Taylor Swift: parceria com Disney pode impulsionar ações da empresa nesta sexta-feira, 14 (Emma McIntyre/TAS24 / Colaborador/Getty Images)
Repórter
Publicado em 12 de dezembro de 2025 às 06h29.
Última atualização em 12 de dezembro de 2025 às 06h37.
Com a estreia de mais um documentário e de outro filme de turnê de Taylor Swift nesta sexta-feira, 12, a Disney (DIS) deve ter um bom dia em Wall Street. Às 6h11, no horário de Brasília, as ações da gigante do entretenimento subiam 0,33% depois de fechar a quinta-feira, 11, em alta de 2,42%.
O mais novo acordo entre Swift e a Disney, que estreou às 5h da manhã, integra o pacote The End of An Era, composto por uma série documental de seis episódios e pelo filme The Final Show, que registra o último espetáculo da The Eras Tour, a turnê mais lucrativa da história.
Executivos da Disney classificam o lançamento como um dos movimentos mais estratégicos do ano. Segundo o jornalista britânico Rob Shuter, a empresa trata Swift como seu maior ativo para impulsionar crescimento no streaming, a ponto de bastidores já se referirem à data como “Dia de Taylor Swift”. A expectativa é de forte aumento no tráfego e no número de assinaturas do Disney+ ao longo do fim de semana.
A parceria, estimada em cerca de US$ 100 milhões, faz parte de uma ofensiva para elevar engajamento e retenção na plataforma. A base de fãs da cantora — jovem, feminina e de alta fidelização — coincide diretamente com o público que o Disney+ busca capturar. A empresa também utilizou o acordo como argumento interno para aplicar o reajuste de US$ 3 na assinatura mensal.
“Ela não é apenas uma popstar, ela é uma economia”, disse um executivo sênior da Disney a Shuter.
O impacto de Swift no desempenho das ações da Disney já foi comprovado em diferentes momentos — e analistas tratam esses movimentos como um indicador claro da força financeira que a artista exerce sobre a companhia.
Em 7 de fevereiro de 2024, quando a Disney anunciou durante o balanço trimestral que havia garantido os direitos exclusivos de exibição do filme The Eras Tour (Taylor’s Version), o mercado reagiu imediatamente. As ações saltaram entre 11% e 12% no pregão seguinte, saindo de aproximadamente US$ 97,8 para US$ 109,1, uma das maiores altas de curto prazo já registradas pela empresa naquele ano. Nas semanas que se seguiram, o papel permaneceu acima de US$ 110, consolidando o movimento de reprecificação positiva.
Segundo analistas consultados pela imprensa internacional à época, a reação não se aconteceu apenas por conta do anúncio em si, mas ao que ele representava: uma mudança no posicionamento estratégico do Disney+. O acordo foi interpretado como um ativo capaz de atrair novos assinantes, reduzir churn e reforçar a competitividade do serviço em relação a rivais como Netflix, Amazon Prime Video e Apple TV+. Para o mercado, Swift entrega algo que poucos artistas conseguem: audiência garantida em escala global.
O efeito voltou a se repetir em 13 de outubro deste ano, quando Swift anunciou no programa Good Morning America a chegada da docussérie e do filme The End of An Era ao Disney+. As ações subiram cerca de 3% intraday, fechando o pregão em US$ 110,27. Nos dias seguintes, o papel chegou a US$ 111,71, movimento que analistas associaram a um otimismo calculado. Embora o anúncio tenha sido público e amplamente antecipado, o mercado ainda enxerga o conteúdo de Swift como um motor de crescimento de assinaturas.
Para especialistas, os dois episódios reforçam a posição de Swift como um vetor financeiro dentro da estratégia da Disney. Para Geetha Ranganathan, analista sênior de mídia da Bloomberg Intelligence, o conteúdo da cantora representa “um investimento muito calculado e muito significativo” para o Disney+, capaz de “aumentar o engajamento da base de assinantes atual e realmente reduzir churn”. Segundo Ranganathan, as produções da artista “ressoam muito bem” com o público do serviço e funcionam como um diferencial competitivo claro.
Dados do mercado mostram que cada novo lançamento da cantora impulsiona visualizações imediatas, eleva cadastros e melhora métricas de retenção. O filme da The Eras Tour exibido no Disney+ em 2024 registrou 4,6 milhões de visualizações em três dias, segundo a própria empresa.
Além disso, estudos de engajamento mostram que a taxa média de retenção do Disney+ após seis meses é de 68%, segundo dados da Second Measure, empresa que monitora comportamento de assinaturas. A mesma fonte registra que assinantes do bundle da empresa — que incluem acesso a conteúdo premium — chegam a 78% de retenção no mesmo período. Isso, segundo analistas, ajudam a explicar por que a Disney estruturou lançamentos da cantora em formato seriado e com estreia escalonada, estratégia associada à ampliação do tempo de permanência do assinante. Internamente, espera-se que 12 de dezembro registre um dos maiores volumes de tráfego já vistos na plataforma.
Essa combinação explica por que, para parte do mercado, cada anúncio envolvendo Swift funciona como um catalisador de curto prazo para as ações da Disney. Para a companhia, a artista se tornou mais do que uma parceira de conteúdo e virou um mecanismo de valorização acionária e de fortalecimento estratégico do streaming.
Com a combinação entre apelo cultural, impacto econômico e histórico de resultados, a Disney aposta que Swift deverá impulsionar não apenas sua audiência global, mas também a confiança de investidores — consolidando mais um capítulo de uma das parcerias mais valiosas do entretenimento recente.