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Faustão teve prioridade em transplante? Veja o que se sabe sobre a cirurgia do apresentador

Apresentador foi "priorizado na fila de espera em razão de seu estado muito grave de saúde" — fato que foi criticado nas redes sociais

Fausto Silva: apresentador passou por uma cirurgia de transplante de coração neste domingo, 27. (TV Globo/Divulgação)
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 28 de agosto de 2023 às 07h45.

O apresentador Fausto Silva, o Faustão, passou por uma cirurgia de transplante de coração neste domingo , 27, no Hospital Albert Einstein, após ter sido "priorizado na fila de espera em razão de seu estado muito grave de saúde". Internado desde o dia 5 para tratar insuficiência cardíaca, sua equipe médica passou a indicar a cirurgia no dia 20. O prazo total entre a internação e o transplante foi de 22 dias. Em São Paulo, o tempo de espera por um transplante oficialmente é de 1 a 3 meses - mas pode ser reduzido por urgência.

Houve, porém, reações nas redes sociais, criticando a rapidez no processo. João Silva, filho do apresentador, usou o Instagram para se manifestar, republicando um story postado pelo amigo Enzo Celulari, em que se destacava "Informem-se antes de julgar" e o link para uma série de tuítes de um médico de Minas, pedindo para que "não façam ilações ou acusações irresponsáveis de 'furação' de filas ou interesses escusos".

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Segundo o Ministério da Saúde, entre 19 e 26 de agosto foram realizados 13 transplantes de coração no País, sendo 7 em São Paulo. "Ele (Faustão) recebeu um coração após constatada a compatibilidade necessária para o procedimento, assim como os outros sete transplantados", diz a nota oficial.

Aceite, após recusa

De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, na madrugada deste domingo a Central de Transplantes teve a oferta de um coração. "O sistema informatizado de gerenciamento de transplantes trouxe 12 pacientes que atendiam aos requisitos. Desses, quatro estavam priorizados, sendo que o paciente (Faustão) ocupava a segunda posição nesta seleção. A equipe transplantadora do paciente que ocupava a primeira posição decidiu pela recusa do órgão e, desta forma, a oferta seguiu para o segundo paciente da seleção."

De acordo com o boletim médico divulgado pelo Albert Einstein, a cirurgia ocorreu no início da tarde de ontem e durou 2h30. O procedimento foi realizado com sucesso. Faustão continuará na UTI para o acompanhamento da adaptação do órgão e para controle da rejeição.

Visão do especialista

Um prazo menor de 30 dias para um transplante de coração não é raro, de acordo com especialistas. "Isso com os critérios de gravidade que nós temos hoje. Neste ano, 60 pacientes no Brasil receberam o órgão com menos de um mês de fila de espera", afirma Gustavo Fernandes Ferreira, presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) e diretor do programa de transplante da Santa Casa.

É a mesma visão de Paulo Pêgo Fernandes, professor de cirurgia torácica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e presidente do conselho da ABTO. (O prazo) não surpreende. Não é rotineiro, mas já tivemos casos até mais rápidos."

Existem diferentes categorias de prioridade, de acordo o estado de saúde do paciente. Aquele que precisa de auxílio mecânico para o funcionamento do coração com o aparelho conhecido como Ecmo - máquina extracorpórea que fornece suporte para o sistema cardíaco - é o primeiro da fila. Depois, vêm aqueles que precisam de balões intraórticos, que ajudam a bombear o sangue para o organismo. Em seguida, os pacientes que estão na UTI, com medicamentos intravenosos. Por fim, aqueles que recebem tratamento na enfermaria. Quando o receptor está em tratamento ambulatório domiciliar, vale a ordem cronológica da fila e a espera chega a alguns meses.

Critérios

Para transplante de coração, são considerados critérios técnicos como a tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura e genética. O tamanho do órgão também é importante. "Em um paciente com prioridade, a média é de 40 dias, mas depende de todos esses fatores", diz Pêgo.

De acordo com o Ministério da Saúde, a lista para transplantes é única e vale tanto para os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto para os da rede privada. Quando os critérios técnicos são semelhantes, a ordem cronológica de cadastro, ou seja, a ordem de chegada, funciona como um critério de desempate. Pacientes em estado crítico são atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica.

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