Tadeu Carneiro, da CBMM: após obter a hegemonia do mercado de nióbio, a empresa investe em terras raras (Leandro Fonseca/Exame)
Da Redação
Publicado em 31 de outubro de 2015 às 04h56.
Última atualização em 1 de agosto de 2019 às 17h02.
São Paulo — Anualmente são produzidos cerca de 90 milhões de veículos no mundo. Para atender às demandas ambientais, os carros estão cada vez mais leves e menos beberrões e utilizam materiais cada vez mais eficientes. Essa busca por automóveis mais sustentáveis colocou em destaque um mineral conhecido apenas pelos especialistas no ramo: o nióbio.
O mineral torna o aço mais resistente e maleável e é uma aposta da indústria para reduzir o peso dos veículos. Nenhuma empresa está tão preparada para atender às novas demandas quanto a Companhia Brasileira de Mineração e Metalurgia (CBMM), a maior fornecedora de nióbio do mundo, com 80% do mercado.
A CBMM, instalada na cidade mineira de Araxá e controlada pela família Moreira Salles, também acionista do banco Itaú, descobriu que adicionar 300 gramas de nióbio à estrutura metálica de um carro médio pode diminuir até 150 quilos de seu peso total. A economia de combustível é significativa: perto de 1 litro para cada 200 quilômetros percorridos.
Assim como é importante para a indústria de automóveis, o minério é decisivo para dezenas de outros setores — pode ser encontrado em lâminas de barbear, foguetes, plataformas de petróleo... Por tudo isso, o nióbio vale 45 vezes mais do que o alumínio — e é extremamente rentável. O lucro da CBMM em 2014, de 517 milhões de dólares, proporcionou uma rentabilidade sobre o patrimônio de 47%.
A liderança absoluta num mercado tão lucrativo e sua capacidade de avançar com tecnologia renderam à CBMM o posto de melhor companhia do setor de siderurgia e metalurgia de MELHORES E MAIORES. Com vendas líquidas de 1,4 bilhão de dólares no ano passado, a empresa cresceu 12% acima do apurado em 2013.
Num ano em que o mercado global do aço enfraqueceu, a CBMM teve ajuda da desvalorização do real — o que foi muito bem-vindo porque 95% de suas vendas são para fora. Tão bom quanto o retorno atual do negócio é a perspectiva que a CBMM, tem de continuar a crescer. “Apenas 10% do aço produzido no mundo tem nióbio”, diz Tadeu Carneiro, presidente da CBMM.
Para ele, o pouco conhecimento sobre o produto, em grandes áreas da indústria, é uma enorme oportunidade a explorar. Quando a CBMM iniciou as operações, há 60 anos, cerca de 80% das vendas eram dedicadas ao setor de óleo e gás. Hoje, o mercado automotivo responde por 25% do faturamento. A diversificação dos clientes não pode parar.
“É preciso que a empresa busque sempre formas de ampliar a utilização do nióbio nos mais variados segmentos de mercado para que não seja dependente de nenhum deles”, diz Mirian Zacareli, diretora da consultoria KMZ. A CBMM agora está investindo em terras raras, minerais obtidos do resíduo da produção de nióbio e que têm dezenas de aplicações, como em componentes eletrônicos.
Essa é uma das prioridades do investimento de 1 bilhão de reais que prevê fazer no Brasil até 2017. Para a CBMM, o que já está bom pode ficar ainda melhor nos próximos anos.