Tumba é descoberta embaixo de piso esquecido da catedral Notre Dame, em Paris (Getty Images/Getty Images)
Carla Aranha
Publicado em 17 de abril de 2022 às 15h14.
Última atualização em 17 de abril de 2022 às 15h16.
Os arqueólogos responsáveis pelas escavações da catedral Notre Dame, em Paris, vítima de um incêndio em 2019, tiveram uma surpresa nos últimos dias. Os trabalhos para examinar toda a estrutura da igreja a fim de deixá-la pronta para a restauração revelaram uma série de tumbas do século 14. Os sarcófagos, bem preservados, foram encontrados debaixo de uma camada formada por um piso antigo, do século 18, há muito tempo esquecido.
Escondidos durante séculos, os sarcófagos estão em boas condições, segundo os arqueólogos. Os pesquisadores acreditam que pelo menos um deles pertenceu a um proeminente dignitário da Igreja. "Há restos de tecido da roupa do falecido, além de cabelo e um travesseiro de folhas que era tracionalmente utilizado quando líderes religiosos eram enterrrados", diz Christophe Besnier, especialista do Instituto Nacional de Arqueologia da França. "O fato de que as folhas ainda estão lá mostra que a tumba foi muito bem preservada".
O principal cuidado, agora, é não deixar entrar luz e oxigênio demais no sarcófago, o que poderia colocar em risco a estrutura centenária. O caixão ainda não foi totalmente aberto -- os arqueólogos introduziram câmaras dentro do caixão para poder observar seu conteúdo.
A tumba deve ser transferida para o Instituto de Medicina Forense de Toulose, onde será aberta. Os estudo deverão apontar características importantes como o estado de saúde do indíviduo, a causa da morte e seu status social. Também deverá ser determinada com mais precisão a época em que ele (ou ela) viveu. "Caso fique provado que de fato é um sarcófago da Idade Média, será uma descoberta de uma prática de funeral rara para o período, dada sua pompa", diz Besnier.
Em visita à catedral na última sexta, dia 15, o presidente Emmanuel Macron prometeu reabri-la até 2024, quando Paris será sede das Olimpíadas. A igreja, uma das obras arquitetônicas mais importantes da Idade Média, está fechada desde 2019, quando foi tomada por chamas que destruíram o telhado e a torre, além de parte das paredes e outras estruturas.
Na primeira fase do trabalho de restauração, que foi chegou a ser suspenso em função da pandemia, foi necessário retirar mais de 200 toneladas de metal retorcido. Empresas e magnatas europeus doaram quase 900 milhões de euros para a recuperação da igreja, mas o valor talvez não seja suficiente, segundo o governo francês.
Depois de passar grande parte da campanha eleitoral sem participar de debates e aparições públicas, Macron decidiu acelerar o corpo a corpo na reta final para o segundo turno. As pesquisas de intenção de voto indicam a vitória de Macron, que teria cerca de 55% da preferência do eleitorado contra 45% de sua rival, a candida de direita Marine Le Pen, de acordo com uma enquete do Instituto Ipsos Sopra Steria. "A catedral Notre Dame é um símbolo de esperança", disse Macron durante sua vida ao local. "Venceremos".