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Zaffari, Laghetto, Di Paolo: como três grandes empresas gaúchas estão lidando com o desastre no RS

Empresas de todo o Estado estão anunciando campanhas para ajudar os desabrigados, ao passo que lidam também com os impactos de seus negócios

Rio Grande do Sul: chuvas já mataram 95 pessoas (Anselmo Cunha/AFP)

Rio Grande do Sul: chuvas já mataram 95 pessoas (Anselmo Cunha/AFP)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 7 de maio de 2024 às 18h38.

Última atualização em 15 de maio de 2024 às 11h53.

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Ainda vai levar um bom tempo para ter a dimensão exata dos impactos da enchente que assola o Rio Grande do Sul há pelo menos uma semana. 

O último levantamento da Defesa Civil é que há 95 mortos, 131 desaparecidos e 361 feridos. Além disso, 1,3 milhão de pessoas foram afetadas, e muitas delas estão fora de casa. 

Num momento tão conturbado, a ajuda é bem-vinda de todos os lados: ações do poder público, voluntariado de civis e apoio financeiro e prático da iniciativa privada.

A EXAME conversou ao longo do dia com três grandes empresas gaúchas de setores importantes para a economia do Rio Grande do Sul: supermercados, hotelaria e restaurantes. Todas elas, assim como centenas de outras corporações, estão anunciando e trabalhando para ajudar na retomada do Estado, sonho número 1 para praticamente todos os gaúchos. 

Como o Zaffari lida com a enchente

O Zaffari, por exemplo, é a maior rede de supermercados do Estado. Faturou 7,6 bilhões de reais em 2023. A maior parte de suas unidades está em Porto Alegre e na região metropolitana, onde hoje a enchente é mais cruel.

Desde que a crise se agravou, na quinta-feira, a varejista viu explodir a demanda por vários tipos de produtos em seus supermercados. Ficou difícil encontrar produtos básicos, como arroz, massa, ovos e, principalmente, água potável. Aliás, é difícil encontrar água tratada em praticamente toda a cidade. Das seis estações de tratamento do município, apenas uma está funcionando no final da tarde dessa terça-feira, 7.

“Algumas lojas estão enfrentando interrupção de reposição de itens, em decorrência de obstrução logística ou por alta demanda de consumo. No entanto, a grande maioria dos produtos em falta possui itens semelhantes substitutivos dentro das próprias lojas”, disse a empresa, em nota à EXAME.

“Especificamente sobre a disponibilidade de água, a empresa já está racionando a venda de unidades por compra, porém a demanda é maior do que a disponibilidade do estoque, no momento. No entanto, a empresa reforça que o produto está sendo recebido em sua Central de Distribuição, para posterior envio às lojas”.

Até o momento, duas unidades da rede em Porto Alegre precisaram ser fechadas por causa das inundações. As demais lojas no Rio Grande do Sul operam em horários especiais. O supermercado também anunciou a doação de 10.000 cestas básicas às pessoas desabrigadas. 

Como a Laghetto lida com a enchente

Empresa de hotelaria com sede em Gramado, a Laghetto viu a crise abalar seus negócios antes das águas caírem no Guaíba. Isso porque boa parte de sua operação está na Serra Gaúcha, onde os piores momentos das tempestades aconteceram durante a semana, entre segunda e quinta-feira. 

A empresa tem hotéis em Gramado, Canela, Bento Gonçalves, Rio Grande, Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro.

Neste momento, a empresa enfrenta duas situações distintas. A primeira é que há hóspedes que chegaram antes da crise começar e agora estão presos porque não conseguem voos para voltar a seus destinos, uma vez que o principal aeroporto do Estado está fechado -- e deverá continuar assim pelo menos até 30 de maio. 

A segunda é uma onda de cancelamentos e tentativas de remarcações de quem estava prestes a chegar. 

“Existe uma grande campanha para as pessoas remarcarem suas viagens e não cancelarem, porque também vamos sofrer no futuro”, diz Cristiane Mörs, diretora de Vendas e Marketing da Laghetto. “Mas a partir do momento que a pessoa diz que precisa do dinheiro, estamos fazendo a devolução. Faremos cancelamento sem cobrança de multa, devolução de dinheiro, carta de crédito sem custo”.

A rede de hotéis também se mobilizou para ajudar. A empresa liberou os quartos para voluntários que estão ajudando nos resgates. Eles podem dormir e tomar banho por ali gratuitamente. A ação, porém, está andando de lado. Isso porque alguns hotéis da empresa, como uma das duas operações que têm em Porto Alegre, estão sem água. 

Como a Di Paolo lida com a enchente

Assim como a Laghetto, a rede de restaurantes com culinária italiana Di Paolo também tem boa parte de suas operações na Serra, onde as fortes chuvas causaram estragos principalmente durante a semana. 

Apesar disso, três lojas da rede estão fechadas: duas em Porto Alegre e uma em Esteio, na região metropolitana. Pelo menos 20 funcionários da rede foram afetados pela enchente, alguns tiveram perda total de suas casas, porém todos se encontram bem, abrigados, parte deles em unidades próprias do restaurante.

