Revista Exame

Negócios em Expansão 2024: as 16 empresas que cresceram na categoria Novatas; veja ranking

Instituto Voz dos Oceanos atraiu novos patrocinadores e abriu fontes de receitas

David Schurmann, fundador e CECEO do Instituto Voz dos Oceanos (Leandro Fonseca/Exame)

David Schurmann, fundador e CECEO do Instituto Voz dos Oceanos (Leandro Fonseca/Exame)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 25 de julho de 2024 às 06h00.

Tudo sobreNegócios em Expansão 2024
Saiba mais

EMPRESA QUE MAIS CRESCEU

Instituto Voz dos Oceanos: Itajaí (SC) | David Schurmann: Fundador e CEO | O que faz: Cria projetos para alertar sobre a poluição nos mares | Receita em 2023: 2,3 milhões de reais | Ritmo de expansão: 1.062.569,46% | Motivo do crescimento: Conquistou novos patrocinadores e abriu fontes de receitas, como o licenciamento de produtos


O chamado Ponto Nemo é um prato cheio para quem gosta de geografia, história e navegação. Localizado no Pacífico Sul, é o local mais remoto de qualquer terra firme no mundo. As pessoas mais próximas daquele ponto perdido no oceano são os astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional, a 400 quilômetros da Terra. Apesar de remoto, o local também sofre com a poluição. Há 20 anos, quando a família de velejadores catarinense liderada pelo casal Vilfredo e Heloísa Schurmann passou por ali pela primeira vez, a incredulidade foi grande com a torrente de plásticos e outros rejeitos levados até ali pelas correntes marítimas. O choque deu lugar à vontade de arregaçar as mangas. Foi o pontapé inicial para a Voz dos Oceanos, instituição criada pelos Schurmann para cuidar de projetos para combater a poluição marinha. O trabalho da família começou com o puro e simples recolhimento da lixarada deixada pelos outros. “Numa ilha inabitada perto da Papua-Nova Guiné chegamos a tirar 30 sacos grandes de lixo”, diz David Schurmann, filho do casal de velejadores que, além de documentarista focado na vida marinha, é o CEO da Voz dos Oceanos.

Foi dele a iniciativa de gravar documentários para ampliar o pedido de SOS aos oceanos. A ideia começou em 2016, mas só engrenou de fato no ano passado. No período a empresa teve receita de 2,3 milhões de reais, um salto de 1.062.569,46% em 12 meses. Por trás da escalada ao estilo “zero ao topo” estão grandes patrocínios conquistados em 2023 com empresas como a cervejaria Corona, a concessionária Sabesp e a fabricante de itens de papelaria Faber-Castell. Com os recursos, a Voz dos Oceanos financia expedições e investe em ações que combinam ciência, educação e arte. Além disso, dá visibilidade a projetos de ONGs espalhadas pelo país. A ideia por ali é construir legado. “A família continua na atividade, ela é o pilar que dá a catapulta para a Voz, mas a Voz é algo maior do que nós”, diz David.

Desafios do planeta

Lidar com os desafios do planeta é um ponto comum entre algumas das 17 empresas da categoria Novatas. No Mercado Diferente, a star-t-up dos empreendedores Eduardo Petrelli, Saulo Marti, Paulo Monçores e Walter Rodrigues, a proposta é eliminar o desperdício de frutas, verduras e vegetais. Muitos desses alimentos são jogados fora por uma questão estética. Na busca por diminuir as ineficiências, a star--t-up vende esses itens considerados fora do padrão, em caixas até 40% mais baratas. “Somos mais acessíveis também porque pulamos os intermediários e compramos diretamente do produtor”, diz Petrelli. A empresa fechou 2023 com receita operacional líquida de 21 milhões de reais, alta de 327,45%. Frutas, verduras, legumes e temperos dominam as compras com 80% de participação. A startup tem adicionado produtos — hoje são 300 — para ampliar o tíquete médio e aumentar a recorrência das compras. Até aqui, o Mercado Diferente captou em torno de 40 milhões de reais e está em 50 cidades, num raio de 500 quilômetros de São Paulo.

Em outra ponta está o Mulheres Positivas, plataforma criada com base em um livro com dicas de mulheres inspiradoras cujo conteúdo também foi compartilhado em redes sociais. A força, porém, está num aplicativo com mais de 230.000 vagas afirmativas para mulheres e mais de 420.000 downloads. Além de vagas, quem usa o app encontra cursos gratuitos e apoio psicológico. “Por meio dele, eu consigo escalar a oferta de capacitação, empregabilidade e geração de riqueza para mulheres”, diz a fundadora Fabiana Saad. O app tem vagas de mais de 210 companhias apoiadoras, como a telecom TIM, a marca de vestuário Adidas e a cervejaria Ambev. A receita, de 2,3 milhões de reais no ano passado, chega com a realização de prêmios, encontros de networking com parceiros e treinamentos. A meta agora é alçar voos globais. Em breve a Mulheres Positivas deve estrear na Colômbia, no México e nos Estados Unidos.

Há quem atue em questões sociais de maneira mais focada. A Medical Balsas é um exemplo disso. O centro médico foi criado no município maranhense de Balsas, na fronteira agrícola conhecida pelo acrônimo Matopiba. Em 2023, a empresa fechou com receita líquida de 3,4 milhões de -reais, 39.614,85% de expansão anual. O médico radiologista Fernando Xavier Borges repetidas vezes ficou chocado com a carência do sistema de saúde da cidade, a primeira onde trabalhou após a graduação. Morando em São Paulo, ele retornava ano a ano para visitar familiares no Maranhão. Numa dessas vezes, veio a ideia de abrir a clínica com um colega da faculdade. Hoje trabalham ali 37 profissionais, dos quais 22 médicos de especialidades diversas. “A cidade tem 110.000 habitantes e recebe pessoas de 17 municípios”, diz Borges. “Cerca de 500.000 habitantes circulam por aqui.” Metade dos pacientes da Medical Balsas vem das cidades vizinhas. Para fazer a diferença, os sócios investiram em novos aparelhos de imagem, como máquinas de ultrassonografia, ressonância e tomografia. “Em seis meses de 2024 já crescemos 300%”, diz.

A decisão de oferecer uma nova proposta de valor também foi tomada por um grupo de jovens economistas, capitaneados por Jarbas Gageiro, sócio-fundador e CEO da Orla Investimentos. A assessoria de investimentos ligada à Necton, corretora do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), terminou 2023 com uma receita operacional líquida de 2,7 milhões de reais, alta de 53.380,25% em relação a 2023. “A prateleira de produtos das corretoras é muito parecida hoje. O que procuramos fazer aqui é realmente entender a vida do cliente, fazendo um trabalho de consultoria e planejamento”, diz Gageiro. Em pouco mais de 18 meses, a Orla tem cerca de 200 milhões de reais sob custódia. 

Veja a lista completa das empresas selecionadas para o ranking aqui.


Acompanhe tudo sobre:1265Negócios em Expansão 2024

Mais de Revista Exame

Negócios em Expansão 2024: 62 empresas que cresceram na categoria 2 a 5 milhões; veja ranking

Sucesso de bilheteria: como a A24 se tornou a produtora queridinha de Hollywood

TikTok, Taylor Swift, poder feminino: conheça Jody Gerson, CEO da Universal Music Publishing Group

Do vôlei para o mundo dos negócios: a sacada do ex-atleta Tande para o empreendedorismo

Mais na Exame