Exame logo 55 anos
Remy Sharp
Acompanhe:
seloRevista Exame

Motor | O esportivo bom-moço…

Jaguar I-Pace e Mini Cooper S E Countryman: dois carros de marcas britânicas movidos a eletricidade

Modo escuro

O Jaguar I-Pace (Jaguar/Divulgação)

O Jaguar I-Pace (Jaguar/Divulgação)

C
Chico Barbosa e Ivan Padilla

Publicado em 23 de maio de 2019, 05h11.

Última atualização em 27 de junho de 2019, 16h21.

Ok, ok: o principal atrativo do I-Pace é ocupar o posto de primeiro carro da Jaguar totalmente elétrico. Quem, afinal, não tem interesse de conhecer, ao vivo e em cores, um automóvel em sintonia com as necessidades ecológicas da vida contemporânea, ainda mais produzido por um ícone da indústria automotiva, e que chega neste mês às concessionárias? É justamente por esse DNA da marca que a curiosidade aumenta.

Jaguar é sinônimo de esportividade. Daria para conciliar condução politicamente correta com uma grife que, no decorrer de 70 anos, já produziu sonhos de consumo da velocidade, como — um pedido de licença para fazer o download da lista ordenada — XK120 (1948), C-Type (1950), KX140 (1954), D-Type (1954), XK-SS (1956), XK150 (1957), E-Type (1961), XJ-S (1975), XK8 (1996), XK (2005), F-Type (2012)? Adianto a resposta: não só daria como deu, sim.

Não foi por outro motivo que a montadora inglesa escolheu um lugar insuspeito no Brasil para colocar seu felino à prova no test-drive feito por jornalistas: um autódromo, dotando os pilotos com capacete, balaclava, instrutores e liberdade para pisar fundo no acelerador. Basta olhar na imagem do carro para concluir que essa combinação animal e habitat faz todo o sentido. O design, amplamente envidraçado, foi inspirado no superesportivo C-X75 — ele mesmo, o carro do vilão que atormentava a vida do James Bond em 007 Contra Spectre, de 2015. O I-Pace, contrariando sua presumível vocação de SUV, embora não abuse da altura, exibe linhas aerodinâmicas, fluidas, que remetem aos puros-sangues das pistas, mas numa versão comportada, uma espécie de esportivo bom-moço.

Não é novidade que os carros com motores elétricos são silenciosos, e o I-Pace segue esse protocolo. É preciso olhar no painel para saber que a ignição foi acionada e o bicho está ready para partir. E, se persistir a dúvida de que o animal está vivo, pela ausência de trepidação ou de qualquer outro sinal de atitude, basta cravar firme o pé direito no pedal para perceber que a paisagem muda rápido, muito rápido, a despeito da ausência de sinais sonoros vindos do lado de fora. São 400 cavalos liberados por um motor traseiro e outro dianteiro, com força imediata, sem se dar o trabalho de preparar o motorista para o que está por vir.

Para que os ocupantes não corram o risco de se sentir a bordo de um TGV, o trem francês de altíssima velocidade, é possível configurar o sistema para que o motor emita um som, deixando claro que está tudo sob controle e que é possível seguir a viagem numa boa. Só que o, chamemos, ronco emitido, em vez de lembrar um motor a combustão, remete mais a uma aeronave — algo que, convenhamos, está longe de ser um problema e, dependendo do que o mostrador do velocímetro apontasse, a impressão poderia ser a de estar perto de decolar mesmo. Não passaria de impressão, e não só porque, obviamente, asas lhe faltam, mas porque o I-Pace, dispondo de tração nas quatro rodas, entrega ótima estabilidade, gruda no chão, indiferente à velocidade, ao perfil da curva e, vá lá, à eventual falta de modos do motorista.

