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Publicado em 7 de novembro de 2024 às 17h09.
A ciência está em constante evolução e não deve ser vista como algo imutável ou infalível. A cada ano, novas descobertas desafiam noções previamente estabelecidas. Como foi o caso de uma “regra” de mais de cem anos que acabou refutada no campo da química.
Desta vez, os questionamentos foram direcionados para a "Regra de Bredt", que lida com as ligações entre átomos de carbono e tem grande relevância na produção de medicamentos e outras substâncias usadas por químicos e farmacêuticos em vários países.
A mudança de paradigma, que derrubou um conceito fixado nos livros didáticos de química desde 1924, foi liderada por Neil Garg, renomado professor de bioquímica e química da Universidade da Califórnia. Garg detalhou sua descoberta em um artigo publicado na revista Science.
A Regra de Bredt é crucial para o estudo de algumas moléculas orgânicas, como as olefinas (ou alcenos), que apresentam ligações duplas entre átomos de carbono e geralmente têm uma estrutura plana e estável. De acordo com a regra, uma ligação dupla de carbonos não poderia ocorrer na "cabeça-de-ponte", onde uma molécula bicíclica se conecta, pois isso causaria uma distorção instável e levaria ao colapso da molécula.
Por causa dessa teoria, cientistas evitavam explorar as olefinas "anti-Bredt" (ABOs), que contrariavam esse conceito. A equipe de Garg, no entanto, se propôs a criar essas moléculas proibidas pela regra. O processo envolveu tratar compostos conhecidos como silil (pseudo)halídeos com flúor, o que inicialmente gerava moléculas instáveis. A inovação veio ao adicionar um outro composto que “prendia” as moléculas, impedindo sua desestabilização e permitindo o estudo e a criação de novos compostos.
Esse avanço tem grande potencial para áreas como a indústria farmacêutica, que se beneficia da criação de estruturas tridimensionais, como as ABOs, para o desenvolvimento de novos medicamentos. Agora, os cientistas podem explorar um vasto campo de compostos que antes eram inacessíveis devido à Regra de Bredt.
O mais importante dessa pesquisa, no entanto, é a lição de que a ciência não é um conjunto de leis imutáveis. Ela deve ser encarada como um campo aberto à exploração e ao questionamento, onde o que parecia impossível no passado pode ser viável hoje. Muitas vezes, a chave para a descoberta está em adotar novas perspectivas e desafiar ideias que parecem absolutas.