Tecnologia

A encruzilhada do Google após a compra da Motorola

Com uma fábrica de celulares e tablets nas mãos, o gigante manterá parcerias com fabricantes? Ou apostará no desenvolvimento de aparelhos próprios?

Celular Motorola com logo do Google (Reuters)

Celular Motorola com logo do Google (Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de agosto de 2011 às 20h42.

São Paulo - O Google deixou claro, ao anunciar a compra da Motorola Mobility, nesta segunda-feira, que está de olho nas patentes pertencentes à sua nova aquisição. Larry Page, CEO da companhia, foi claro a respeito: "A aquisição da Motorola vai aumentar nossa competitividade por meio do reforço à carteira de patentes do Google. Isso nos ajudará a proteger melhor o Android de ameaças vindas da Microsoft, Apple e outras companhias."

Analistas concordam que, de posse da propriedade das invenções da Motorola, o Google fortalecerá o Android, seu sistema operacional para dispositivos móveis, evitando reclamações judiciais e pagamentos de royalties a donos das patentes (a Microsoft, por exemplo). Paira no ar, contudo, uma dúvida: com uma fábrica de celulares e tablets nas mãos, a Motorola Mobility, manterá parcerias com fabricantes como HTC, Sony Ericsson e Samsung, que alimentam seus celulares e tablets com Android? Ou apostará suas fichas no desenvolvimento de aparelhos próprios?

Page fez questão de acalmar os ânimos de parceiros, tentando afastar a segunda hipótese. Afirmou que as duas companhias (Google e Motorola) seguirão independentes. Prevendo a especulação, adiantou declarações positivas dos principais parceiros do Android, que se mostraram otimistas em relação à nova aquisição. É também a visão de Fernando Belfort, analista sênior da consultoria Frost & Sullivan: "O Google não quer aprender a fabricar hardware e nem competir com as fabricantes. O que ele quer é aprimorar seu sistema operacional e, assim, oferecer um produto melhor a seu usuário", diz.

De fato, as cerca de 17.000 patentes adquiridas pelo Google com a compra da Motorola devem dar ao gigante de buscas uma posição confortável frente à concorrência. Além de facilitar o desenvolvimento de novas ferramentas, que não exigiriam o pagamento de royalties aos donos das tecnologias, a empresa ainda poderia retirar dos parceiros do Android o ônus de pagar direito de propriedade intelectual a outras companhias. Vale lembrar, atualmente o Android está presente em 43% dos smartphones de todo mundo.

Apesar das evidências de que esse é o caminho planejado, não falta quem aponte que o fato de o gigante agora dominar software e hardware levará naturalmente ao desenvolvimento de celulares e tablets Google. E isso criaria uma situação completamente nova: ao invés de parceiro de empresas que usam o Android, o gigante passaria a ser um competidor.


O curioso é que essa hipótese poderia abrir uma brecha para um grande rival do Google: a Microsoft e seu sistema operacional para dispositivos móveis, Windows Mobile Phone. Pressionadas pelo novo competidor, HTC, Sony Ericsson e Samsung poderiam, em tese, abandonar o barco do Android e abraçar o sistema da Microsoft. "Esse seria um ótimo momento para o crescimento de uma terceira plataforma", diz Bruno Freitas, analista de mercado da IDC Brasil.

Sobre a Microsoft, aliás, circula no mercado de tecnologia o boato de que a empresa criada por Bill Gates alimenta planos semelhantes aos do Google: comprar sua fábrica de dispositivos. Nesse caso, em lugar da Motorola, seria a vez da Nokia, com quem a Microsoft mantém estreito relacionamento, fornecendo o Windows Mobile Phone aos smartphones da companhia finlandesa. Se essa previsão se concretizar em meio à guerra de gigantes, o movimetno do Google pode favorecer o adversário.

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