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Com Bolsonaro, títulos e ações lideram ranking de investimentos em outubro

Mercado está otimista em reformas e, com isso, a Bolsa disparou no mês e o dólar teve baixa de quase 8%. Veja a rentabilidade das aplicações

Jair Bolsonaro, presidente eleito do Brasil (Helvio Romero/Estadão Conteúdo)

Jair Bolsonaro, presidente eleito do Brasil (Helvio Romero/Estadão Conteúdo)

Anderson Figo

Anderson Figo

Publicado em 31 de outubro de 2018 às 18h44.

Última atualização em 1 de novembro de 2018 às 09h03.

São Paulo — Os títulos públicos de longo prazo indexados ao IPCA e os fundos de ações lideraram o ranking de investimentos do site EXAME em outubro. O desempenho, segundo analistas, se deve à especulação dos investidores com a liderança de Jair Bolsonaro na disputa pelo Planalto, que foi confirmada na eleição do último domingo (28).

No Tesouro Direto, plataforma do governo para compra e venda de títulos públicos, o Tesouro IPCA+ que segue a inflação e tem vencimento em 2045 teve rentabilidade de 19,53% no mês. Ele foi seguido pelo Tesouro IPCA+ que segue a inflação que paga juros semestrais e tem vencimento em 2050, que subiu 11,58% no período.

Outubro foi um excelente mês para a renda variável. O Ibovespa, principal índice de ações da B3, disparou 10,19% no período e empurrou para cima os fundos de ações. Foi o melhor mês para a Bolsa brasileira desde janeiro deste ano, quando subiu 11,14%.

Os fundos de ações de small caps subiram 9,55% em outubro e ficaram na terceira posição do ranking de investimentos. Eles foram seguidos pelos fundos de ações que pagam bons dividendos (parte do lucro das empresas distribuída aos acionistas), com rentabilidade de 9,50% no mês.

A disputa eleitoral também fez o dólar recuar 7,8% em outubro, colocando os fundos cambiais na última posição do ranking de investimentos, com perda de 9,24%. Foi a maior queda mensal do dólar desde junho de 2016, no contexto do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Planejadores financeiros indicam a aplicação em fundos cambiais apenas para pessoas que precisam se proteger da oscilação de moedas estrangeiras. É o caso, por exemplo, de quem vai viajar ao exterior. Fora dessa circunstância, esse investimento não é recomendado aos pequenos investidores, uma vez que a taxa de câmbio varia muito.

Quem também pegou carona na desvalorização do dólar em outubro foi o ouro, que ocupou a segunda pior colocação no levantamento, com baixa de 5,20% no mês.

Para todos os investimentos, a orientação é sempre lembrar que a rentabilidade passada não significa garantia de rendimento futuro. Também é importante mencionar que o ranking de investimentos do site EXAME considera a rentabilidade bruta das aplicações no mês e em 2018, sem descontar Imposto de Renda. Nas aplicações em fundos de ações, há IR de 15%.

Nos fundos de curto prazo, a alíquota é de 22,50% para resgates em até 180 dias e de 20% para resgates depois de 180 dias. Nas demais categorias de fundos (longo prazo), a tributação segue tabela regressiva, em que a alíquota varia entre 15% e 22,5%, conforme o prazo de vencimento.

Os títulos públicos também são tributados pela tabela regressiva de IR. Veja o passo a passo para investir no Tesouro Direto e como escolher a corretora. A poupança não tem cobrança de Imposto de Renda e a aplicação em ouro também é isenta de IR até 20 mil reais.

