Minhas Finanças

7 conselhos de Gustavo Cerbasi para o casal realizar seus sonhos

Em seu novo livro voltado para casais, o autor de best-sellers sobre finanças pessoais mostra onde acertam os casais com inteligência para enriquecer

"Popstar" Gustavo Cerbasi ensina a poupar

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Da Redação

Publicado em 21 de maio de 2012 às 06h36.

São Paulo – Em seu novo livro “Os segredos dos casais inteligentes”, o consultor financeiro Gustavo Cerbasi aconselha os casais a unirem sua renda, seu patrimônio e - por que não - suas contas bancárias, para, juntos, alcançarem os sonhos do casal. Sonhos estimulantes para ambos, e que não passem por cima, necessariamente, dos sonhos individuais de cada um.

O autor do best-seller “Casais inteligentes enriquecem juntos” diz ter decidido escrever esse novo livro para responder às dúvidas dos leitores do livro anterior que ainda não tinham sido bem atendidas. “O ‘Casais inteligentes’ é bem resolvido, mas não foram bem atendidas as situações dos casais que têm situações financeiras mais complexas. Casais empresários – ou em que um dos dois é empresário –, casais que passam por uma transformação significativa na carreira de um dos dois, ou em que um dos cônjuges já tem filhos do primeiro casamento”, explica Cerbasi, em entrevista a EXAME.com.

Conheça a seguir algumas das dicas de Gustavo Cerbasi presentes no novo livro e os principais trechos da entrevista:

É preciso unir as contas bancárias?

Em seu livro, Cerbasi destaca que os casais que têm sucesso financeiro normalmente unem seus patrimônios em um mesmo bolo – quando não as próprias contas bancárias. Sua sugestão é unir as rendas para arcar com todas as despesas da família e com a poupança para os diferentes objetivos, separando uma espécie de mesada individual, igual para os dois, para que cada cônjuge gaste como bem entender ao longo do mês.

Se os cônjuges já tiverem filhos de casamentos anteriores, as despesas com eles devem ser consideradas despesas pessoais e sair dessa “mesada”. Se apenas um já tiver filhos, o outro cônjuge deve receber uma parcela correspondente às despesas com os enteados como forma de “mesada” individual. Mas no caso de esta pessoa reconhecer que sua parcela de uso próprio está muito elevada, essa quantia pode ser usada para uma finalidade como o lazer o casal.

A ideia aqui é tentar manter a individualidade de cada membro do casal, ao mesmo tempo em que é mantida a igualdade. Mesmo quando um ganha mais do que o outro. Para Cerbasi, não é imperativo que se unam as contas bancárias, até porque, por questões de trabalho, nem sempre isso é possível. Mas ele lembra que uma conta por onde passe uma renda maior possibilita aos titulares pagar menos tarifas e obter crédito mais barato, além de outros serviços diferenciados no banco.

“A concentração de recursos possibilita ao casal conseguir melhores investimentos, crédito, flexibilidade para pagar impostos. Mas mesmo que as contas fiquem separadas, o que deve ser unido é o planejamento financeiro”, explica Cerbasi. Ou seja, mesmo que cada um ainda mantenha suas próprias contas e aplicações financeiras, o planejamento familiar deve ser único, e os recursos devem ser unidos para honrá-lo, diz o autor.


E se a diferença de renda entre os cônjuges for grande?

Gustavo Cerbasi não ignora que a diferença de renda entre os membros do casal possa ser grande ou que os casamentos possam dar errado. Unir as rendas e o planejamento, porém, nada tem a ver com casar em comunhão total ou parcial de bens. Para ele, o regime de bens deve ser cuidadosamente escolhido pelo casal, e pode ser o de separação total, se assim lhes aprouver.

“Se o casamento não vai adiante, que prevaleça a amizade. Não devem ser criados mecanismos que dificultem o divórcio se este for o melhor caminho. Se a diferença de renda entre os cônjuges é grande, é razoável casar em separação total de bens. Agora, quando as pessoas se propõem a construir uma relação em comunhão parcial de bens, é justo que, em caso de separação, quem tem menos renda seja mais indenizado, pois esta é a pessoa que tem mais a perder no divórcio”, diz.

De qualquer maneira, Cerbasi defende que, independentemente de quem ganha mais, ambos devem contribuir para o orçamento da família, em vez de deixar por conta daquele que tem a maior renda a responsabilidade de arcar com os gastos fixos e essenciais. A orientação, aliás, é que os gastos fixos caibam no menor salário, deixando para o maior salário as porções dedicadas à poupança familiar e ao lazer.

Como a ideia é tratar toda a renda como uma coisa só – mesmo que as contas sejam separadas – do que sobrar vai sair a “mesada” de cada um, em valor igual. Esse tipo de planejamento, diz o autor, evita um grande baque no padrão de vida caso aquele que tem o maior salário perca o emprego. E também evita a desigualdade dentro da mesma família, com um rico e um pobre vivendo sob o mesmo teto.

Juntar as contas significa socializar as dívidas?