A mudança do mindset, da era do motor a combustão para o elétrico, envolve não apenas a condução do veículo como também adaptar-se a uma logística própria para fazer o abastecimento. A começar pelo nome dessa operação, que passa a se denominar “carregamento”, e pode ser feita em qualquer local que disponha de uma tomada elétrica, mas, em contrapartida, é preciso dispor de mais tempo. A bateria permite uma autonomia de 470 quilômetros, dependendo de fatores como forma de condução, temperatura e uso de equipamentos como ar-condicionado. Para colocá-la em condições de uso novamente com 80% de carga, é preciso dispor de 40 minutos a 10 horas, de acordo com a velocidade do carregador. O ideal é fazer o carregamento à noite, quando a fera está repousando obedientemente na garagem de casa.


…E O SESSENTÃO DESCOLADO

O Mini Cooper S E Countryman ALL4 | Divulgação

Apesar de não ser tão velho, sou um fã da cultura dos anos 60. Conheço as histórias das músicas dos Beatles, assisto a todos os documentários do Vietnã, adoro uma bota Chelsea. Sou, portanto, um apreciador do Mini, o carro que atravessou a Swinging London e teve no volante da princesa Margareth ao ator Peter Sellers. O primeiro Mini que dirigi, porém, não tem nada da contracultura da época. Trata-se de um modelo elétrico, o primeiro plug-in da marca, à venda no Brasil desde o fim do ano passado: o Mini Cooper S E Countryman ALL4.

Testei o Mini elétrico por uma semana em São Paulo. A primeira reação dos motoristas dos carros ao lado foi um sorriso no rosto. O Mini é um carro simpático. Mas um simpático poderoso, não se engane, o equivalente a um Barack Obama dos automóveis. Atuando em conjunto, os dois motores, elétrico e a combustão, fazem o veículo ir de 0 a 100 quilômetros por hora em 6,8 segundos. É possível ajustar o modo de condução de ecológico para esportivo. E aí o afável carrinho se transforma num baixinho briguento.

O chamado kart feeling, termo do qual a própria marca se apropriou, continua. A resposta direta aos comandos do volante transforma a condução em um ato divertido. A tecnologia é o que se espera de um carro premium, com recursos como concierge 24 horas por dia, head up display e Apple CarPlay. Mas é no design que o Mini é Mini — e não é de hoje.

Criado em 1959, o Mini, então fabricado pela British Motor Corporation, seguia o padrão de veículos europeus do austero período do Pós-Guerra, pequenos e econômicos. Em 2000, já nas mãos da alemã BMW, a marca foi relançada e ganhou a identidade atual, um carro que consegue ser compacto e espaçoso, perfeito para o uso urbano. A versão plug-in é um meio-termo, uma transição suave para um futuro ainda utópico, sem o monóxido de carbono dos motores a combustão. A autonomia do motor elétrico do Mini é baixa, 40 quilômetros, mas o motor a gasolina permite andar mais de dez vezes essa distância. Sei que, carregando o Mini toda noite na tomada da minha garagem, rodei 300 quilômetros e não gastei um quarto do tanque. John Lennon ficaria impressionado. 

Últimas Notícias

ver mais
seloRevista Exame

Pré-candidato à reeleição, prefeito de SP se define como 'verdadeiramente de centro'

Há 4 dias
Brilho artificial: como diamantes criados em laboratório ganharam espaço no mercado de luxo
seloRevista Exame

Brilho artificial: como diamantes criados em laboratório ganharam espaço no mercado de luxo

Há 4 dias
SLC: a empresa que alimenta o mundo
seloRevista Exame

SLC: a empresa que alimenta o mundo

Há 4 dias
Quer ser um bom vendedor? Livro ensina melhores técnicas de venda para conquistar clientes
seloRevista Exame

Quer ser um bom vendedor? Livro ensina melhores técnicas de venda para conquistar clientes

Há 4 dias
icon

Branded contents

ver mais

Conteúdos de marca produzidos pelo time de EXAME Solutions

Exame.com

Acompanhe as últimas notícias e atualizações, aqui na Exame.

leia mais