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Toda líder mulher é doce? Executivas debatem papel da liderança feminina no mundo corporativo

Painéis do evento Agora é que são Elas, da EXAME e Movimento Aladas, discutiram o papel da nova liderança dentro das empresas e a importância da sororidade e rede de apoio para ascensão de carreiras femininas

Paula Puppi, da WPP, Julia Rueff, do Mercado Livre e Luciane Dalmolin, da Dell Technologies: executivas discutiram o papel das novas lideranças e das mulheres do mundo corporativo (Youtube/Reprodução)

Paula Puppi, da WPP, Julia Rueff, do Mercado Livre e Luciane Dalmolin, da Dell Technologies: executivas discutiram o papel das novas lideranças e das mulheres do mundo corporativo (Youtube/Reprodução)

Toda mulher líder é doce? Ou isso coloca mais peso nos ombros das executivas? Foi com essa provocação que Paula Puppi, chief transformation officer da WPP, deu início, nesta quinta-feira, ao painel sobre liderança contemporânea durante o "Agora é que são Elas", evento da EXAME em parceria com o Movimento Aladas de empreendedorismo feminino.

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O debate contou com a participação de Julia Rueff, diretora sênior de marketplace no Mercado Livre, e Luciane Dalmolin, diretora de vendas na Dell Technologies.

"Nem toda mulher é doce, afinal, somos plurais. E isso vale tanto para o mundo corporativo quanto para todas as esferas da vida. Ao mesmo tempo, quando ingressamos no mercado de trabalho, temos a tendência de se masculinizar. Acho que o ideal é encontrar o caminho da autenticidade. Sermos quem somos, doces ou não, sem precisar usar máscaras", argumentou Rueff.

Em um contexto em que as soft skills, ou seja, as habilidades comportamentais deixaram de ser apenas desejáveis e se tornaram essenciais especialmente para a liderança, Dalmolin relembrou que doçura não é, necessariamente, uma maior habilidade socioemocional.

"O coeficiente da inteligência emocional é, sim, um super-poder feminino. Embora tenham homens que também possuam essa habilidade, acredito que quando nós jogados as emoções na mesa, potencializamos isso, conseguimos nos destacar e crescer nas organizações. Sem assumir personagens, mas reunindo essas habilidades para lidar com os desafios", declarou.

Diversidade como diferencial competitivo

De acordo com as executivas, a valorização de times diversos é uma das marcas dos líderes dos dias atuais.

"Nós ainda temos um longo caminho pela frente. Mas, eu vejo que a diversidade se tornou um ativo dentro das organizações. Hoje, diferente do que acontecia há 20, 30 anos, temos mais consciência de que trazer pessoas com bagagens diversas amplia as possibilidades de discussão e de resolver problemas", disse Rueff.

De acordo com a executiva, o Mercado Livre conta com 38% do quadro de funcionários composto por mulheres, sendo que na área de marketplace o número sobe para 54%. "Tenho certeza que é só por causa dessa pluralidade que meu time vem, ano após ano, batendo metas", completou Rueff.

Já a Dell conta com diversas iniciativas para ampliar a equidade de gênero interna e externa. Uma delas é o  Dell Women’s Entrepreneur Network (DWEN), programa de apoio ao empreendedorismo feminino. 

"Essa iniciativa foi criada pelo próprio Michael Dell, porque ele entendeu que era preciso fazer algo para ajudar esse exército de guerreiras que abrem negócios, impulsionam a economia e não tem apoio", disse Dalmolin.

Internamente, a executiva citou que a Dell exige que, em todos os processos de recrutamento, exista pelo menos uma candidata mulher. A ação tem como objetivo aumentar de 34% para 50% o número de mulheres que compõem o quadro de funcionários da multinacional.

"Fora isso, investimos em programas de preparação de mulheres na liderança porque sabemos que, se não houver algo intencional, elas não serão promovidas. Isso porque falta coragem. Nós fomos criadas para sermos certinhas, perfeitas. Os homens são criados para serem arrojados. Precisamos tirar essa carcaça e nos colocarmos", disse Dalmolin.

Sororidade e rede de apoio

Algo que esteve nas falas tanto de Dalmolin quanto de Rueff foi a importância de uma rede de apoio e do conceito de sororidade, ou seja, de mulheres oferecendo suporte para outras mulheres em uma lógica contrária à competição.

"A maternidade me pontuou como mulher. O processo de sair e voltar de licença-maternidade me fez entender o que era ser mulher no ambiente corporativo. Isso aumentou a minha empatia e desejo de ajudar outras mulheres", afirmou Rueff.

Dalmolin comentou que, especialmente mulheres em cargos de liderança possuem o papel de servir como rede de apoio para outras profissionais. "Temos um longo caminho a percorrer, trazendo mais mulheres para dentro das empresas. E, uma vez dentro, criando espaços para que elas se apoiem mutuamente, criando essa grande rede", disse.

Quem também destacou a importância de entender que não se está sozinho foi Tatiana Loureiro, empreendedora e criadora da plataforma Empreendedora no Divã, que participou do primeiro painel do evento, ao lado de Traudi Guida, diretora criativa na oáz.

De acordo com Loureiro, que também é psicóloga, o projeto Empreendedora no Divã, em que discute dilemas de empreendedorismo, surgiu a partir de um desabafo pessoal no Instagram.

"Eu sou turbulência, fico louca, acho que vou falir. Eu achava que eu era única a viver esse turbilhão de emoções. Mas, quando eu passei a falar mais disso, percebi que mais pessoas compartilhavam o mesmo e me senti mais acolhida no papel não só de empreendedora, mas de ser humano", disse Loureiro.

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