Contar a história da Nike em um filme semi biográfico, de quase duas horas, parecia ser um desafio e tanto de bilheteria para a nova empreitada de Ben Affleck. Eram muitas as possibilidades de se ter um péssimo resultado: um conteúdo maçante, tema nichado, linguagem difícil e, claro, plausíveis chances de tudo virar uma grande "publi" adaptada para o cinema. A boa notícia é que Air: A História por trás do Logo subverteu as expectativas.

O filme, que conta com elenco composto por Matt Damon, Viola Davis e Chris Tucker, conseguiu unir a divulgação da marca a uma história emocionante de conquista e reconhecimento. É uma grande mistura de tudo dentro do mundo corporativo: dia a dia no trabalho, ideias criativas, cultura organizacional, falhas na trajetória, inspiração e marcos históricos da Nike ao longo dos anos. E claro: tudo isso caminhando em conjunto da trajetória do início da carreira do icônico Michael Jordan, considerado por muitos como o maior jogador de basquete de todos os tempos.

A aposta de Ben Affleck (e da própria Nike) foi bem assertiva. De 2018 a 2019, a linha Air Jordan faturou US$ 3,14 bilhões e, apesar do preço, segue como uma das favoritas entre os jogadores de basquete e a comunidade rapper e de hip hop. O filme explora o começo dessa parceria — a primeira que levou à participação de um jogador nas vendas da uma marca de calçados.

A EXAME Pop assistiu ao filme e te traz uma visão de público comum para saber se vale a pena ou não investir na bilheteria. Confira:

História de esforço que emociona

 

Para além da história de Michael Jordan, Air: A História por trás do Logo aborda a trajetória de Sonny Vaccaro (Matt Damon), o funcionário da Nike que criou a linha Air Jordan e investiu no jogador muito antes de toda a fama dentro do basquete.

O ponto alto é o esforço do personagem dentro de uma companhia que, futuramente, se tornou legendária. No início da década de 1980, a Nike nada mais era do que uma marca de tênis de corrida. E estava bem abaixo das demais concorrentes, Adidas e Converse. O foco do filme aborda a valorização da cultura da Nike (e porque ela gerou tanto sucesso). Os valores da marca, seus objetivos e o modelo de trabalho são tão protagonistas quanto os próprios personagens — e estão dispostos ao longo do filme.

Rumo à trajetória do funcionário que tem uma grande epifania, o longa-metragem mostra — com toda a ambientação dos anos 1980 — o esforço de Sonny para convencer a companhia de que a próxima estrela do basquete seria Michael Jordan. E sua paixão já naquela época pelo jogador e sua família, quase como uma visão do futuro brilhante de Jordan nos anos seguintes.

A dedicação e o esforço, somado à própria história de Jordan, emociona: são trajetórias de crescimento e, mesmo que o público já conheça o final da história, há um clima de tensão constante.

Uma biografia que não se compromete a ser biográfica

Por mais que o filme seja inspirado na história da Nike e na de Michael Jordan, é de se notar que o longa está longe de ser uma autêntica biografia. Todo o enredo, na verdade, é bem "romântico"; da ordem dos acontecimentos tem mudanças à maneira como os negócios foram fechados, nem tudo o que foi retratado ali aconteceu daquela forma de verdade.

Ainda assim, o resultado "agrada os olhos": uma marca conhecida traz nostalgia ao público consumidor, enumera e explica o logo tradicional e o bordão característico da Nike "Just do it" (Apenas faça). O mesmo vale para a história de Jordan, ver sua ascensão e tudo o que o jogador conquistou ao longo dos anos pode tirar uma lágrima ou outra dos espectadores.

Protagonismo branco em uma história preta

Ainda que o filme romantize a história da Nike em uma típica jornada do herói, é notável que há um incômodo pendente no ar. O feito da linha Air Jordan tem, é claro, uma imensa parcela da Nike: foi ela que desenvolveu o tênis, um dos primeiros pensados especificamente para o jogador.

Mas é válido dizer que, bem, sem Michael Jordan, não haveria essa linha — tampouco os vários bilhões feitos desde 1984 e toda a ascensão da Nike. O filme todo ressalta os feitos do cobiçado jogador e sem dúvidas presta uma bonita homenagem a ele, mas se apoia na história de sucesso da Nike, na qual o "herói" do dia é, como sempre, mais um cara branco.

O longa em si está longe de ser racista, que fique claro, mas ver essa fórmula já antiga nos cinemas — ainda mais pautada em uma história com protagonismo negro — causou um certo desconforto.

Mas e ai, vale ver Air: A História por trás do Logo no cinema?

A história da linha Air Jordans foi um imenso acerto da Nike para revigorar a marca. O filme é divertido, mistura humor, emoção, nostalgia e faz uma bela homenagem à trajetória de Michael Jordan.

Além de uma bonita fotografia de época e trilha sonora empolgante, a trama prende —  e faz o público querer ter um exemplar da linha de tênis mais famosa do mundo.

A EXAME POP recomenda a bilheteria de Air: A História por trás do Logo, que além de ser uma merecida homenagem ao jogador, também explora um novo caminho de produção de filmes sobre negócios e assuntos corporativos.

Quem está no elenco de Air, filme da Nike?

O elenco de Air: A História por trás do Logo é composto por Ben Affleck (ator e diretor do filme), Matt Damon, Viola Davis, Chris Tucker, Jason Bateman e Marlon Wayans.

Onde assistir ao filme do Air Jordans?

Air: A História por trás do Logo está em cartaz nos cinemas nacionais e, em seguida, seguirá para o catálogo da Prime Video.

Quanto custa um tênis Air Jordan?

A linha Air Jordan é uma das mais rentáveis (e também mais caras) da Nike. Um exemplar tem valor que se inicia na faixa dos R$ 1200.