Venda de distribuidoras segue nas prioridades do governo, diz Eletrobras
A empresa está autorizada a operar as seis distribuidoras até 31 de julho. Caso não sejam vendidas após esse prazo, serão liquidadas
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de maio de 2018 às 14h34.
Última atualização em 30 de maio de 2018 às 14h50.
São Paulo - O presidente da Eletrobras , Wilson Ferreira Junior, afirmou que, embora a pauta da estatal tenha sido "atropelada" na última semana pela greve dos caminhoneiros , os trabalhos para a venda das seis distribuidoras seguem nas prioridades do governo. A jornalistas, o executivo avaliou que o momento pede "paciência", já que o País enfrentou uma semana atípica. "O governo tem que definir prioridades, fez, e na minha avaliação, fez bem. Agora, obviamente, reconhecendo a importância do trabalho da Eletrobras, da privatização das distribuidoras, vai caminhar de forma alternativa para chegar no mesmo fim."
Sobre a perda de validade da Medida Provisória 814, que destravava a privatização das distribuidoras da estatal nos Estados do Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Alagoas e Piauí, Wilson Ferreira afirmou que o conteúdo da MP relacionado às distribuidoras está apreciado em um projeto de lei que está, agora, na Casa Civil. Se o PL for votado em regime de urgência, como foi estabelecido, o presidente da Eletrobras acredita que o cronograma atual de venda das distribuidoras não será afetado.
A Eletrobras está autorizada a operar as seis distribuidoras até 31 de julho - depois esse prazo, elas serão liquidadas, caso não sejam vendidas. "Estamos entrando em junho, se recebermos as contribuições do Tribunal de Contas da União (TCU), o edital pode fazer com que sejam vendidas um mês depois, no começo de julho. É possível que tenhamos que fazer ajuste para continuar operando elas um tempinho para fazer a liquidação da operação e a transferência definitiva para o novo operador", comentou.
Conforme noticiado pelo Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), o TCU deve aprovar nesta quarta-feira, 30, o edital de privatização das distribuidoras. O órgão controlador avalia que os principais riscos à privatização das distribuidoras foram resolvidos.
O maior problema é em relação à Amazonas Energia que, para ser vendida, precisa concluir o processo de desverticalização das operações de geração e transmissão e cedê-las à Amazonas Geração e Transmissão.
O edital deixará claro que as condições de venda pressupõem que o pré-acordo firmado entre Eletrobras e Petrobras seja integralmente cumprido.
Eletropaulo
O presidente da Eletrobras avaliou que as seis distribuidoras da estatal que deverão ser vendidas são ativos ainda mais atrativos que a Eletropaulo - cuja disputa acirrada pelo controle acionário já evidencia o apetite existente hoje no mercado de distribuição, comenta o executivo. "Nossos negócios têm mais vantagem em relação a uma operação como a da Eletropaulo, porque elas são ineficientes, há um valor a ser criado pela reestruturação", disse a jornalistas após participar de evento em São Paulo.
A concorrência pelo controle da Eletropaulo foi marcada por aumentos de preços por parte das duas empresas habilitadas, a italiana Enel e a Neonergia, controlada pela espanhola Iberdrola. De acordo com o presidente da Eletrobras, a Eletropar (subsidiária da estatal) aproveitará o leilão da Eletropaulo para vender sua participação na distribuidora paulista - que é "irrelevante", aponta Wilson Ferreira.
SPEs
E o cenário para a venda da participação da Eletrobras nas sociedades de participação específica (SPEs) é ainda mais positivo, afirma o presidente da estatal. São negócios "bem financiados" e que já estão performando e gerando dividendos - ou seja, quase não há risco. "E são em setores como eólico e transmissão, que estão consagrados com boa regulação", acrescenta.
A Eletrobras irá vender sua participação em 70 sociedades de participação específica (SPEs) - em 64, a participação é minoritária, o que deve naturalmente atrair o interesse dos sócios já envolvidos nesses negócios. Para o presidente da estatal, as SPEs devem atrair investidores estratégicos e financeiros. "Vemos grande interesse de fundos de investimentos (...) Acredito que pode ter competição e, portanto, ágio."