Revista Exame

Depois de dez anos fora do mercado, química manauara cria startup para monitorar qualidade das águas

A manauara Elaine Pires desenvolveu uma tecnologia para facilitar o monitoramento da qualidade das águas no Brasil

Elaine Pires: “Meu objetivo é facilitar a fiscalização e promover a conscientização ambiental” (Leandro Fonseca/Exame)

Elaine Pires: “Meu objetivo é facilitar a fiscalização e promover a conscientização ambiental” (Leandro Fonseca/Exame)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 25 de abril de 2024 às 06h00.

Última atualização em 25 de abril de 2024 às 16h57.

Vital para a vida humana, nem sempre a água chega a sua melhor qualidade para as pessoas e os animais. Foi com essa preocupação que a manauara Elaine Pires decidiu monitorar o recurso, abundante no Brasil e na Amazônia. Contaminação por metais pesados, falta de saneamento e microplásticos são alguns desafios enfrentados pelo setor público e por instituições privadas quando o assunto é controle da qualidade da água.

Depois de dez anos se dedicando à criação de seu filho e ao trabalho doméstico, Elaine retomou os estudos e se formou em química em 2015. De lá para cá, dedica-se ao desenvolvimento de tecnologias para facilitar o monitoramento das águas no Brasil.

Ela é a fundadora da Chemical Inovação, startup criada em 2021. A ideia surgiu depois que levou um grupo de estudantes até a nascente de um rio em Manaus durante uma aula em campo. Nos três trechos em que passaram, foram identificando o avanço da contaminação.

“Criei a primeira versão do aplicativo sozinha em 2015”, diz. A ideia ficou martelando por quase seis anos, enquanto fez mestrado e deu início ao doutorado. Em 2021, saiu do papel.

Com sensores de internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) inseridos na água e integrados a um aplicativo, a startup faz o cruzamento de dados como pH da água, oxigenação, erosão do solo e presença de metais pesados e elabora em poucos minutos um relatório sobre a qualidade da água, em uma classificação que vai de zero a 100. Quanto mais baixo for o indicador, pior é a qualidade da água.

“O relatório fica pronto entre 10 e 30 minutos, dependendo do tamanho da área analisada”, afirma.

A solução está sendo estruturada para atender indústrias, órgãos fiscalizadores e profissionais ambientais por meio da assinatura de sensores e relatórios. Em outra frente, o aplicativo também conta com um questionário gratuito para a população.

Ao responder a algumas perguntas e enviar uma foto do local, o dispositivo indica a qualidade da água. “Meu objetivo é facilitar a fiscalização e promover a conscientização ambiental”, diz.

A trajetória da Chemical Inovação tem sido marcada por reconhecimento e conquistas. Em 2022, Elaine foi reconhecida como uma mulher inovadora pela Finep, agência pública de fomento à ciência, e a startup ganhou destaque no Demo Day, da Apex Brasil, realizado neste ano em Lisboa. Conquistou ainda o Prêmio Jaraqui Graúdo como Startup Revelação, mostrando o impacto que tem gerado no ecossistema de inovação em Manaus.

Até o momento, todos os investimentos que a startup recebeu vieram de programas de fomento público. O mais recente foi no valor de 400.000 reais por meio da plataforma Smart Factory, do ­Senai. Com o aporte, a tecnologia será implementada neste ano em 13 indústrias de agronegócio — também está em negociações com outros setores.

Atualmente, a sede da Chemical Inovação está em Curitiba, e a startup busca captar 1 milhão de reais com investidores-anjo para escalar o negócio e levar o modelo a todo o país. “Com essa rodada, vamos dar início à operação.”

Quer dicas para decolar o seu negócio? Receba informações exclusivas de empreendedorismo diretamente no seu WhatsApp. Participe já do canal EXAME Empreenda
Acompanhe tudo sobre:1262StartupsManaus

Mais de Revista Exame

Borgonha 2024: a safra mais desafiadora e inesquecível da década

Maior mercado do Brasil, São Paulo mostra resiliência com alta renda e vislumbra retomada do centro

Entre luxo e baixa renda, classe média perde espaço no mercado imobiliário

A super onda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa renda