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A ByteDance, dona do TikTok, está pronta para o IPO? Nem a empresa sabe

A gigante chinesa, avaliada em mais de US$ 300 bilhões, enfrenta obstáculos políticos e regulatórios que podem impedir sua estreia no mercado de ações

Julie Gao: a experiente CFO da ByteDance (TikTok/Divulgação)

Julie Gao: a experiente CFO da ByteDance (TikTok/Divulgação)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 11 de outubro de 2024 às 10h55.

Última atualização em 11 de outubro de 2024 às 19h36.

E se a estreia na bolsa de valores da ByteDance nunca sair do papel? Essa dúvida se tornou constante entre investidores da empresa, à medida que a startup, uma das mais valiosas do mundo, enfrenta obstáculos regulatórios e geopolíticos que bloqueiam sua estreia no mercado de ações.

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Julie Gao, CFO da ByteDance, é uma figura central para conseguir responder se a oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês) irá ocorre no curto ou longo prazo. Com formação jurídica pela Universidade de Pequim e doutorado pela UCLA, Gao passou mais de duas décadas no setor jurídico trabalhando nas entranhas financeiras de empresas como a JD.com e Meituan.

Na década de 2010, Gao reforçou a presença da Skadden em Hong Kong e na China continental, tornando-a a principal consultora jurídica para IPOs chineses nos EUA e em Hong Kong, à medida que a onda de acordos de empresas estatais recuava e as empresas de tecnologia assumiam o centro das atenções. No processo, ela também construiu uma marca para si mesma.

Contudo, nem o perfil experiente como o de Gao tem sido o suficiente para amenizar as tensões geopolíticas. O principal ponto permanece: nem a ByteDance sabe se conseguirá resolver a ameaça regulatória.

Atualmente, a companhia é avaliada em mais de US$ 300 bilhões e tem alguns braços em setores importantes como inteligência artificial, fabricação de chips e realidade virtual.

Como o balanço não é público, os investidores que aguardam o IPO tentam se localizar pela impacto que a marca TikTok tem em negócios consolidados como o Google e Meta. Mas o tempo pelo qual a empresa já gastou para tentar se ajustar preocupa.

Em 2020, na gestão Trump, a controladora entrou pela primeira vez no radar das autoridades americanas em meio a guerra comercial fortificada pelo republicano contra Pequim. Na época, para escapar do encalço, a chinesa se dispôs a transferir a gestão dos dados do ocidente para a americana Oracle, e, em medida de boa vizinhança, se disse aberta a ser vendida para uma holding dos EUA.

Em 2021, acreditava-se que o TikTok estava perto de um acordo com o Comitê de Investimento Estrangeiro dos Estados Unidos (CFIUS), que vinha revisando a situação sob a ótica de segurança nacional.

No entanto, o ambiente político foi mal calculado. O Congresso americano, em abril de 2023, aprovou rapidamente uma lei que ameaça diretamente o futuro do TikTok nos EUA, e interrompendo indefinidamente quaisquer planos de listagem pública da ByteDance.

De lá pra cá, a ByteDance seguiu pressionada e viu que o sucesso entre o público não seria suficiente para prosperar na América. A razão segue a mesma de anos atrás: o app é um triunfo tecnológico da China e as autoridades de Washington temem que Pequim possa subverter o aplicativo.

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Internamente, a ByteDance também enfrenta desafios. A empresa precisou ajustar seu foco, como fez ao reduzir sua divisão de videogames no ano passado.

Para os investidores, o grande problema agora não é mais apenas quando a ByteDance abrirá seu capital, mas se o fará. Com bilhões de dólares já captados em rodadas de financiamento privado, a pressão por liquidez cresce. Nesse cenário, o IPO fica cada vez mais distante.

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