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Estes robôs estão programados para ajudar você a ganhar dinheiro

“Robo-advisors” têm ganhado espaço entre os que buscam retorno maior sem ter que decidir, por conta própria, qual é a melhor opção de investimento

Robo-advisors: Interface "amigável" facilita a expansão desse tipo de plataforma (Zapp2Photo/Thinkstock)

Robo-advisors: Interface "amigável" facilita a expansão desse tipo de plataforma (Zapp2Photo/Thinkstock)

Anderson Figo

Anderson Figo

Publicado em 20 de setembro de 2017 às 05h00.

Última atualização em 21 de setembro de 2017 às 11h13.

São Paulo — Bastante comuns no exterior, os “robo-advisors” têm ganhado cada vez mais espaço entre os investidores brasileiros que buscam ampliar o retorno de suas aplicações sem ter que decidir, por conta própria, qual é a melhor opção de investimento.

São plataformas online que, através da análise inteligente de informações pessoais fornecidas pelos investidores, conseguem definir qual o portfólio ideal para cada um, levando em consideração o objetivo, prazo desejado, recursos disponíveis e o nível de risco tolerado.

“O ‘robo-advisor’ é um nome moderninho para uma carteira de investimentos administrada de forma automática”, diz o consultor financeiro André Massaro, autor do blog Você e o Dinheiro. “Quando se fala em carteira administrada você associa a clientes de altíssima renda, que têm um administrador para suas aplicações. Mas os robôs democratizaram isso. Todo mundo pode ter alguém cuidando de seus investimentos, ainda que não seja alguém de carne e osso.”

Para o planejador financeiro e diretor da Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros) Eduardo Forestieri, os robôs podem ser uma parte importante do planejamento financeiro das pessoas, especialmente porque ajudam na hora de decidir a alocação de recursos, o que costuma gerar certa “preguiça”.

“É como perder peso. Eu normalmente sei o que eu preciso fazer para emagrecer, mas nem sempre consigo colocar em prática. Gasto algum dinheiro para ter alguém que me ajude a chegar lá”, afirma o planejador. “Se eu já tiver disciplina, conhecer o mercado e tiver tempo para fazer as aplicações por conta própria, então não preciso dos robôs. Caso contrário, eles são uma ferramenta interessante.”

“Mas é importante lembrar que os robôs são apenas parte de um sistema de planejamento financeiro. Antes de pensar em investir, as pessoas têm de ter noção de quanto ganham, quais são seus gastos e quanto elas conseguem poupar”, completa Forestieri.

Robô amigo

A roupagem “amigável” dos robôs facilita sua aceitação. A plataforma da Vérios, por exemplo, é chamada de Ueslei. Com pouco mais de um ano de vida, Ueslei já fez mais de 120 mil planos de investimento e é considerado integrante do quadro de funcionários da startup, ao lado de seus colegas humanos.

“Qualquer pessoa pode criar um plano de investimento gratuitamente através do Ueslei. Se depois ela quiser dar continuidade ao processo e fazer as aplicações, terá de abrir uma conta”, explica Felipe Sotto-Maior, CEO da startup. A Vérios faz a gestão de mais de 130 milhões de reais.

Os portfólios gerados pelo Ueslei são compostos por títulos públicos (Tesouro Direto) e ETFs (exchange-traded funds —fundos de índices) brasileiros e americanos. A Vérios optou por deixar de aplicar em fundos por causa do custo e da burocracia. A startup também não inclui em suas carteiras títulos de crédito. Pelo serviço do Ueslei, é cobrada uma taxa de 0,95% ao ano sobre o patrimônio investido. O valor embute todos os custos da operação e a aplicação mínima inicial é de 12 mil reais.

“No geral, os portfólios da Vérios são conservadores, o que os protegem de oscilações bruscas de mercado, mas temos cinco níveis de risco que variam de acordo com cada cliente. Quando a pessoa deseja aumentar o seu nível de risco, nós tentamos conversar com ela e entender se isso é de fato indicado. É uma decisão importante, que não deve ser feita a esmo”, diz Sotto-Maior.

Felipe Sotto-Maior, CEO da Vérios

Felipe Sotto-Maior, CEO da Vérios (Vérios/Divulgação)

Também fazendo a linha “amigável”, a Warren é um robô que começou a captar no início deste ano. A aposta da startup é na comunicação informal: a plataforma coleta as informações dos investidores através de um chat online parecido com uma conversa de Whatsapp. Toda a composição da carteira é pautada em um objetivo de vida, que é definido por cada usuário logo no início do planejamento.

As carteiras são compostas por até cinco fundos que são administrados e distribuídos pela própria Warren. A opção mais conservadora investe 100% em renda fixa, enquanto o fundo mais arriscado tem 34% em renda variável.

