Gatos demonstram habilidade em associar palavras e imagens, sugerindo potencial cognitivo. (Altan Gocher/NurPhoto/Getty Images)
Redator na Exame
Publicado em 13 de novembro de 2024 às 11h51.
Pesquisadores da Universidade Azabu, no Japão, conduziram um estudo intrigante que revela que gatos adultos conseguem formar associações entre palavras e imagens com uma rapidez superior à de bebês humanos. O estudo, publicado em outubro na revista Scientific Reports, envolveu 31 gatos e evidenciou que esses felinos são capazes de fazer conexões simples entre palavras inventadas e figuras visuais cerca de quatro vezes mais rápido do que bebês. As informações são do O Globo.
A pesquisa foi liderada por Saho Takagi, que submeteu os gatos a um experimento no qual eles assistiam a clipes de nove segundos com imagens animadas de um sol vermelho e um unicórnio azul, acompanhadas por sons de palavras fictícias — “paramo” e “keraru” —, repetidas enquanto as imagens eram exibidas. Assim como em estudos similares com bebês, a associação era testada até que os gatos perdessem o interesse.
Após uma pausa, as associações entre palavras e imagens foram invertidas, e os pesquisadores observaram uma reação curiosa dos animais. Confusos com a mudança, os gatos fixaram o olhar nas novas combinações por cerca de 15% mais tempo, sugerindo que perceberam a alteração.
Takagi descreveu o comportamento dos gatos durante o experimento como “adorável”, notando que alguns até apresentaram pupilas dilatadas ao notar a condição “invertida” das imagens e palavras. Esse comportamento indica que os gatos não apenas reconhecem a relação entre imagem e som, mas também reagem a mudanças inesperadas nas combinações que estavam acostumados a ver.
Contudo, especialistas como Carlo Siracusa, da Universidade da Pensilvânia, pedem cautela ao interpretar os resultados. "Comparar um animal adulto com um filhote humano de outra espécie apresenta desafios e limitações", explicou Siracusa à Live Science. Embora o estudo ofereça avanços na compreensão da cognição felina, ele também ressalta as dificuldades de pesquisa envolvendo animais que nem sempre seguem comandos e que precisam de tempo para se adaptar ao ambiente experimental.
Outro fator importante destacado por Siracusa é a questão das limitações da pesquisa com gatos, pois alguns animais precisaram ser excluídos do estudo. Essas restrições, segundo ele, são inerentes à natureza desses estudos e não diminuem o impacto dos resultados obtidos, que reforçam o potencial cognitivo dos felinos em associar elementos visuais e sonoros.
Além disso, Siracusa sugere que uma comparação com cães poderia trazer ainda mais insights sobre a inteligência dos gatos. "Cães também têm a capacidade de aprender palavras, mas as respostas evolutivas dessas espécies e suas histórias de domesticação são distintas, o que pode explicar variações em como absorvem e interpretam informações," afirmou o especialista.
Esse avanço na pesquisa é uma janela para entender melhor a inteligência dos gatos e como eles processam informações linguísticas e visuais. Embora o estudo ainda não revele se essa habilidade de associação é inata ou resultado de milênios de convivência com humanos, ele lança luz sobre uma área pouco explorada das capacidades felinas.