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TVs de tela fina se consolidam no Brasil com Natal forte

Pela primeira vez, a venda de televisores de LCD, LED e plasma vai superar a de TVs de tubo em um ano

Modelos de TV 3D: vendas de telas finas vão bater a de TVs de tubo em 2010 (DULLA/Alfa)

Modelos de TV 3D: vendas de telas finas vão bater a de TVs de tubo em 2010 (DULLA/Alfa)

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Da Redação

Publicado em 6 de dezembro de 2010 às 14h11.

São Paulo - Os fabricantes de televisores projetam um crescimento entre 40% e 50% nas vendas de televisores de tela fina no Natal, em relação às Festas do ano passado. Essa categoria inclui os aparelhos de LCD, LED, 3D e plasma. Não é pouca coisa, quando se considera que a data poderia ser esvaziada pela Copa do Mundo, que fez com que as vendas de TV saltassem 120% nos meses de maio e junho, em relação ao mesmo período de 2009.

Se as previsões forem cumpridas, 2010 se tornará o ano em que o mercado de TV de telas finas superou, pela primeira vez, o de aparelhos de tubo no Brasil. O mercado de televisores é considerado maduro, já que a penetração desse aparelho nos lares é de mais de 90%. Por isso, ele costuma movimentar entre 9 e 10 milhões de unidades por ano – puxado, sobretudo, pelas substituições de TVs mais velhas.

No ano passado, 55% dos aparelhos vendidos foram de tubo. “Neste ano, a expectativa é de que 60% sejam de telas finas”, afirma Eduardo Junqueira, diretor da categoria de TVs e audiovídeo da Philips. “É a primeira vez que isso acontece no Brasil”, diz.

Migração

Segundo os fabricantes, o Brasil vive uma grande migração para esse tipo de aparelho – e a adoção é vista em todas as classes de consumidores. Na virada de 2009 para 2010, as TVs de tela fina estavam presentes em apenas 25% dos lares brasileiros. Nas classes mais altas, a A e B, a taxa não era muito maior: 31%. “Isso explica a demanda que o mercado sentiu neste ano”, afirma Junqueira, da Philips.

Assim, todos os tipos de consumidores foram às compras ao longo do ano. No caso dos mais endinheirados, assistiu-se à migração para tecnologias mais sofisticadas, como as TVs de LED e 3D, com telas grandes – geralmente, a partir de 50 polegadas. “Essas são as tecnologias que mais atraem as classes A e B hoje”, afirma Rafael Cintra, gerente sênior de TVs da Samsung. Estima-se que, neste ano, 700.000 aparelhos de LED e 3D sejam vendidos no Brasil.


Outra parcela desse público continua fiel a uma tecnologia que perdeu espaço para as demais – a das TVs de plasma. Esse mercado deve movimentar umas 400.000 unidades neste ano. Segundo os especialistas, as TVs de plasma são procuradas por quem gosta de telas grandes – geralmente, a partir de 50 polegadas -, mas o que atrapalha sua popularização é o elevado consumo de energia. Um aparelho do tipo costuma demandar quatro vezes mais eletricidade que as outras tecnologias de telas finas.

Consumo emergente

Já virou lugar comum destacar o papel da classe C como base para a expansão do consumo de diversos produtos e serviços. No mercado de televisores, a nova classe média também tem o seu lugar de destaque. “Hoje, o foco do mercado é o consumidor da classe C”, afirma Luciano Bottura, gerente de produtos da linha de televisores Bravia, da Sony.

Há dois fatores que permitiram a entrada da classe média nesse mercado. O primeiro é a gradual queda de preços. Com o avanço da tecnologia e o maior volume de produção, o preço das TVs de tela fina caiu, em média, entre 10% e 12% nos últimos 12 meses.

O segundo motivo é a facilidade de pagamento. Neste Natal, por exemplo, há redes de varejo oferecendo televisores em até 18 prestações. “O parcelamento é importantíssimo para atingir essa camada da população”, afirma Fernanda Summa, gerente de produtos de TV da LG.

Em uma pesquisa recente, o Programa de Administração do Varejo (Provar) da Fundação Instituto de Administração (FIA) constatou que 72,7% dos entrevistados pretendem parcelar as compras de eletro-eletrônicos neste quarto trimestre – sendo, logicamente, o pico de consumo concentrado no Natal. “O interesse da classe C por uma TV nova sempre foi forte, mas o que puxa o consumo neste ano é o crediário”, diz o professor Nuno Fouto, do Provar/FIA.

Modelos de entrada

Outro sinal de que é a classe média emergente quem puxa esse mercado é o tipo de TV vendida. Os televisores de LCD de 32 e 40 polegadas são os campões, concentrando 70% dos negócios. Com preços sugeridos pelos fabricantes entre 1.500 e 1.800 reais (versões com Full HD e conversor embutido), são os chamados modelos de entrada – aquele com o qual o consumidor estreia em uma nova categoria de produto. Isto porque são as TVs mais próximas do formato de 29 polegadas, predominante nas TVs de tubo.

A briga pela preferência dos consumidores é apimentada pelo fato de que, ao contrário dos tempos da TV de tubo, agora a marca conta pouco na hora da escolha. “Não há mais tanta fidelidade à marca, porque o consumidor não percebe mais uma diferença grande de qualidade e tecnologia”, diz Fouto, do Provar/FIA.

Assim, ao trocar de tecnologia, o consumidor tende a misturar critérios racionais, como o preço e as condições de pagamento, a outros irracionais, como o status que uma nova TV vai lhe conferir. “A compra de uma TV sempre tem um pouco de impulso e de racionalidade”, diz Fernanda, da LG.

Como poucos podem trocar de TV em curtos espaços de tempo, atrair esse consumidor que está comprando, pela primeira vez, seu aparelho de tela fina é um desafio e tanto para os fabricantes. “Precisamos fisgar a pessoa na hora em que ele vai comprar sua primeira TV”, diz Bottura, da Sony. Na briga pela preferência dos consumidores no Natal, as fabricantes lutam para cair nas graças do Bom Velhinho.

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