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Novo governo traz promessa de mudança de verdade em 2019

Parece haver no ar alguns sinais de que a mudança de governo pode significar mais do que uma troca de indivíduos com carteira de autoridade

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Ricardo Salles, do MMA: após desdenhar de evento,  governo recua e aprova encontro em Salvador.  (Jales Valquer/Folhapress)

Ricardo Salles, do MMA: após desdenhar de evento, governo recua e aprova encontro em Salvador. (Jales Valquer/Folhapress)

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J.R. Guzzo

Publicado em 20 de dezembro de 2018, 05h26.

Última atualização em 20 de dezembro de 2018, 05h26.

Há muitos anos, a população brasileira se acostumou a ver os governos mudarem e nada mudar no país — quer dizer, nada do que deveria realmente ser mudado, ou nada daquilo que o público teria o direito de esperar que mudasse. Sai o governo Sarney e entra o governo Collor, por exemplo — e daí? Nada daquilo que o Brasil tinha de pior, na época, mudou para menos pior. De Collor para Itamar Franco, o Brasil foi curado da inflação, mas de lá para cá, de Fernando Henrique para Lula, e para Dilma, e para Temer, trocam as pessoas, trocam os discursos e troca a marca do jato que carrega o presidente da República — só que os governantes, de um jeito ou de outro, continuam cultivando as mesmas taras que fazem do Brasil o país de terceira categoria que está aí.

Agora, com a próxima subida de Jair Bolsonaro para a Presidência, parece haver no ar, finalmente, alguns sinais de que a mudança de governo pode significar mais do que uma mudança de indivíduos com carteirinha de autoridade. Naturalmente, vai se saber com precisão o fim dessa história daqui a quatro anos, no dia 1o de janeiro de 2023. Aí, sim, será possível verificar concretamente se o novo governo trouxe mesmo mudanças de verdade para o Brasil, se elas foram em número suficiente e se tiveram a direção certa. Mas o ambiente, desde já, é outro.

É só prestar um pouco de atenção no que acontece quando é anunciado o nome de um ministro. Nos governos de Lula e de Dilma, digamos, o tipo de polêmica que surgia numa nomeação de peixe graúdo obedecia a perguntas-padrão: quanto o sujeito já tinha roubado até ali, quantos parentes tinha enfiado em empregos públicos, quanto tinha gastado em contas de motel com dinheiro do governo etc.? Para o governo Bolsonaro, até aqui, já se nota um padrão de qualidade diferente nas discussões sobre os nomes escolhidos para o primeiro escalão.

A briga, agora, não está sendo a respeito dos 50 milhões em dinheiro vivo que o sujeito estocou num apartamento vazio depois de três anos e meio como ministro no governo Lula, por exemplo, mas a respeito de ideias; não se discute o que o homem rouba, mas o que ele pensa. Já é um progresso e tanto quando se consideram nossas realidades. O caso do novo ministro do Ambiente, Ricardo Salles, é uma ótima ilustração. Imaginem por que Salles está sendo processado na Justiça: por ter mandado retirar de um parque estadual de São Paulo, quando exercia funções na área ambiental paulista, um busto de Carlos Lamarca. Que tal? Lamarca foi um assassino; é também um dos santos da esquerda brasileira, porque assaltou bancos, matou gente e sequestrou um embaixador na “luta armada” contra o regime militar.

Ser processado num caso desses é o mesmo que receber uma medalha de honra ao mérito — quem está do outro lado não é a Justiça, mas uma parte do Ministério Público que não é ministério nem é público, e sim uma polícia particular do complexo PT-PSOL-MST-CUT-etc., que se especializa em perseguir adversários políticos e processar PMs que atiram contra bandidos armados. Essa é a polêmica que existe quanto a Salles. Seu problema não é com o Código Penal. É ter tido a coragem de defender a ideia de que a esquerda não tem o direito de transformar áreas públicas em parques ideológicos privados.

O restante do barulho em torno do novo ministro, da mesma forma, é de um padrão totalmente diferente daquilo que se vê. Salles acha que o Brasil tem de proteger o meio ambiente pela via da ação sobre problemas concretos — e não divagando sobre o “aquecimento global” e outros cultos de denominação ecológica que se tornaram questões de fé e meio de subsistência financeira para seus evangelistas. Acha que o desmatamento tem de ser avaliado por meio de medição científica. Acha que chamar de “Lei do Veneno” a nova legislação sobre defensivos agrícolas é uma perfeita estupidez; aliás, é a favor das mudanças. Tem tudo para se transformar num dos maiores demônios da mídia, é claro. Mas é uma promessa real de mudança.

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