Mas e quando um dos cônjuges gasta descontroladamente e até se endivida, enquanto o outro é contido e poupa? O justo pode acabar pagando pelo pecador e ficar com dívidas em seu nome em caso de contas conjuntas. Nessas situações, antes de procurar uma solução para o cônjuge indisciplinado, Cerbasi aconselha a separar as contas: “Quando percebe a ameaça, o casal deve separar as contas. Mas é preciso ser capaz de antever o problema”, diz. Mais uma vez, mais importante que a união física da renda, é a união do orçamento e do planejamento.

E se um dos dois for dependente ou “encostado”?

Nem todo mundo gosta de planejar as finanças. Embora seja aconselhável se esforçar para aprender a lidar com planejamento financeiro e investir, fato é que nem todos vão se dispor a isso, pelos mais variados motivos. Se um dos cônjuges é desse tipo e delega ao outro toda a responsabilidade do planejamento financeiro da família, é preciso tomar um cuidado especial. Aquele que não gosta muito de números pode acabar se tornando dependente, e no dia em que precisar tomar as rédeas de sua vida financeira – na falta do outro, por qualquer motivo que seja – se verá perdido, sem saber por onde começar.

Para evitar isso, Cerbasi aconselha o casal a manter um canal de comunicação eficiente, com relatórios regulares do que está sendo feito no planejamento financeiro. “Se o departamento financeiro de uma empresa tiver que se comunicar com a área de marketing, fará isso por meio de um relatório. Se um dos cônjuges é responsável por tocar as finanças do casal, tem que haver uma conversa mensal para tratar, de maneira objetiva, os pontos principais do planejamento”, exemplifica.


Ele diz que não é preciso que um imponha ao outro a obrigação de se envolver. Mas sim que é fundamental uma rotina formal de comunicação. “Até porque esse casal vai ter que, depois, educar financeiramente os filhos”, conclui. Na opinião dele, a falta de comunicação é um dos maiores erros dos casais na hora de planejar as finanças, e pode levar ao que ele chama de “infidelidade financeira”: omissão de gastos para evitar brigas, não saber quanto o outro ganha ou para onde o dinheiro está indo.

Se um dos dois for assumir para si a tarefa de tocar as finanças da família, Cerbasi aconselha que seja a pessoa que mais frequentemente toma as decisões financeiras. Deixar o planejamento das despesas na mão de quem decide menos no dia a dia é, segundo Cerbasi, o segundo maior erro dos casais. “Não adianta o homem planejar os gastos se é a mulher, por exemplo, quem decide a maior parte das compras da casa”, exemplifica. Quem executa o orçamento terá mais condições de deixar as contas equilibradas se for também o responsável pelo planejamento.

Calma para comprar a casa própria

Embora não seja contrário à ideia de ter casa própria, Cerbasi é contra apressar essa decisão e comprar um imóvel no momento errado. Para ele, os casais tentam realizar essa compra o mais rápido possível, o que pode ser desastroso para quem é jovem e está em início de carreira. “Ao estabelecer uma moradia fixa pelos próximos 20 ou 25 anos, você limita as suas possibilidades de trabalho”, diz Cerbasi.

O casal tem menos flexibilidade para aceitar um emprego em outra cidade ou tentar uma oportunidade de trabalho mais arrojada, que pode dar errado, simplesmente porque já comprometeu seu ainda magro orçamento com a dívida pesada e longa de um financiamento habitacional. “Você precisa optar por empregos mais estáveis, que pagam menos, até. Pois se algo der errado, não tem margem de manobra para dar um passo atrás e recomeçar. Os jovens que mais crescem na carreira são aqueles com um consumo mais flexível”, observa.

Converse sobre os tabus financeiros

É fundamental conversar com o companheiro sobre a eventual falta de um dos dois por morte, invalidez ou doença grave, sobre divórcio, e até sobre a possibilidade de um filho não nascer com saúde. Ninguém gosta de conversar sobre esse tipo de coisa, mas traçar planos alternativos para essas eventualidades possibilita ao casal contratar seguros e planos de saúde mais interessantes.

Cerbasi aconselha os casais a tirarem a primeira semana de suas férias para discutir os assuntos menos agradáveis, nunca abordados nos momentos de lazer. “Eu vejo que as pessoas não encaram mais esses assuntos como tabus, mas elas têm pouco tempo para discuti-los. Já falta tempo para o relacionamento, para falar dos filhos, cuidar de si mesmo ou preparar uma noite especial. Então a conversa sobre os assuntos desagradáveis é acaba deixada para um segundo momento”, opina o consultor.

Como começar a falar de dinheiro?

Casais com relacionamentos já maduros – e que talvez já tenham problemas, como o da “infidelidade financeira” – podem sentir que começar a falar de um planejamento conjunto mais disciplinado a essa altura do campeonato soe meio forçado. Para ultrapassar essa barreira, Cerbasi aconselha a iniciar a conversa com um amigo casado ou mesmo com outro casal. “Pode começar como uma conversa entre dois casais. Será bom para ver que, no início, é difícil mesmo. É como a prática de exercícios. Começar a correr em grupo é mais estimulante do que correr sozinho”, compara.

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