O estudo foi publicado em agosto pela Astrobiology Magazine (NASA/Reprodução)
A NASA está cada vez mais empenhada em explorar a lua Europa, um dos satélites mais interessantes de Júpiter. E não sem motivo: ao que parece, Europa tem a mesma temperatura, pressão e salinidade do oceano da Antártida, de acordo com um estudo publicado na Astrobiology Magazine.
Antes da Missão Clipper, que tem como objetivo enviar uma sonda massiva para as luas do planeta gasoso em 2024, com apoio da Space X, a NASA tem feito alguns estudos sobre a lua Europa para conhecer o terreno e as principais universidades de astronomia pesquisam o satélite de Júpiter. As descobertas sugerem que essa semelhança com a Antártida possam (ou puderam), em algum momento, abrigar vida.
Mas não é assim tão simples.
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Por ora, tudo o que se sabe é que Europa é coberta por uma camada de gelo que pode ser semelhante a que temos na Antártida, mas, de certo, não idêntica. O estudo da NASA, então, foi realizado para entender como essa água salinizada do satélite de Júpiter se comporta e se solidifica.
Existem dois tipos de formação de gelo possíveis: o frazil, que basicamente congela debaixo da superfície e boia até ela, e o mais comum na Terra, que congela acima da plataforma de gelo já existente. O estudo sugere que a formação na Europa seja o tipo frazil.
A grande descoberta, no entanto, está mais relacionada à água do que ao gelo. O tipo frazil é mais versátil, uma vez que concentra somente 0,1% da salinidade do oceano. Para ter ideia, o gelo comum pode conter até 10% der sal dos oceanos.
Em outras palavras, se confirmado que essa é a composição da camada de gelo de Europa, será mais fácil que a lua abrigue vida em um futuro não tão distante.
“Quando exploramos Europa, estamos mais interessados na salinidade e composição do oceano, porque essa é uma das coisas que governarão o potencial de habitabilidade, ou mesmo o tipo de vida que pode viver ali”, disse a principal autora do estudo, Natalie Wolfenbarger, pesquisadora do Instituto de Geofísica da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, em comunicado oficial.
Toda a equipe do Instituto de Geofísica trabalha para entender melhor essa camada de gelo, de maneira a auxiliar a Missão Clipper a explorar Europa. Os pesquisadores, diz o estudo publicado na Astrobiology Magazine, estão empenhados na produção de um instrumento de radar que permita a penetração no gelo da lua, para examinar tanto camadas da superfície quanto outras mais profundas.
Fora essa descoberta recente, há mais motivos pelos quais Europa é um dos mais intrigantes e estudados satélites de Júpiter. De acordo com os dados da NASA, a lua é coberta por um oceano com mais de 150 quilômetros de profundidade e ainda conta com uma crosta de gelo que tem entre 15 a 25 quilômetros de espessura. Isso significa dizer que a superfície dessa lua pode conter até duas vezes a quantidade de água de todos os oceanos da Terra.
Por ter quase o mesmo tamanho da nossa Lua, que orbita a Terra, Europa é uma grande candidata a abrigar vida no nosso Sistema Solar. E será esse o principal objetivo da Missão Clipper: ver de perto quais são as possibilidades que a lua Europa nos oferece.
“Este artigo está abrindo um novo lote de possibilidades para pensar sobre os mundos oceânicos e como eles funcionam”, explicou Steve Vance, cientista pesquisador do Jet Propulsion Laboratory (JPL) da NASA, no comunicado oficial.
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