a ela e serão capazes de desabilitar o dispositivo implantado nas vítimas de seqüestro.

Tecnologias de rastreamento como essas só funcionam se não forem muito populares. Nos EUA existe um sistema anti-roubo automático chamado Lojak, que é um pequeno transmissor que sempre informa onde está o carro. Como se trata de uma solução cara, esse aparelho é eficaz porque poucos automóveis o têm e os ladrões não esperam encontrá-lo. Se todos os carros tivessem o Lojak, a primeira coisa que um ladrão faria seria encontrá-lo e desativá-lo. Assim, as vantagens da tecnologia seriam reduzidas a zero. Nesse nível, ou a tecnologia morre porque não tem outros usos ou se torna universal e, portanto, não confere vantagem.

Hoje a computação de mesa aponta para a universalidade. Embora ela não ofereça mais uma vantagem competitiva, ninguém quer usaruma máquina de escrever ou fazer contabilidade manualmente. O chip implantado pode assumir um rumo similar. Poderá parecer normal monitorar as crianças com essa tecnologia ou entrar e sair das lojas e efetuar transações em tempo real, já que você está sendo rastreado. Imagino que certas pessoas vão enxergar tudo isso como algo muito chique e esperto. Pessoalmente, não gosto desse tipo de coisa porque, invariavelmente, leva ao fascismo.

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