Confira o ranking de investimentos de outubro:

InvestimentoDesempenho em outubro (em %)Desempenho em 2018 (em %)
Tesouro IPCA+ 2045 (NTN-B Principal)19,5313,09
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2050 (NTN-B)11,5811,02
Fundos de Ações Small Caps*9,550,75
Fundo de Ações Dividendos*9,507,57
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035 (NTN-B)8,6610,26
Fundos de Ações Livre*8,529,04
Fundos de Ações Indexados*8,3111,51
Fundos de Ações Investimento no Exterior*4,816,19
Tesouro Prefixado 2021 (LTN)3,349,32
Fundos Renda Fixa Indexados*3,047,32
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2021 (NTN-F)3,028,59
Fundos Multimercados Livre*1,658,44
Tesouro IPCA+ 2019 (NTN-B Principal)0,726,35
Tesouro Prefixado 2019 (LTN)0,555,68
Tesouro Selic 2021 (LFT)0,505,31
Fundos Renda Fixa Simples*0,404,46
Tesouro Selic 2023 (LFT)0,375,16
Poupança**0,373,85
Fundos de Renda Fixa Investimento no Exterior*-0,724,43
Fundos Multimercados Investimento no Exterior*-1,418,58
Ouro B3 (250 gramas)-5,207,90
Fundos Cambiais*-9,2412,43

Referências

InvestimentoDesempenho em outubro (em %)Desempenho em 2018 (em %)
Ibovespa10,1914,43
Selic***0,545,42
CDI***0,525,38
IPCA0,58****4,43*****
Dólar comercial-7,7912,32

*Até 26 de outubro, dado mais atual disponível na Anbima
**Até 30 de outubro
***O desempenho mensal se refere aos últimos 30 dias até a data de fechamento.
****Refere-se à prévia da inflação oficial do país, o IPCA-15 de outubro
*****Projeção da versão mais atual do Boletim Focus do Banco Central
Fontes: Anbima, BM&FBovespa, Thomson Reuters, Banco Central do Brasil e Tesouro Nacional.

Avaliação

Na avaliação de Dennis Kac, CIO Brasil da Brainvest Wealth Management, vários acontecimentos pesaram sobre o desempenho dos investimentos no mês. "No fim de setembro, o mercado estava receoso, não estava claro se a gente teria a volta do PT ao poder. No meio desse receio, o mercado se protegeu, comprou dólar, por exemplo. Mas aí, o cenário mudou. Houve uma renovação no Senado e a eleição do Bolsonaro. Quando o mercado se deu conta de que o candidato do PSL estava mais próximo de ganhar do que o Fernando Haddad (PT), ele foi se desfazendo dessas posições de proteção. Assim, a Bolsa subiu, a curva de juros mudou, o dólar caiu. Tudo foi influenciado por isso", disse.

Segundo o especialista, ainda é muito cedo para dizer até quando a lua de mel do mercado com o presidente eleito vai durar. "O PT não está no poder e o mercado gostou disso. A primeira pernada do rali já foi. Agora, para a gente ter um novo movimento, temos que esperar as decisões do Bolsonaro. Se ele montar uma equipe técnica boa para áreas importantes, será bom. O fato de o Bolsonaro não ter tido muito apoio dos partidos ao longo da eleição faz com que ele não deva nenhum favor a ninguém, ou seja, a probabilidade de ele colocar pessoas mais isentas e preparadas em cargos importantes é maior. A gente deve ter uma definição boa ao longo dos próximos 30, 40 dias", afirmou.

Para Kac, os nomes ventilados ao mercado, por enquanto, são bons. "Se entrar alguém que o mercado desaprove, claro, as cotações podem sofrer uma correção. Tudo isso que eu estou falando considera um cenário externo tranquilo. Se algo maior acontecer lá fora, é difícil a gente ter um descolamento, então vamos sofrer também. Esperamos uma estabilização dos mercados de risco no exterior."

O executivo acredita que a "terceira pernada possível do mercado" será quando Bolsonaro efetivamente assumir a Presidência, em janeiro. "O mercado vai ficar de olho em quais serão os esforços dele para mudar o país, principalmente em relação à reforma da Previdência. É a reforma mais impopular e deve ser a primeira que ele deve resolver. A gente sabe que a popularidade dos políticos sempre cai, então é bom que seja feito no início do mandato. Se ele fizer uma reforma robusta, depois for na direção de combate à corrupção, recomposição do orçamento com o fim da desoneração de setores, gerando melhora na economia, aumento da confiança e queda no desemprego, aí a população não vai nem se lembrar do impacto da reforma da Previdência que terá sido feita no início do governo", completou.

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