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"A bolsa brasileira é cara", afirma Alexandre Ibrahim

Segundo o vice-presidente da Nyse para a América Latina, a chegada de um concorrente para a BM&F Bovespa baixaria o valor das taxas

Alexandre Ibrahim: “A bolsa brasileira dificilmente vai se tornar um polo regional” (Rafael Radesca/EXAME.com)

Alexandre Ibrahim: “A bolsa brasileira dificilmente vai se tornar um polo regional” (Rafael Radesca/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 19 de março de 2012 às 10h01.

São Paulo - O brasileiro Alexandre Ibrahim é responsável por acompanhar as mais de 150 empresas da região da América Latina, das Bermudas e do Caribe que têm papéis negociados na bolsa de Nova York (Nyse). Segundo ele, o mercado de capitais no Brasil está crescendo, mas ainda tem pouca liquidez e custos muito altos para se tornar um polo regional para a América Latina.

1) EXAME - Há anos a BM&F Bovespa tem o plano de se tornar um polo para empresas da América do Sul. Por que isso não aconteceu até hoje?

Alexandre Ibrahim - É crescente o número de fundos internacionais presentes na BM&F Bovespa, mas todos eles estão lá para comprar e vender ações de empresas brasileiras. Quando querem negociar papéis de empresas do Peru, do Chile e da Argentina, vão diretamente às bolsas desses países.

2) EXAME - Mas os mercados locais na América Latina não são menos desenvolvidos do que o do Brasil?

Alexandre Ibrahim - São menos desenvolvidos, é verdade. Mas isso não é o mais importante. Se uma empresa colombiana quer abrir o capital, é certo que o fará no mercado local, onde encontrará maior liquidez para seus papéis. 

3) EXAME - Por que isso acontece se a bolsa é menor?

Alexandre Ibrahim - Porque os investidores estrangeiros interessados na Colômbia já estão na bolsa de Bogotá. Há ainda outra vantagem importante para as empresas: suas ações são negociadas na moeda local. Isso sem contar que o Brasil tem uma bolsa cara.

E não conta com muitos fundos e investidores locais com interesse no restante da América do Sul. Houve experiências estrangeiras na BM&F Bovespa, como a do Banco Patagonia, da Argentina. Foi um fracasso.

4) EXAME - Empresas americanas, como a Bats e a Direct Edge, anunciaram a intenção de abrir uma bolsa de valores no Brasil. Há espaço para mais uma bolsa? 

Alexandre Ibrahim - Sim, e  competição é essencial. Qualquer empresa que consiga atuar como bolsa no Brasil irá beneficiar o mercado local. A BM&F Bovespa certamente será forçada a diminuir seus preços. O investidor sairá ganhando.

5) EXAME - O movimento de consolidação das bolsas cresce em todo o mundo. A Nyse tem interesse em adquirir uma bolsa na América Latina? 

Alexandre Ibrahim - O que posso dizer é que a Nyse está sempre em busca de oportunidades. 

6) EXAME - O que se pode esperar de 2012 no mercado de capitais? Deve ser um ano melhor do que foi 2011?

Alexandre Ibrahim - Há muitos fatores que influenciam o sistema financeiro que ainda não estão claros, como a crise europeia. Na América Latina e nos Estados Unidos, há muitas empresas prontas para abrir o capital. Resta aguardar para ver o apetite do mercado nos próximos meses.

Acredito que, assim que uma empresa fizer sua listagem, as outras irão atrás. JBS e Usiminas são duas das brasileiras que estão na fila em Nova York.

7) EXAME - Para uma empresa brasileira listada no Brasil, qual é a vantagem de ter ações também em Nova York?

Alexandre Ibrahim - A principal razão é a busca por aumento de liquidez. Em 2011, as negociações das ações das 79 empresas da América Latina na Nyse movimentaram, em média, 3,6 bilhões de dólares por dia.

A BM&F Bovespa, com 466 empresas, teve um giro diário médio de 3,9 bilhões de dólares. Essa é uma demonstração do tamanho do mercado americano e da liquidez que as companhias brasileiras têm à disposição.

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