Revista Exame

Foco na eficiência na Celesc

Com combate às fraudes, redução de custos e reajustes de tarifa, a distribuidora de energia elétrica Celesc foi a melhor do setor

Melo: 420 000 inspeções em 2005 para reduzir as ligações clandestinas, com ganho de receitas de 8,5 milhões de reais

Melo: 420 000 inspeções em 2005 para reduzir as ligações clandestinas, com ganho de receitas de 8,5 milhões de reais

DR

Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2011 às 16h30.

No ano em que completou seu cinqüentenário, a Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) faturou 1,8 bilhão de dólares e seu lucro beirou os 90 milhões de dólares. Melhor empresa de serviços da Região Sul, a estatal distribui energia para mais de 2 milhões de consumidores no estado, atingindo quase 90% dos municípios.

Grande parte do resultado obtido em 2005 se deveu ao reajuste médio de 14,5% concedido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). "O aumento de tarifas possibilitou a recuperação das margens de lucro", diz Miguel Ximenes de Melo Filho, presidente da empresa. Mas a Celesc também trabalhou pesado para chegar em primeiro lugar.

Um dos destaques desse esforço foi um amplo programa para melhorar sua eficiência. Entre as medidas adotadas estão o combate a fraudes e irregularidades no fornecimento de energia elétrica e a utilização de pregão eletrônico para a compra de materiais.

Para reduzir as fraudes e os famosos "gatos" (ligações clandestinas), a Celesc realizou mais de 420 000 inspeções ao longo do ano, o que trouxe ganho de receitas ao redor de 8,5 milhões de reais. O pregão eletrônico, por sua vez, proporcionou redução média de 11% nos preços dos equipamentos e serviços adquiridos, com economia de 19 milhões de reais em 2005.

A empresa também se empenhou em enxugar a folha de pagamentos e pretende cortar mais. "Nosso quadro ainda representa 12% da receita operacional líquida, e o ideal é ficar entre 9% e 10%", afirma Ximenes. Além de abrir um plano de demissão voluntária, a Celesc aposta em investimentos em tecnologia para reduzir o pessoal.

Embora o volume de energia comercializado pela distribuidora tenha ficado praticamente estável no ano, o consumo industrial caiu 9%. A queda espelha, em parte, a desaceleração da economia, mas mostra também a tendência de migração dos grandes consumidores para o mercado livre, que oferece custos mais vantajosos.

Sem competitividade nesse negócio, a Celesc procurou compensar a perda fornecendo mais para outras classes de consumidores. "Como a energia industrial é subsidiada, a substituição acabou sendo vantajosa, porque aumentamos a lucratividade", diz Ximenes.


A Celesc deve concluir em 2006 seu processo de desverticalização, concentrando-se exclusivamente na distribuição de energia. A venda de ativos na área de geração e outros negócios não ligados à distribuição poderá gerar receita de até 400 milhões de reais, garantindo recursos para novos investimentos. "Vamos ter um ano ainda melhor", diz o presidente da Celesc.

Ele também aposta na retomada da economia, com o aumento da demanda por produtos como eletrodomésticos que podem elevar o consumo de energia. Se confirmadas as projeções da Celesc, o setor elétrico da Região Sul terá um alento, depois do desempenho ruim de 2005, quando não conseguiu acompanhar o crescimento de 5% no consumo de energia registrado no resto do país.

As companhias da área de energia elétrica não foram as únicas a enfrentar dificuldades. Acompanhando o quadro da economia na região, os serviços em geral tiveram um ano fraco no Sul. Os levantamentos indicam que no Paraná o crescimento do setor ficou em apenas 1,3%, quase empatando com o fraco desempenho da indústria.

No Rio Grande do Sul, o resultado foi ainda pior: queda de 0,5%. Enquanto serviços como hospedagem, alimentação e saúde basicamente mantiveram os números do ano anterior, a área de transportes e armazenagem recuou 11%. "Praticamente não houve safra agrícola no Rio Grande do Sul", diz Bernardo Hees, presidente da América Latina Logística, do Paraná. Maior empresa de transporte ferroviário do país, a ALL enfrentou em 2005 o cenário mais adverso de sua história.

Para compensar a queda no volume transportado de commodities agrícolas como milho e soja, a empresa apostou no serviço intermodal -- operação que envolve duas ou mais modalidades de transporte. Com essa estratégia, o volume transportado aumentou 7% em 2005, gerando crescimento de cerca de 13% nas receitas da ALL, para quase 400 milhões de dólares.

Quem também avançou em meio a dificuldades foi o setor de tecnologia da informação, que registra expansão acelerada principalmente nas capitais dos três estados. Em Florianópolis, por exemplo, as empresas de informática já são líderes em arrecadação de tributos municipais.

"Nos últimos cinco anos, o setor aumentou em 400% seu recolhimento de impostos", diz Heitor Blum Thiago, presidente do Conselho de Entidades de Tecnologia da Informação e Comunicação de Santa Catarina (Cetic), que reúne 12 associações do setor. De acordo com a Cetic, o faturamento das empresas de informática no estado totalizou 1,5 bilhão de reais em 2005, 26% superior ao de 2004.

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