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“Queremos investir no Brasil”, diz consultora de banco de fomento dos EUA

Para Kristie Pellecchia, o governo americano tem interesse em dobrar os financiamentos para a América Latina, principalmente em infraestrutura

Kristie Pellecchia, da DFC: 60 bilhões de dólares para aplicar mundo afora (Divulgação/Divulgação)

Kristie Pellecchia, da DFC: 60 bilhões de dólares para aplicar mundo afora (Divulgação/Divulgação)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 16 de janeiro de 2020 às 05h00.

Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 15h49.

Os Estados Unidos querem se aproximar mais dos países emergentes. Para isso, transformaram a Corporação para o Investimento Privado no Exterior (Opic), uma agência financeira para desenvolvimento criada em 1971, em um banco de desenvolvimento que se chama Corporação Financeira para o Desenvolvimento Internacional (DFC).

A novidade? Agora será possível financiar projetos de empresas estrangeiras e fazer transações em moeda local. Kristie Pellecchia, consultora sênior para o Ocidente do novo banco, falou a EXAME com exclusividade sobre os planos para a América Latina e para o Brasil.

Quando o novo banco de investimento começará a atuar?

Já começou: temos um diretor executivo [Adam Boehler, que assumiu em setembro de 2019] e a legislação que instituiu o banco foi promulgada. Aguardamos a liberação do orçamento pelo Congresso. Ainda não sabemos quando isso virá, mas a expectativa é que seja no primeiro semestre de 2020.

A DFC substituiu a Opic. O que essa mudança significa?

Estamos quase duplicando de tamanho, saltando de um fundo de 29 bilhões de dólares para 60 bilhões de dólares. Além disso, se antes o financiamento era destinado apenas a empresas americanas, agora poderemos trabalhar com empresas e moedas estrangeiras. Na América Latina, nosso objetivo é dobrar o portfólio, que hoje é de 6 bilhões de dólares, e o Brasil é um parceiro importante, onde queremos atuar mais.

O que está por trás dessa transformação?

O governo viu oportunidades importantes de avançar em sua agenda de política externa e também de ajuda a outros países em seu desenvolvimento. Nosso foco é pensar como os Estados Unidos podem investir o dinheiro que vem dos contribuintes.

Como será o modelo de financiamento dessa nova instituição?

Vamos conceder empréstimos e garantias a empresas estrangeiras e teremos uma área de assistência que vai auxiliar quem tem uma boa ideia mas não tem capacidade para estruturar um projeto e para encontrar a melhor ferramenta de financiamento, como algumas pequenas e médias empresas. Em alguns casos, o banco poderá entrar como sócio do projeto financiado.

Quais setores estão no foco do banco no Brasil?

Infraestrutura, certamente, é uma área-chave para o país. Estamos trabalhando com o governo federal e com os estados. Também temos interesse na área de energia e adoraríamos trabalhar em um possível leilão da Eletrobras. Nosso portfólio no Brasil é muito diversificado e outra área que nos chama a atenção é a do empreendedorismo feminino: queremos ajudar as brasileiras a ter mais acesso a financiamento para seus negócios. 

É uma resposta ao programa Nova Rota da Seda, da China?

Reconhecemos a necessidade de ter um programa que apoie investimentos liderados pelo setor privado, não pelo setor estatal, como é o caso do programa da China. Acreditamos que isso seja melhor para o país anfitrião.

Qual é a diferença entre o projeto americano e o chinês?

Nós apoiamos projetos do setor privado, orientados pelo mercado e seus princípios. Já ouvimos casos de países que seguiram o modelo chinês e acabaram por concordar com termos que não têm nada a ver com a operação, como transferência dos direitos de propriedade da terra. A DFC vai estruturar operações sólidas do ponto de vista financeiro, as quais permitirão às empresas ter vários investidores, não só uma agência estatal como credora. E isso é mais saudável para os tomadores de empréstimos.

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