“O cliente não é obrigado a manter 100% da carteira que é oferecida. Se ele quiser, pode aumentar ou diminuir o risco do portfólio, mas o robô irá avisá-lo quando ele fugir do perfil detectado”, explica Tito Gusmão, um dos sócios da Warren.

Por enquanto, os cinco fundos são os únicos produtos que compõem as carteiras da Warren, mas a startup gaúcha anunciou em agosto a aquisição da Pilla Corretora para aumentar o portfólio de produtos, passando a incluir mais opções de renda fixa e fundos de terceiros. Segundo a Waren, 90 mil objetivos já foram criados em sua plataforma.

Pelo serviço do robô, o usuário paga 0,8% ao ano sobre o patrimônio líquido do fundo. Todas as cinco opções têm a mesma taxa, desde o fundo mais simples, que investe apenas em renda fixa, até o mais sofisticado, que aplica em ações no exterior.

“A taxa foi padronizada em 0,8% ao ano para todos os fundos como uma forma de blindar a nós mesmos. Assim, não temos como ser acusados de indicar um cliente a um fundo em detrimento de outro, já que nosso ganho será o mesmo independentemente da aplicação”, afirma Gusmão.

A aplicação mínima, bem menor do que a dos concorrentes, é de 100 reais. Com isso, a Warren pretende chegar aos 50 mil clientes até 2018. Além de Tito Gusmão, os outros sócios da startup são André Gusmão, Marcelo Maisonnave e Rodrigo Grundig —todos ex-XP Investimentos.

Warren

Os sócios da Warren Tito Gusmão, André Gusmão, Marcelo Maisonnave e Rodrigo Grundig (da esquerda para a direita) (Warren/Divulgação)

Já o robô da Magnetis existe desde 2015 e foi pioneiro no Brasil e na América Latina, segundo o CEO Luciano Tavares. A plataforma mapeia mais de 15 mil produtos de investimento de renda fixa, fundos e ETFs. Sem abrir o número de clientes ou quantidade de recursos sob gestão, Tavares afirma apenas que a Magnetis quer ter 1 bilhão de reais aplicados através de seu robô em dois anos.

“A maioria dos brasileiros investe hoje como investia há quarenta anos. Ainda que as fintechs tenham crescido, a maior parte dos investimentos continua nos bancos”, diz. “O melhor dos robôs é que eles eliminam a questão do conflito de interesse que há nos bancos. Nós não ganhamos remuneração alguma para aplicar em um ou em outro produto. Recebemos apenas para escolher e investir nas melhores opções para cada cliente.”

“Apesar de a nossa estratégia ser toda automatizada, a gente acha que o melhor modelo é completar o sistema com consultores humanos. Temos uma equipe humana que vai atender e orientar os clientes, sem custo adicional por isso”, completa o CEO.

Pelo serviço, a Magnetis cobra uma taxa de 0,4% ao ano. Mas isso não inclui taxas extras, como de corretagem, administração, performance ou impostos, por exemplo, que devem ser pagos à parte pelo cliente. A aplicação mínima inicial é de 10 mil reais e os depósitos adicionais são de 100 reais.

“Preferimos cobrar uma taxa separada porque são muitos os produtos mapeados e cada um tem um custo diferente. Então, achamos que a cobrança separada de taxas seria mais transparente para os usuários do serviço”, explica Tavares.

Luciano Tavares, CEO da Magnetis

Luciano Tavares, CEO da Magnetis (Magnetis/Divulgação)

Cuidados

Antes de entregar seu dinheiro para que um robô possa ajudá-lo a investir, é preciso tomar alguns cuidados. O primeiro deles é com a escolha da plataforma pela qual você pretende fazer seus investimentos.

Como as empresas que oferecem esse tipo de serviço costumam fazer apenas a gestão das aplicações, seus recursos não passam diretamente pelas mãos delas, mas sim das corretoras parceiras, pelas quais são feitas efetivamente as compras e vendas dos produtos de investimento. No caso da Vérios, a corretora é a Rico, enquanto na Warren, é a XP. Já a Magnetis tem parceria com a Easynvest.

“É importante olhar para a corretora parceira porque é lá onde seu dinheiro vai estar. Se ela quebrar, você terá problemas, mas não se o mesmo acontecer com a startup-robô”, alerta o consultor financeiro André Massaro.

Para o planejador financeiro Eduardo Forestieri, da Planejar, a transparência em relação aos custos da operação também é fundamental. “A plataforma deve mostrar ao investidor quanto ele está pagando de taxas e para quem”, diz.

Além disso, é preciso checar se os saldos mostrados pelas empresas já consideram o desconto de impostos que incidem sobre os investimentos. Uma alíquota maior, mesmo que a diferença pareça pequena, pode fazer você perder bastante dinheiro lá na frente. Neste caso, é interessante procurar por plataformas que consideram a questão tributária também na hora de selecionar os ativos da carteira do cliente.

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