Visão Global | O risco da falta de peças
Um dos maiores riscos econômicos da epidemia do novo coronavírus Covid-19 é a interrupção do fornecimento de peças produzidas na China que abastecem as fábricas localizadas em outros países. Esses componentes — que na linguagem dos economistas são chamados de bens intermediá-rios — são fundamentais para a fabricação de todo tipo de produto, desde smartphones até robôs industriais. A falta de um ou outro item pode paralisar toda uma cadeia de produção, como tem ocorrido em vários países. A Apple, por exemplo, já alertou que as vendas de iPhones no primeiro trimestre deverão ser prejudicadas por causa da falta de suprimentos.
No Brasil, a fabricante sul-coreana LG decidiu dar férias coletivas aos funcionários de uma fábrica de celulares e monitores localizada em Taubaté, no interior de São Paulo. Hoje, de todos os bens intermediários exportados no mundo, 10% são feitos na China. A dependência é ainda maior no caso de alguns segmentos, como eletrônicos, equipamentos elétricos e têxteis, segundo uma análise da consultoria Oxford Economics, ligada à Universidade de Oxford, no Reino Unido. Os Estados Unidos, a Coreia do Sul e o Japão são os que mais importam bens intermediários da China, mas outros países também estão expostos. No Brasil, 20% dos bens intermediários importados têm origem chinesa. Ainda levará tempo para que toda a produção industrial no mundo seja normalizada.
ESTADOS UNIDOS
OS AMERICANOS ESTÃO SE MUDANDO MENOS

Durante muito tempo, uma das características do mercado de trabalho dos Estados Unidos era a alta mobilidade dos trabalhadores do país. Uma pessoa que perdia o emprego em uma cidade, por exemplo, acabava se mudando facilmente para outro município ou estado em busca de oportunidades. Esse costume, no entanto, está em queda. Em 2019, só 9,8% dos americanos mudaram de endereço. É o menor índice já registrado desde 1947. O que se vê é que, agora, os americanos têm preferido ficar perto de onde já vivem.
JAPÃO
O NÚMERO DE IMIGRANTES CRESCEU

Visto no passado como um país avesso à entrada de imigrantes, o Japão tem aos poucos se tornado mais aberto a quem chega de fora. Na última década, o número de trabalhadores estrangeiros triplicou e já passa de 1,4 milhão de pessoas. Embora a proporção de imigrantes ainda seja bem menor do que em outros países desenvolvidos, o crescimento é notável. Isso é resultado direto das políticas do governo do primeiro-ministro Shinzo Abe para flexibilizar a entrada de imigrantes desde 2012. O Vietnã, as Filipinas e a China são os principais países de origem dos trabalhadores estrangeiros. A maior parte trabalha na indústria, em hotéis, em restaurantes e no varejo. A política de abertura foi elogiada num relatório recente do Fundo Monetário Internacional. A entrada de imigrantes torna o mercado de trabalho mais dinâmico, o que pode ajudar num momento em que a economia do país está em dificuldade.