Revista Exame

Como a White Martins fez da inovação um dever de todos

A fabricante de gases industriais White Martins e o desafio de estruturar o processo de inovação na companhia


	Fábrica da White Martins: ideias para gerar produtividade
 (André Valentim / EXAME)

Fábrica da White Martins: ideias para gerar produtividade (André Valentim / EXAME)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de maio de 2016 às 18h20.

São Paulo – Na fabricante de gases industriais White Martins, inovação sempre foi assunto para engenheiros. Tradicionalmente, os especialistas da empresa mantiveram relacionamento estreito com universidades e com organizações como o Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo para inovar.

Em 2010, porém, os executivos da companhia decidiram que era preciso ir além e fazer com que a cultura de inovação permeasse todas as áreas da empresa — e não ficasse limitada aos profissionais responsáveis pelo desenvolvimento de novos produtos. Para isso, foi criada uma diretoria dedicada exclusivamente ao tema — e uma plataforma digital de registro de ideias, acessível a todos os 4 000 funcionários.

“Precisávamos fortalecer a máxima de que qualquer um, independentemente do nível hierárquico e da formação, pode colaborar para transformar o negócio, desde o laboratório de produtos até o chão de fábrica”, afirma William Macedo, gerente de desenvolvimento de negócios e tecnologia da White Martins.

De lá para cá, 376 ideias foram recebidas — 40% delas já foram aplicadas e 15% estão em desenvolvimento. Em conjunto, elas geraram uma economia equivalente a 7% dos custos totais da empresa. Veja o passo a passo da transformação.

1. Liderança

Em 2010, foi criada uma diretoria específica para disseminar o tema da inovação pela empresa. Um profissional da área de eficiência operacional foi alocado para comandar o time, que hoje conta com 30 pessoas — a maioria oriunda da gerência de produtividade.

2. Ideias

No ano seguinte, a empresa desenvolveu uma plataforma digital para receber sugestões. Batizada de N-Ideias e acessível a todos os funcionários pela intranet, ela recebe cerca de 70 ideias por ano. A viabilidade de cada uma delas é analisada em até duas semanas.

3. Capacitação 

Cinco diretores e 65 gerentes passaram por treinamentos presenciais sobre como incorporar a inovação à rotina dos negócios — e outras 3 500 pessoas realizaram um treinamento virtual, que desde 2012 se tornou obrigatório para os novos funcionários.

4. Projetos

Para ajudar a nova diretoria, formou-se um comitê de inovação. Com 17 pessoas de áreas como RH e operações, o grupo avalia as ideias recebidas e encaminha as factíveis à equipe de inovação, que as transforma em projetos a ser executados pelas áreas de origem.

Resultados

O esforço já proporcionou uma redução de 7% nos custos totais da White Martins. Boa parte dos ganhos veio das seguintes iniciativas: a empresa obteve uma economia de 2 milhões de litros de diesel só em 2015 — volume capaz de abastecer 600 caminhões durante 14 dias.

Também poupou o consumo de 14 milhões de litros de água em 2015, que poderiam suprir as necessidades de uma fábrica por 24 dias, e o sistema de isolamento térmico dos tanques dos caminhões tornou-se 30% mais eficiente, evitando a evaporação dos gases no transporte.

Acompanhe tudo sobre:Edição 1114EmpresasEmpresas americanasgestao-de-negociosInovaçãoWhite Martins

Mais de Revista Exame

Borgonha 2024: a safra mais desafiadora e inesquecível da década

Maior mercado do Brasil, São Paulo mostra resiliência com alta renda e vislumbra retomada do centro

Entre luxo e baixa renda, classe média perde espaço no mercado imobiliário

A super onda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa renda