Vale vê sobra de capacidade produtiva em minério só em 2015
Diretor da companhia disse que mercado global deve atingir equilíbrio entre oferta e demanda neste ano e seguir com oferta "apertada" em 2014
Da Redação
Publicado em 7 de outubro de 2013 às 18h41.
São Paulo - O mercado global de minério de ferro deve atingir equilíbrio entre oferta e demanda neste ano e seguir com oferta "apertada" em 2014, antes de começar a ver sobra de capacidade produtiva a partir de 2015, afirmou nesta segunda-feira o diretor de Ferrosos e Estratégia da Vale , José Carlos Martins.
Durante evento em São Paulo que reuniu presidentes das maiores siderúrgicas do mundo, Martins afirmou que os preços da commodity devem ficar entre 100 e 120 dólares por tonelada nos próximos 3 a 5 anos.
"O pico nos preços que atingimos dificilmente vai acontecer de novo", disse o executivo.
O preço do minério de ferro na Ásia atingiu um pico de quase 200 dólares por tonelada em fevereiro de 2011. Mas está atualmente em 131,40 dólares para o produto com 62 por cento de ferro, bem acima da mínima de três anos, de 86,70 dólares, registrada em setembro de 2012.
O diretor da maior produtora de minério de ferro do mundo disse ainda acreditar que a volatilidade do preço do produto vai diminuir nos próximos anos.
Com investimentos realizados em expansão das operações pelas principais mineradoras do mundo, a indústria de minério de ferro terá um excesso de capacidade produtiva de cerca de 100 milhões de toneladas entre 2018 e 2020, afirmou Martins.
Atualmente, segundo ele, o mercado transoceânico da commodity movimenta 1,2 bilhão de toneladas por ano, volume que deve crescer para 1,5 bilhão de toneladas em 2020.
Mesmo com parte dessa expansão programada pela indústria já entrando em operação em um prazo mais curto, Martins disse que não aposta em queda significativa nos preços da commodity, em parte porque há muitos produtores no mercado internacional que operam com altos custos ainda.
A capacidade de produção da Vale, por sua vez, deve subir para 450 milhões de toneladas em 2018, ante um volume atual produzido pela empresa de 306 milhões.
Boa parte desse volume adicional virá da Serra Sul de Carajás. O projeto S11D, o principal da empresa, está com 45 por cento das obras concluídas, revelou o executivo.
O S11D, em plena selva amazônica, tem previsão de iniciar produção em 2016, atingindo capacidade máxima em 2018, de 90 milhões de toneladas, equivalente ao que a Vale já extrai na região, nas minas ao norte da Serra dos Carajás.
Modestamente Otimista
Martins afirmou que um dos objetivos da Vale é reduzir a volatilidade dos preços da commodity e que a taxa de retorno dos investimentos em expansão "são boas mesmo em condições de estresse".
Quando perguntando sobre a diferença entre o forte crescimento de capacidade projetado pela empresa e a avaliação de que o mercado mundial começará a viver um estágio de leve excesso de capacidade a partir de 2015, Martins defendeu os planos da Vale.
"Se fôssemos dar ouvidos apenas ao mercado financeiro, hoje o preço do minério de ferro estaria em 80 dólares por tonelada", disse o executivo.
Ele lembrou que desde 2005 a indústria não vive uma situação de excesso de capacidade de produção de minério de ferro.
Segundo ele, a Vale esta "moderadamente otimista" sobre o cenário de consumo de minério de ferro no mundo diante de perspectivas de crescimento mais modesto da economia chinesa, principal consumidor mundial do insumo, ao lado de recuperação das economias dos Estados Unidos e da Europa, em menor intensidade.
A Vale estima um crescimento médio anual no consumo global de aço de 2,7 por cento nos próximos anos, puxado pela Ásia, com destaque para o Sudeste do continente, onde a companhia ergueu um porto na Malásia usado como um centro de distribuição da commodity na região.
China
Os supercargueiros Valemax ainda não receberam autorização plena para atracarem regularmente na China, mas Martins afirmou que espera que os chineses "mais cedo ou mais tarde entendam que será bom para eles" darem permissão ao atracamento das embarcações nos portos do país.
Segundo ele, os megacargueiros reduzem o custo do transporte do minério extraído no Brasil em 7 dólares por tonelada. Parte desse ganho, porém, está sendo consumido em operações de transbordo para navios menores que têm permissão de atracar na China.
Com a transferência da carga para navios menores, "o custo em média aumenta 2 dólares por tonelada, então, os 7 dólares estão virando 5 por não entregar diretamente no cliente", disse Martins sobre a China.
CSA & CSP
Martins afirmou que a Vale continua com seus planos de manter sua participação no fornecimento de minério de ferro para siderúrgicas no mercado brasileiro.
A empresa é sócia da alemã ThyssenKrupp na Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) e "não pretendemos aumentar nossa exposição acionária neste empreendimento", disse Martins, afirmando que a CSA tem cumprido programação de consumir de 6 a 7 milhões de toneladas de minério de ferro da Vale por ano.
Enquanto isso, a Companhia Siderúrgica do Pecém está sendo construída pela Vale e as sul-coreanas Dongkuk e Posco. A usina é a primeira siderúrgica integrada do Nordeste e deve consumir até 5 milhões de toneladas de minério por ano quando entrar em operação nos próximos dois anos, disse Martins.
