Revista Exame

Aos 25, ela lidera startup que usa neurotecnologia para recuperar movimento de pessoas lesionadas

Com a Orby, a potiguar Duda Franklin usa neurotecnologia e IA para dar movimentos a quem os tinha perdido 

Duda Franklin, da Orby: “Quero que outras mulheres possam se enxergar como cientistas brilhantes”  (Elaine Kuntz/Divulgação)

Duda Franklin, da Orby: “Quero que outras mulheres possam se enxergar como cientistas brilhantes” (Elaine Kuntz/Divulgação)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 22 de março de 2024 às 06h00.

Última atualização em 25 de março de 2024 às 09h15.

Mulher, jovem, negra e nordestina. Aos 25 anos, a engenheira biomédica e neurocientista potiguar Duda Franklin é uma das fundadoras da Orby, startup que usa neurotecnologia e IA para modular o controle motor e a dor de pessoas que perderam movimentos. A empresa desenvolveu o Ortec, aparelho que é colocado sobre a pele do paciente, sem a necessidade de cirurgia, e emite ondas eletromagnéticas que emulam o funcionamento do sistema nervoso. Pessoas com lesão na coluna, por exemplo, conseguem ficar em pé e dar os primeiros passos com ajuda do aparelho. 

“É uma grande orquestra. Precisamos de uma onda exata em uma área exata, por isso usamos inteligência artificial”, afirma a empreendedora, que desde pequena fez das bibliotecas e dos laboratórios o seu refúgio. Hospitais como Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e Hospital do Amor, em Barretos, estão avaliando o Ortech para dar início aos testes.

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Fundada há dois anos em Natal, no Rio Grande do Norte, a Orby recebeu aporte do Black Founders Fund — iniciativa do Google for Startups que já destinou 16 milhões de reais em investimentos desde 2020 — e é acelerada pelo Microsoft for Startups Founders Hub. “Recebemos a chancela de grandes empresas e agora estamos com a segunda rodada aberta. Vamos direcioná-la para novas pesquisas, investimentos regulatórios e estruturação de novos produtos”, diz.

A startup ilustra uma nova e uma velha foto do mercado. A primeira é a presença maior de mulheres no ecossistema. A segunda é a falta de acesso ao capital pelas empreendedoras. “As mulheres têm mais dificuldade para conseguir aportes e têm o seu trabalho mais questionado”, afirma Franklin.

Mas, para a jovem cientista que opera “milagres” com o uso da tecnologia, os espaços para as mudanças estão mais abertos do que nunca. “Eu quero deixar um bom legado para as próximas gerações com a pesquisa da Orby e com a minha história. Quero que outras mulheres se sintam representadas e que possam se enxergar como cientistas brilhantes.”

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