Para ajudar, a empresa está distribuindo alimentos para as pessoas desabrigadas. Em Bento Gonçalves e Caxias do Sul, também está dando apoio para os pilotos envolvidos nas buscas por vítimas. As lojas fora do Rio Grande do Sul também servirão de ponto de coleta para produtos. A empresa usará sua malha logística para levar os produtos para dentro do Estado. 

Como doar

Como doar para o Rio Grande do Sul

  • PIX (CNPJ): 92.958.800/0001-38
  • Conta SOS Rio Grande do Sul
  • Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul)
Atenção: quando realizar a operação, confirme que o nome da conta que aparece é "SOS Rio Grande do Sul" e que o banco é o Banrisul.

Como fazer doações para o Rio Grande do Sul no exterior

Zona do Euro

Banco Standard Chartered
Bank Frankfurt
Swift: SCBLDEFX
Conta: 007358304

Zona do Dólar

Banco Standard Chartered
Bank New York
Swift: SCBLUS33
Conta: 3544032986001

Para ambos os casos, é preciso informar:

Código IBAN: BR5392702067001000645423206C1
Nome: Associação dos Bancos no Estado do Rio Grande do Sul
CNPJ: 92.958.800/0001-38

Como fazer doações no local?

Empresas, grupos de serviço e organizações que desejarem enviar doações deverão contatar previamente a Defesa Civil do Estado no telefone (51) 3120-4255 para tratativas envolvendo a logística do material.

As doações estão sendo direcionadas para centros específicos e a Defesa Civil reforça quais produtos e alimentos poderão ser doados.

Porto Alegre

Local: Central Logística, localizada na Avenida Joaquim Porto Villanova, número 101, bairro Jardim Carvalho, em Porto Alegre.

Neste local, podem ser entregues:

  • Colchões (novos ou em bom estado)
  • Roupa de cama
  • Roupa de banho
  • Cobertores
  • Água potável
  • Ração animal
  • Cestas básicas fechadas

Não estão sendo recebidos:

  • Roupas e calçados
  • Medicamentos
  • Móveis e utensílios domésticos

Vale do Rio Pardo

Outro local para entrega é o Centro Regional de Doações do Vale do Rio Pardo, na Avenida Independência, 2293 - Bloco 41 - Universitário, em Santa Cruz do Sul, com horário de funcionamento 24 horas,

Itens que estão recebendo:

  • Alimentos não perecíveis
  • Material higiene e limpeza

Vale do Taquari

Em Lajeado, os itens podem ser entregues no Centro Regional de Doações Vale do Taquari, localizado na sede do Clube União Campestre, na Rua Rosalina Schneider Baron, 14, bairro Campestre, das 8h às 18h.

Itens que estão recebendo:

  • Alimentos não perecíveis
  • Marmitas prontas
  • Água potável
  • Material de higiene e limpeza
  • Absorventes
  • Fraldas descartáveis

Santa Maria

Os itens também podem ser entregues no Centro Regional de Doações Santa Maria, localizado no Centro Desportivo Municipal Farrezão, na Rua Appel, 798, bairro Nossa Senhora de Fátima, em Santa Maria, das 10h às 16h.

Itens que estão recebendo:

  • Alimentos não-perecíveis
  • Água potável
  • Roupas de cama
  • Itens de higiene e limpeza
  • Absorventes
  • Fraldas descartáveis

Vale do Caí

Em São Sebastião do Caí, os itens podem ser entregues no Centro Regional de Doações Vale do Caí, localizado no Salão Paroquial da Igreja Matriz, na Rua Marechal Floriano esquina Henrique D'Ávila, em frente à Praça Municipal, das 8h às 18h.

Itens que estão recebendo:

  • Colchões
  • Cestas básicas
  • Itens de higiene e limpeza
  • Toalhas
  • Roupas de cama
  • Água potável

Como ser um voluntário?

A Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil do Rio Grande do Sul lançou um formulário para voluntários que desejam atuar em tarefas de organização, seleção e triagem das doações de ajuda humanitária.

Instituições, empresas e ou grupos interessados no voluntariado também podem preencher o cadastro no link https://casamilitar-rs.com.br/voluntariado/.

Negócios em Luta

A série de reportagens Negócios em Luta é uma iniciativa da EXAME para dar visibilidade ao empreendedorismo do Rio Grande do Sul num dos momentos mais desafiadores na história do estado. Cerca de 700 mil micro e pequenas empresas gaúchas foram impactadas pelas enchentes que assolam o estado desde o fim de abril.

São negócios de todos os setores que, de um dia para o outro, viram a água das chuvas inundar projetos de uma vida inteira. As cheias atingiram 80% da atividade econômica do estado, de acordo com estimativa da Fiergs, a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul.

Os textos do Negócios em Luta mostram como os negócios gaúchos foram impactados pela enchente histórica e, mais do que isso, de que forma eles serão uma força vital na reconstrução do Rio Grande do Sul daqui para frente.

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