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Vale a pena investir em ações que valem centavos?

Internauta pergunta quantas penny stocks existem hoje na Bolsa brasileira


	Moedas de dólar: Internauta pergunta quantas penny stocks existem hoje na Bolsa brasileira
 (Alex Wong/Getty Images)

Moedas de dólar: Internauta pergunta quantas penny stocks existem hoje na Bolsa brasileira (Alex Wong/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2014 às 08h35.

Dúvida do internauta: Vale a pena investir em ações que custam centavos? Quantos ativos desse tipo existem hoje no Brasil? 

Resposta de Fabiano Pessanha*

Jovens investidores brasileiros que buscam ganhos rápidos no mercado financeiro vêm sendo atraídos pelo investimento em ações que valem centavos. A curiosidade aumentou por conta de um caso que se tornou conhecido no início desse ano. 

Entre 2009 e 2013 um jovem canadense manipulou o mercado das chamadas penny stocks, ações que valem centavos e raramente são negociadas na bolsa de valores.

Depois de comprar esses papéis, o investidor passou a enviar análises por e-mail que incentivavam outros investidores a comprar as ações. 

A estratégia deu certo. Quanto mais investidores compraram as ações, mais os preços dos papéis subiram. Isso aconteceu porque como esses ativos têm um nível baixíssimo de negociações, e mesmo um pequeno movimento de compra pode gerar fortes altas nos papéis.

Uma das ações compradas pelo canadense valorizou mais de 500 milhões de dólares em apenas 2 meses.

O jovem conseguiu então vender os papéis a preços bem mais altos do que pelos quais havia comprado. Quando parou de enviar e-mails aos investidores, o preço dessas ações voltou a cair.

Ele ficou rico, está foragido e é procurado policia internacional. Provavelmente, vive hoje em um paraíso fiscal.

Outro caso, que se transformou no filme O Lobo e Wall Street, é a história de Jordan Belfort. O americano ficou rico negociando penny stocks e ao fraudar dados para aumentar a atratividade de ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) de pequenas empresas.

Belfort foi condenado a 22 meses de prisão e ao pagamento de 110 milhões de dólares para as vitimas de suas fraudes.

As corretoras podem enviar para seus clientes recomendações de compra e venda das ações, mas não podem utilizar sua capacidade de influenciar clientes para manipular a Bolsa com informações falsas, tanto nos Estados Unidos, como no Brasil.

A legislação sobre penny stocks está passando por mudanças no país. As empresas terão até agosto de 2015 para se adaptarem a regras mais rígidas sobre comercialização desses papéis.

O objetivo da BM&FBovespa é evitar o aparecimento de um caso semelhante ao da OGX, empresa de petróleo do ex-bilionário Eike Batista.

Como as ações da empresa de Eike eram muito negociadas, e passaram rapidamente a valer muito pouco, os papéis distorceram a variação de diversos índices de ações sem que nada a Bolsa brasileira pudesse fazer, o que levou muitos investidores a ter prejuízos.

Mas vale a pena investir em penny stocks?

Muitas das ações que valem centavos são de empresas que estão passando por um período turbulento ou por uma recuperação judicial.

Alguns investidores, cientes dessas dificuldades, acreditam que uma boa estratégia é comprar algumas dessas ações com a esperança de multiplicar o dinheiro investido caso a empresa se recupere financeiramente.

Mas eles também podem ter prejuízo. Além do risco de falência da empresa, ele pode não encontrar compradores ou vendedores para as ações, os papéis são muito voláteis e essas transações têm custos.

Portanto, se você tem problemas de coração, ou simplesmente busca realizar investimentos seguros, a minha recomendação, como gestor patrimonial, é fugir desse perfil de ações.

Mas se você ouviu a música do rei Roberto Carlos e está em busca de fortes emoções, a aplicação financeira pode ser uma oportunidade de obter fortes emoções, mas não de ficar rico.

E pasme, a bolsa brasileira tem hoje aproximadamente 50 ações que valem centavos. 

O mercado de ações é tão perigoso assim?

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*Fabiano Pessanha, CFP é gerente comercial da Geração Futuro Corretora de Valores e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner) concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF). Também é responsável pela criação de programas de benefícios e educação financeira em diversas empresas brasileiras.

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