"Quando chegar (uma decisão), eu examinarei", disse o presidente a jornalistas, ao destacar que toda parceria comercial é "bem-vinda".
Transferir controle da Embraer está fora de cogitação, diz Temer
Declaração do presidente vem após as fabricantes de aviões Embraer e Boeing afirmarem que estão discutindo uma combinação de seus negócios
Reuters
Publicado em 22 de dezembro de 2017 às 12h55.
Última atualização em 22 de dezembro de 2017 às 17h25.
Brasília - O presidente Michel Temer afirmou nesta sexta-feira, em café da manhã com jornalistas, que não há a "menor cogitação" de transferir o controle da Embraer para outra empresa e disse que não chegou a seu gabinete uma decisão sobre conversas entre Boeing e fabricante de aviões brasileira.
Temer disse que "golden share serve para isso, para o governo tomar essa decisão", em uma referência à ação especial que dá ao governo poder de veto em decisões estratégicas da Embraer.
Na véspera, Embraer e Boeing afirmaram que estão discutindo uma combinação de seus negócios, em um movimento que pode consolidar um duopólio global na indústria de aviação.
O presidente escalou o ministro da Defesa, Raul Jungmann, presente ao café da manhã, para dar maiores explicações sobre a posição do governo brasileiro em relação à Embraer.
Jungmann detalhou que a Boeing procurou a Embraer para começar negociações e destacou que é a favor dessa e de outras parcerias, também classificando-as como bem vindas. Mas ele endossou a posição do presidente contrária à venda do controle acionário por avaliar que a empresa nacional é estratégica para interesses de defesa e soberanias nacionais.
"Somos favorável a essa e a outras parcerias, entretanto, nós temos a exata compreensão de que a Embraer, por ter um forte componente de defesa, que a Embraer é o coração de um 'cluster' de inovação, tecnologia e conhecimento, que são decisivos para um projeto nacional autônomo, a sua venda, transferência do seu controle acionário, desserve os interesses e a soberania nacionais", disse.
Segundo o ministro, uma eventual transferência do controle acionário da Embraer para uma empresa de outro país levaria a essa nova companhia a ter o controle de decisões estratégicas como o programa de construção dos caças Gripen, fabricados pela empresa sueca Saab, o projeto de venda do avião cargueiro militar KC-390, a produção dos aviões supertucanos e a tecnologia relacionada ao satélite estacionário brasileiro.
"Nenhum país abre mão disso", destacou Jungmann.
As ações da Embraer exibiam alta de 1,7 por cento às 13:24, em meio a especulações do mercado de que uma parceria da Embraer com a Boeing seria mais provável por meio de uma venda de participação para o grupo norte-americano.