Exame Logo

Vesper Ventures, de SC, capta R$ 100 milhões para desenvolver negócios bilionários com biotecnologia

Fundado por empreendedores com passagens por centros de tecnologia avançada, como o alemão Frauhofer, fundo de venture capital busca transformar cientistas com boas ideias em lideranças também nos negócios

Da esquerda para direita, Pedro Moura, Rafael Bottós, Julio Moura Neto, Gabriel Bottós e Jonas Sister, da Vesper Ventures: em busca dos negócios de 1 bilhão de dólares (Divulgação/Divulgação)
Leo Branco

Editor de Negócios e Carreira

Publicado em 27 de junho de 2023 às 13h08.

Muita gente fala do potencial da biotecnologia no país com natureza exuberante como o Brasil. Essa conversa dá uma certa urticária no empreendedor catarinense Gabriel Mantovani Bottós.

"Sabemos das oportunidades, mas poucos abrem a carteira para tirar as ideias do papel", diz ele. "A mentalidade dos fundos com atuação no Brasil é de curto prazo, um horizonte pequeno demais para a maturação de negócios de tecnologias incipientes."

Veja também

Bottós tem propriedade para falar do assunto. Em 2008, ele e o irmão Rafael fundaram a Welle Laser, fabricante de máquinas de corte a laser cuja tecnologia foi desenvolvida pelos dois após uma temporada no Instituto Fraunhofer, centros de excelência espalhados pela Alemanha e dedicados à tecnologia avançada.

Reconhecida em 2014 pela EXAME como a pequena e média empresa com maior crescimento no Brasil, a Welle Laser entrou para a Endeavor, rede global de fomento ao empreendedorismo e expandiu o portfólio para soldas e sensores para monitoramento das máquinas a laser.

O que é a Vesper Ventures

Nos últimos cinco anos, Gabriel resolveu atuar também no outro lado do balcão — o do financiamento a tecnologias ainda muito longe do ponto de maturação.

Ele é o fundador da Vesper, uma gestora de venture capital dedicada à biotecnologia. A pegada, por ali, é o de financiar a ideia de empreendedores com gana de não apenas criar um negócio, e sim mercados inteiros para chamar de seus.

"A gente aqui está disposto a encontrar ideias que um dia valerão mais de 1 bilhão de dólares", diz.

Nesta semana, os sócios da Vesper — Gabriel e o irmão, além de Julio Moura e Jonas Sister — anunciaram a captação de 100 milhões de reais para levar adiante o plano.

A quantia praticamente multiplicou por cinco o valor levantado desde o início da gestora, sobretudo junto a family offices e outros investidores acostumados a apostar em negócios inovadores.

Quais negócios o fundo está de olho

Ao todo, nesta nova rodada, serão selecionadas dez startups. Para fazer parte do portfólio da Vesper, os projetos têm que preencher os seguintes critérios:

Ao contrário de países acostumados a aportar recursos em biotecnologia, como Estados Unidos, Israel e Coreia do Sul, tudo isso ainda engatinha no Brasil.

"No Brasil, as incubadoras e aceleradoras se preocupam mais em conquistar o máximo de market share num curto período de tempo do que ajudar o departamento de P&D das empresas embrionárias", diz ele.

"Para o desenvolvimento pleno de biotecnologia, no entanto, a estratégia é totalmente oposta, uma vez que utiliza tecnologias inéditas. Primeiro é preciso validar as hipóteses e só então negociar licenciamentos no mercado."

Como será a seleção de ideias

O segundo fundo da Vesper vai contar apenas com financiamento de terceiros — o primeiro tinha recursos de family & friends além de uma quantia aportada pelos próprios sócios.

A Vesper vai selecionar empreendedores dispostos a começar o negócio do zero sob supervisão do grupo. O alvo preferencial são cientistas já com histórico de pesquisa em biotecnologia — e patentes registradas.

O plano é, de fato, "pegar na mão" da liderança acadêmica para ela virar, também, uma liderança empreendedora.

"Fora a própria dificuldade em se desenvolver biotecnologia, com pesquisa científica aplicada, nem todos os pesquisadores estão preparados, conhecem as regras do sistema, entendem a importância e o potencial de proteger seus ativos ou têm visão de negócio, o que resulta no baixo número de patentes", diz Gabriel.

Antes de serem selecionados, os novos projetos passarão por uma avaliação de conselheiros científicos.

A lista inclui a neurocirurgiã Maíra Bicca (Johns Hopkins University), o médico cirurgião Paulo Schor, especialista em medical design, e Paulo Arruda, docente na Unicamp em agricultura e genética.

Quem já está no portfólio da Vesper

Com os 25 milhões de reais levantados na primeira rodada de captação, em 2019, a Vesper analisou 3.000 pesquisas científicas com potencial comercial.

O trabalho resultou num portfólio com os seguintes negócios:

Acompanhe tudo sobre:Venture capitalEmpreendedoresEmpreendedorismo

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Negócios

Mais na Exame