Sarcófago de chumbo do século 14 descoberto no chão da Catedral de Notre-Dame, em Paris (JULIEN DE ROSA/AFP/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 6 de abril de 2022 às 14h38.
Última atualização em 6 de abril de 2022 às 14h45.
Operários que trabalham nos reparos da Catedral de Notre-Dame, em Paris, França, que pegou fogo em 2019, descobriram um antigo cemitério cheio de túmulos, incluindo um “sarcófago em forma humana completamente preservado feito de chumbo”, relata a Smithsonian Magazine.
O sarcófago foi enterrado abaixo da nave central, onde as equipes estavam cavando buracos para os andaimes necessários para reconstruir o telhado e a torre da catedral que desabou durante o incêndio.
Arqueólogos que trabalham no local confirmaram a descoberta, de acordo com um comunicado do Ministério da Cultura da França. O sarcófago de chumbo havia se dobrado com o peso da igreja acima dele, mas ainda estava selado.
Além dos túmulos e do sarcófago, os arqueólogos também desenterraram esculturas pintadas, incluindo o busto de um homem não identificado, mãos e vegetais esculpidos, partes do coro alto original do século 13 (uma divisória ornamentada que separa a área do altar da nave) e também restos de um sistema de aquecimento subterrâneo de tubos de tijolos do século 19, relata a AFP.
O Ministério da Cultura francês observou que o local da escavação estava sob uma camada pedregosa que data do século 18, mas que abaixo dela havia níveis que datavam do século 13, relata Lucien Libert para a Reuters.
Usando uma pequena câmera endoscópica, a equipe conseguiu “espiar” o sarcófago e examinar sua descoberta, descrita como “de notável qualidade científica” pelo Ministério da Cultura da França.
O corpo dentro parece estar perfeitamente mumificado, e os arqueólogos acreditam que provavelmente era um dignitário enterrado no século 14, cerca de 100 anos após a construção da catedral.
“Você pode vislumbrar pedaços de tecido, cabelo e um travesseiro de folhas no topo da cabeça, um fenômeno bem conhecido quando os líderes religiosos foram enterrados”, disse à AFP Christophe Besnier, o arqueólogo principal. “O fato de esses elementos vegetais ainda estarem lá dentro significa que o corpo está em muito bom estado de conservação.”
De acordo com Dominique Garcia, do Instituto Nacional de Pesquisas Arqueológicas, a descoberta melhorará nossa compreensão das práticas funerárias da Idade Média. Mas os pesquisadores têm tempo limitado para terminar seu trabalho, para não atrasar as obras na catedral.
A catedral, que será modernizada com grandes mudanças — como uma nova entrada através de suas grandes portas centrais, iluminação mais suave e altares reorganizados para acomodar mais visitantes —, já tem data programada para reabrir: na Páscoa de 2024.