São Paulo - O mercado global de minério de ferro deve atingir equilíbrio entre oferta e demanda neste ano e seguir com oferta "apertada" em 2014, antes de começar a ver sobra de capacidade produtiva a partir de 2015, afirmou nesta segunda-feira o diretor de Ferrosos e Estratégia da Vale , José Carlos Martins.
Durante evento em São Paulo que reuniu presidentes das maiores siderúrgicas do mundo, Martins afirmou que os preços da commodity devem ficar entre 100 e 120 dólares por tonelada nos próximos 3 a 5 anos.
"O pico nos preços que atingimos dificilmente vai acontecer de novo", disse o executivo.
O preço do minério de ferro na Ásia atingiu um pico de quase 200 dólares por tonelada em fevereiro de 2011. Mas está atualmente em 131,40 dólares para o produto com 62 por cento de ferro, bem acima da mínima de três anos, de 86,70 dólares, registrada em setembro de 2012.
O diretor da maior produtora de minério de ferro do mundo disse ainda acreditar que a volatilidade do preço do produto vai diminuir nos próximos anos.
Com investimentos realizados em expansão das operações pelas principais mineradoras do mundo, a indústria de minério de ferro terá um excesso de capacidade produtiva de cerca de 100 milhões de toneladas entre 2018 e 2020, afirmou Martins.
Atualmente, segundo ele, o mercado transoceânico da commodity movimenta 1,2 bilhão de toneladas por ano, volume que deve crescer para 1,5 bilhão de toneladas em 2020.
Mesmo com parte dessa expansão programada pela indústria já entrando em operação em um prazo mais curto, Martins disse que não aposta em queda significativa nos preços da commodity, em parte porque há muitos produtores no mercado internacional que operam com altos custos ainda.
A capacidade de produção da Vale, por sua vez, deve subir para 450 milhões de toneladas em 2018, ante um volume atual produzido pela empresa de 306 milhões.
Boa parte desse volume adicional virá da Serra Sul de Carajás. O projeto S11D, o principal da empresa, está com 45 por cento das obras concluídas, revelou o executivo.
O S11D, em plena selva amazônica, tem previsão de iniciar produção em 2016, atingindo capacidade máxima em 2018, de 90 milhões de toneladas, equivalente ao que a Vale já extrai na região, nas minas ao norte da Serra dos Carajás.
Modestamente Otimista
Martins afirmou que um dos objetivos da Vale é reduzir a volatilidade dos preços da commodity e que a taxa de retorno dos investimentos em expansão "são boas mesmo em condições de estresse".
Quando perguntando sobre a diferença entre o forte crescimento de capacidade projetado pela empresa e a avaliação de que o mercado mundial começará a viver um estágio de leve excesso de capacidade a partir de 2015, Martins defendeu os planos da Vale.
"Se fôssemos dar ouvidos apenas ao mercado financeiro, hoje o preço do minério de ferro estaria em 80 dólares por tonelada", disse o executivo.
Ele lembrou que desde 2005 a indústria não vive uma situação de excesso de capacidade de produção de minério de ferro.
Segundo ele, a Vale esta "moderadamente otimista" sobre o cenário de consumo de minério de ferro no mundo diante de perspectivas de crescimento mais modesto da economia chinesa, principal consumidor mundial do insumo, ao lado de recuperação das economias dos Estados Unidos e da Europa, em menor intensidade.
A Vale estima um crescimento médio anual no consumo global de aço de 2,7 por cento nos próximos anos, puxado pela Ásia, com destaque para o Sudeste do continente, onde a companhia ergueu um porto na Malásia usado como um centro de distribuição da commodity na região.
China
Os supercargueiros Valemax ainda não receberam autorização plena para atracarem regularmente na China, mas Martins afirmou que espera que os chineses "mais cedo ou mais tarde entendam que será bom para eles" darem permissão ao atracamento das embarcações nos portos do país.
Segundo ele, os megacargueiros reduzem o custo do transporte do minério extraído no Brasil em 7 dólares por tonelada. Parte desse ganho, porém, está sendo consumido em operações de transbordo para navios menores que têm permissão de atracar na China.
Com a transferência da carga para navios menores, "o custo em média aumenta 2 dólares por tonelada, então, os 7 dólares estão virando 5 por não entregar diretamente no cliente", disse Martins sobre a China.
CSA & CSP
Martins afirmou que a Vale continua com seus planos de manter sua participação no fornecimento de minério de ferro para siderúrgicas no mercado brasileiro.
A empresa é sócia da alemã ThyssenKrupp na Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) e "não pretendemos aumentar nossa exposição acionária neste empreendimento", disse Martins, afirmando que a CSA tem cumprido programação de consumir de 6 a 7 milhões de toneladas de minério de ferro da Vale por ano.
Enquanto isso, a Companhia Siderúrgica do Pecém está sendo construída pela Vale e as sul-coreanas Dongkuk e Posco. A usina é a primeira siderúrgica integrada do Nordeste e deve consumir até 5 milhões de toneladas de minério por ano quando entrar em operação nos próximos dois anos, disse Martins.