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A ByteDance, dona do TikTok, está pronta para o IPO? Nem a empresa sabe

A gigante chinesa, avaliada em mais de US$ 300 bilhões, enfrenta obstáculos políticos e regulatórios que podem impedir sua estreia no mercado de ações

Julie Gao: a experiente CFO da ByteDance

Julie Gao: a experiente CFO da ByteDance

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 11 de outubro de 2024 às 10h55.

Última atualização em 11 de outubro de 2024 às 12h06.

E se o IPO da ByteDance nunca sair do papel? Essa dúvida se tornou constante entre investidores, à medida que a empresa, uma das startups mais valiosas do mundo, enfrenta obstáculos regulatórios e geopolíticos que bloqueiam sua estreia no mercado de ações.

A ByteDance, avaliada em mais de US$ 300 bilhões, parecia pronta para abrir capital, mas questões como a pressão do governo dos Estados Unidos para banir ou forçar a venda do TikTok trouxeram novas incertezas.

Em 2021, a expectativa de um IPO estava alta. A empresa acreditava estar perto de um acordo com o Comitê de Investimento Estrangeiro dos Estados Unidos (CFIUS), que vinha revisando o TikTok sob a ótica de segurança nacional.

No entanto, o ambiente político foi mal calculado. O Congresso americano, em abril de 2023, aprovou rapidamente uma lei que ameaça diretamente o futuro do TikTok nos EUA, interrompendo quaisquer planos de listagem pública da ByteDance.

A legislação forçou a ByteDance a recorrer aos tribunais na tentativa de bloquear a medida, enquanto seus líderes revisavam as estratégias de expansão.

Mesmo com essa crise, a ByteDance continuou aprimorando sua estrutura interna, reorganizando sua relação com investidores para se aproximar dos padrões de empresas públicas.

A CFO, Julie Gao, implementou uma série de melhorias, como reuniões trimestrais e uma equipe dedicada a atender acionistas.

Gao parece agradar os investidores, dado o seu histórico com IPOs na Ásia, ajudando gigantes como JD.com e Meituan a abrir capital. Com formação jurídica pela Universidade de Pequim e doutorado pela UCLA, Gao passou mais de duas décadas no setor jurídico, trabalhando em empresas como Latham & Watkins e Skadden, onde liderou importantes ofertas públicas de startups de tecnologia.

Contudo, nem o perfil experiente como o de Gao consegue lidar com as *tensões* geopolíticas. O principal ponto permanece: como a ByteDance conseguirá resolver a ameaça regulatória nos EUA, o maior mercado do TikTok fora da China.

Crise em casa

Internamente, a ByteDance também enfrenta desafios. A empresa precisou ajustar seu foco, como fez ao reduzir sua divisão de videogames no ano passado.

A necessidade de eficiência tornou-se ainda mais evidente, já que o IPO, que era visto como um caminho natural para gerar liquidez e fortalecer a estrutura financeira, continua sem previsão de acontecer.

Para os investidores, o grande problema agora não é mais apenas quando a ByteDance abrirá seu capital, mas se o fará. Com bilhões de dólares já captados em rodadas de financiamento privado, a pressão por liquidez cresce.

Ao mesmo tempo, a situação geopolítica e regulatória dos Estados Unidos e da China coloca a empresa numa encruzilhada, onde sua tão esperada estreia no mercado pode ser postergada indefinidamente.

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