Rio2C: painel do evento trouxe os criadores de Dark e 1899 (Rio2C/Divulgação)
Repórter de POP
Publicado em 13 de abril de 2023 às 11h56.
Última atualização em 13 de abril de 2023 às 12h54.
Após uma intensa polêmica a respeito de 1899, cancelada pela Netflix logo após a primeira temporada, a Rio2C convidou os dois criadores Baran bo Odar e Jantje Friese para um painel sobre a produção da série e da obra anterior, Dark, um dos maiores sucessos fora dos Estados Unidos da plataforma.
No evento, os criadores comentaram sobre a criação de séries complexas e fora do eixo americano tradicional, bem como os desafios para publicação e obtenção de sucesso nas plataformas de streaming em geral. Mas se mantiveram distantes da acusação de plágio por parte da autora brasileira de quadrinhos, Mary Cagnin.
"A série foi cancelada por fatores financeiros da Netflix. Infelizmente, hoje a indústria vê a projeção de sucesso de uma série diferente de como era antes da pandemia, como foi com Dark por exemplo. Isso mudou muito, 1899 não atingiu os patamares que a empresa esperava e o resultado infelizmente foi esse", afirmou Jantje durante o painel.
Em complemento à esposa, Baran destacou que entende o posicionamento da Netflix, mas não concorda. "Eu entendo a decisão, 1899 era uma série cara, mas ao mesmo tempo, não entendo. Tinha potencial".
Em coletiva de imprensa, os criadores reafirmaram, quando questionados, que todo o episódio foi bastante violento e causou várias repercussões negativas para ambos os lados. "Tudo isso que aconteceu foi muito ruim, mas tudo sobre o caso já foi dito, publicado e ressaltado. Nós não roubamos nada, eu juro, e eu sinto muito tanto pelos fãs da série quanto pela autora, que de alguma forma, também saiu prejudicada", afirmou Jantje.
Baran também destacou que ele e a esposa tentaram entrar em contato com a quadrinista Mary Cagnin, mas não obtiveram nenhum retorno da autora. "Esse episódio só mostrou para a gente que a internet é um lugar muito complexo. Tem muita coisa boa, sim, mas tem muitos 'bullies'. Foi muito difícil para mim ler certos comentários, certos xingamentos. E isso veio tanto para gente quanto para a autora, eu sinto muito mesmo por ter sido algo tão ruim para ela e para nós também", finalizou o diretor.
A série 1899 teve estreia em novembro de 2022 e marcou um considerável sucesso dentro da plataforma. No Brasil, entretanto, ela foi alvo de polêmica: foi acusada de plágio pela quadrinista Mary Cagnin, que afirmou, na época, que a série era um plágio de seu quadrinho Black Silence, de 2016.
Em postagens no Twitter, a artista afirmou que as cenas eram muito parecidas com as que ela desenhou em 2016 e apresentou, na época, em países europeus. "Já chorei horrores. Meu sonho sempre foi ser reconhecida pela meu trabalho nacionalmente e internacionalmente. E ver uma coisa dessas acontecendo realmente parte meu coração. Sabemos que no Brasil temos poucas oportunidades para mostrar nosso trabalho e ser reconhecido por ele", contou a artista.
Nas redes sociais, o caso repercutiu e adquiriu defensores de ambos os lados. Apoiadores da quadrinista a defenderam nas plataformas e cobraram um posicionamento por parte dos criadores e da plataforma de streaming,
A repercussão do caso foi tão grande que os próprios produtores comentaram o caso e negaram as acusações. A Netflix reiterou o depoimento deles.
Durante o painel, além de destacar os detalhes de produção de Dark e 1899, os criadores também destacaram a produção de uma nova série para a Netflix, baseada na história de quadrinhos Something Is Killing the Children (Alguma Coisa Está Matando as Crianças, em tradução livre)
"Estamos trabalhando com um quadrinho bem reconhecido, e é interessante, porque temos esse lado bem 'alemão' de produção, nós não trabalhamos com heróis. Nossa nova personagem faz várias coisas erradas, eu mesmo não concordo com tudo, mas vai ser um conteúdo muito interessante para se trabalhar", afirmou Baran.
Ambos os criadores reforçaram que ainda não há escalação para os atores, mas a série está em desenvolvimento pela Netflix.