Revista Exame

Ficar 30 anos na mesma empresa? Esqueça

Para o presidente da consultoria Deloitte, a chegada de uma nova geração ao mercado de trabalho obriga as empresas a repensar sua forma de funcionar

Barry Salzberg: “O recrutamento tem acontecido até em escolas do ensino médio” (Divulgação)

Barry Salzberg: “O recrutamento tem acontecido até em escolas do ensino médio” (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2014 às 05h00.

São Paulo - O advogado americano Barry Salzberg foi contratado pela consultoria Deloitte logo após ter acabado a faculdade. Depois de mais de 30 anos, chegou à presidência global em 2011 e, desde que assumiu o posto, uma de suas principais bandeiras tem sido formar novos talentos.

Nessa tarefa, Salzberg viu de perto as mudanças provocadas pela chegada de uma nova geração ao mercado de trabalho. “Pouca gente hoje está disposta a ficar três décadas num mesmo lugar, como eu fiz”, diz ele. Antes de embarcar para uma visita ao Brasil, Salzberg concedeu a seguinte entrevista a EXAME. 

1) EXAME - Como deve ser o líder do século 21?

Barry Salzberg - Os líderes atualmente precisam ser bons ouvintes e ter uma enorme capacidade de construir relacionamentos. Devem ser capazes de conectar diferentes visões, culturas e perspectivas. Tudo isso para estimular discussões e criar soluções que sejam inovadoras. 

2) EXAME - De que forma isso representa uma quebra no padrão dos líderes do século 20?

Barry Salzberg - Hoje, o mundo é mais colaborativo. As carreiras e os negócios são construídos de uma forma mais coletiva. É parte do trabalho dos presidentes e da alta diretoria garantir que pessoas talentosas das novas gerações sejam ouvidas. Elas precisam saber que têm o poder de inovar.

3) EXAME - Os jovens de hoje estão dispostos a fazer uma carreira semelhante à sua?

Barry Salzberg - Em uma palavra, não. Fizemos uma pesquisa interna e chegamos à conclusão de que os jovens terão de oito a dez empregos diferentes ao longo de sua vida — e não necessariamente na mesma profissão.  

4) EXAME - Quais são as consequências disso para as empresas?

Barry Salzberg - Será preciso se adaptar. Não há outra saída. Mas atenção. O fato de esses profissionais mudarem de emprego ou de carreira ao longo da vida não significa que sejam menos comprometidos com o próprio sucesso ou com o sucesso da empresa. Em geral, a nova geração adora aprender e está pronta para assumir responsabilidades mesmo tendo pouca idade.

Por outro lado, os jovens de hoje definem o sucesso de maneira diferente das gerações anteriores. As empresas que forem capazes de entender essa nova conjuntura e oferecer aos jovens um lugar que permita a eles se desenvolver serão mais bem-sucedidas. Não é fácil, mas é recompensador.

5) EXAME - O senhor acha que as grandes empresas têm mudado na velocidade necessária?

Barry Salzberg - A vontade das empresas de contar com esses jovens sempre existe, mas o nível de maturidade que elas têm ao lidar com essas questões varia ao redor do mundo e entre os diversos segmentos de negócios.

6) EXAME - Empresas de diferentes setores reclamam da falta de qualidade da mão de obra. Isso é algo momentâneo?

Barry Salzberg - Não. Na verdade, tende a crescer. A falta de gente qualificada é perceptível em várias partes do mundo. Acontece também no setor de tecnologia americano. Nos Estados Unidos, muitas empresas estão recrutando até no ensino médio. 

7) EXAME - Essa é uma tendência?

Barry Salzberg - Sim, as empresas estão cada vez mais interessadas em visitar escolas para identificar os mais talentosos e ajudá-los a tomar decisões sobre o futuro.

Acompanhe tudo sobre:carreira-e-salariosDeloitteEdição 1076EmpresasEntrevistasMercado de trabalhoPresidentes de empresa

Mais de Revista Exame

Linho, leve e solto: confira itens essenciais para preparar a mala para o verão

Trump de volta: o que o mundo e o Brasil podem esperar do 2º mandato dele?

Ano novo, ciclo novo. Mesmo

Uma meta para 2025