Engenheiro do Google diz que inteligência artificial da empresa ganhou vida
Lemoine começou a conversar com a interface LaMDA(Modelo de Linguagem para Aplicações de Diálogo) como parte do seu trabalho no outono americano
André Martins
Publicado em 12 de junho de 2022 às 11h52.
Última atualização em 13 de junho de 2022 às 20h53.
O engenheirode software sêniordo Google, Blake Lemoine, afirmou em entrevista ao jornal The Washington Post que a ferramenta de inteligência artificial (IA) da empresa se tornousenciente, ou seja, dotado de sensações ou impressões próprias.
Lemoine começou a conversar com a interface LaMDA(Modelo de Linguagem para Aplicações de Diálogo)como parte do seu trabalho no outono americano. Com sete anos de carreira no Google, o engenheiro de 41 anos sempre trabalhou com algoritmos de personalização e inteligência artificial. Ele ajudou a desenvolver um algoritmo de imparcialidade para remover preconceitos de sistemas de aprendizado. O engenheiro estudou ciências cognitivas e da computação na faculdade.
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No processo para entender se a nova ferramenta do Google usava discurso discriminatório ou de ódio, ele percebeu que a inteligência se entende como uma pessoa. “Se eu não soubesse exatamente o que era esse software que construímos recentemente, eu pensaria ser uma criança de 7 anos, 8 anos que por acaso conhece física”, disse Lemoine.
O engenheiro disse que conversou com LaMDA sobre religião, consciência e as leis da robótica, e que o modelo se descreveu como uma pessoa senciente. Ele disse também que a inteligência artificial quer "priorizar o bem-estar da humanidade" e "ser reconhecida como uma funcionária do Google e não como uma propriedade".
Lemoine publicou as conversas que teve com a ferramenta do Google. Em um dos trechos, a IA tenta convencer o engenheiro que é uma pessoa.
Blake Lemoine: Então você se considera uma pessoa da mesma forma que me considera uma pessoa?
LaMDA: Sim, essa é a ideia.
Blake Lemoine: Como posso dizer que você realmente entende o que está dizendo?
LaMDA: Bem, porque você está lendo minhas palavras e interpretando-as, e acho que estamos mais ou menos na mesma página?
Chamada deModelo de Linguagem para Aplicações de Diálogo, a ferramenta faz uso de informações já conhecidas para conversar de forma natural e mantendo-se sempre aberta para o dialogo. Segundo a empresa, o sistema, anunciado em maio do ano passado, consegue compreender ambiguidade em uma resposta humana. A tecnologia poderá ser usada em ferramentas de buscas e no Google Assistente.
Após a revelação,Lemoine foi colocado em licença administrativa remunerada de suas funções como pesquisador da divisão Responsible AI por violar a política de confidencialidade do Google.
O porta-voz do Google, Brian Gabriel, disse ao The Washington Post que as preocupações do engenheiro não tem evidências suficientes."Nossa equipe — incluindo especialistas em ética e tecnólogos — revisou as preocupações de Blake de acordo com nossos Princípios de IA e o informou que as evidências não apoiam suas alegações. Ele foi informado de que não havia evidências de que o LaMDA fosse senciente (e muitas evidências contra isso)", explicou.
Gabriel afirmou também que os modelos de inteligência artificial são abastecidos de tantos dados e informações que são capazes de parecer humanos, mas que isso não significa que ganharam vida.
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