Testes em animais na China complicam expansão da L’Oréal
Enquanto a empresa é impedida pelas regras da UE de testar em animais na região, a China exige a realização de testes para cada novo produto de beleza
Da Redação
Publicado em 22 de agosto de 2013 às 10h22.
Xangai - O investimento da L’Oréal SA no mercado de beleza da China de US$ 32 bilhões tem um preço oculto -- se você for um coelho ou um rato.
A fabricante de xampu e batom com sede em Paris concordou, neste mês, em pagar US$ 843 milhões pela Magic Holdings International Ltd., fabricante chinesa de máscaras faciais, acelerando a expansão dentro da segunda maior economia do mundo, onde obteve em torno de 6 por cento de suas vendas em 2012.
Enquanto a L’Oréal é impedida pelas regras da União Europeia de testar em animais na região, o governo da China exige a realização de testes para cada novo produto de beleza.
A China é o único grande mercado onde as companhias precisam testar suas máscaras e loções em animais. Coelhos são mortos ou têm ingredientes pingados em seus olhos durante os testes chineses, segundo o grupo de defesa dos animais Cruelty Free International, com sede em Londres.
As políticas da China criam um dilema para empresas como a L’Oréal e a Procter Gamble Co., que querem vender no país sem afastar os clientes de mercados onde o público pede um tratamento humano para os animais.
A Índia, no mês passado, baniu os testes para produtos de beleza em animais. A União Europeia, que há tempos impede estes ensaios dentro de seus limites, neste ano reforçou as normas para proibir também produtos testados em animais em outras partes.
As novas regras da União Europeia complicam mais a vida das fabricantes de cosméticos. Poderia ser contra as regras europeias vender qualquer produto que tenha sido testado em animais na China, por isso as empresas talvez precisem reformular seus produtos para os dois mercados.
300.000 animais
Marcas de nichos de mercado, como a The Body Shop, da L’Oréal, e a Pangea Organics, fabricante de produtos para pele com sede em Boulder, no Colorado, que se recusam a fazer testes em animais, estão bloqueadas no mercado de cosméticos chinês. A L’Oréal, maior fabricante de cosméticos do mundo, vende seus produtos de beleza homônimos no país, enquanto a P&G comercializa produtos como Olay e Head Shoulders.
Na China, as empresas devem submeter amostras de seus produtos para serem usadas para testes em laboratórios locais, segundo o grupo People for the Ethical Treatment of Animals (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais, na tradução livre). O PETA estima que pelo menos 72 animais são usados para cada produto.
A consultora de mercado Mintel diz que pelo menos 4.249 produtos de beleza e higiene pessoal foram introduzidos na China ao longo dos últimos 12 meses. Isto poderia traduzir-se em mais de 300.000 animais usados em testes no período, segundo cálculos da Bloomberg baseados nas estimativas da Mintel e do PETA.
Membros da família
“Nós seguimos discutindo pacientemente com as autoridades, pontuando que a abolição é a tendência mundial e que nós gostaríamos de conseguir aprovação por meio de métodos alternativos”, disse em maio o presidente da Shiseido Co., Shinzo Maeda, a respeito das regras na China, onde a empresa japonesa comercializa cosméticos. “Animais, especialmente pequenos animais, são tratados como membros da família hoje em dia”.
A Shiseido, que vende cosméticos em todo o mundo sob seu próprio nome e por meio de sua unidade Bare Escentuals, diz em seu site que só realiza testes em animais quando obrigada por lei ou quando não existem outras alternativas.
A P&G escolheu a China para o lançamento global da marca de cuidados para a pele Oceana, em janeiro, e introduziu novos produtos nas linhas de xampu Pantene e Head Shoulders. A L’Oréal disse que introduzirá novas linhas para consumidores chineses neste ano, incluindo produtos para cabelos Arginine, L’Oréal Skindeep e Maybelline Baby Skin.
Carne de rato
Enquanto a China não é avessa à ideia de efetuar testes sem animais, o desenvolvimento de expertise irá demorar, disse Xu Jingquan, secretário-geral da Câmara de Beleza e Cosméticos da Federação de Indústria e Comércio da China, após uma conferência em Xangai, em junho.
“Nosso setor de pesquisa e desenvolvimento (R&D na sigla em inglês) não é tão sofisticado e o consumidor aqui não pensa muito a respeito de ideais como os testes em animais”, disse Xu. “Eles se preocupam com o preço, a marca e o produto”.
Neste ano, a China fixou como meta aprovar seu primeiro teste não-animal, disse Brian Jones, diretor do Institute for In Vitro Sciences, um laboratório de Maryland que está trabalhando com órgãos reguladores chineses para desenvolver testes alternativos de cosméticos.
Coelhos despelados
Grupos de direitos dos animais, que frequentemente recorrem a demonstrações como pintar seus corpos como coelhos ou a protestos seminus com biquínis de alface, escolheram uma abordagem diferente na China, onde o governo censura protestos públicos.
Em vez disso, os grupos estão treinando cientistas em laboratórios educacionais e governamentais para testar produtos usando culturas de células ou modelos de computador, e não a pele de ratos e coelhos, que são mortos depois.
“No fim das contas”, disse Palmer, “você e eu defitinivamente não somos coelhos”.
Xangai - O investimento da L’Oréal SA no mercado de beleza da China de US$ 32 bilhões tem um preço oculto -- se você for um coelho ou um rato.
A fabricante de xampu e batom com sede em Paris concordou, neste mês, em pagar US$ 843 milhões pela Magic Holdings International Ltd., fabricante chinesa de máscaras faciais, acelerando a expansão dentro da segunda maior economia do mundo, onde obteve em torno de 6 por cento de suas vendas em 2012.
Enquanto a L’Oréal é impedida pelas regras da União Europeia de testar em animais na região, o governo da China exige a realização de testes para cada novo produto de beleza.
A China é o único grande mercado onde as companhias precisam testar suas máscaras e loções em animais. Coelhos são mortos ou têm ingredientes pingados em seus olhos durante os testes chineses, segundo o grupo de defesa dos animais Cruelty Free International, com sede em Londres.
As políticas da China criam um dilema para empresas como a L’Oréal e a Procter Gamble Co., que querem vender no país sem afastar os clientes de mercados onde o público pede um tratamento humano para os animais.
A Índia, no mês passado, baniu os testes para produtos de beleza em animais. A União Europeia, que há tempos impede estes ensaios dentro de seus limites, neste ano reforçou as normas para proibir também produtos testados em animais em outras partes.
As novas regras da União Europeia complicam mais a vida das fabricantes de cosméticos. Poderia ser contra as regras europeias vender qualquer produto que tenha sido testado em animais na China, por isso as empresas talvez precisem reformular seus produtos para os dois mercados.
300.000 animais
Marcas de nichos de mercado, como a The Body Shop, da L’Oréal, e a Pangea Organics, fabricante de produtos para pele com sede em Boulder, no Colorado, que se recusam a fazer testes em animais, estão bloqueadas no mercado de cosméticos chinês. A L’Oréal, maior fabricante de cosméticos do mundo, vende seus produtos de beleza homônimos no país, enquanto a P&G comercializa produtos como Olay e Head Shoulders.
Na China, as empresas devem submeter amostras de seus produtos para serem usadas para testes em laboratórios locais, segundo o grupo People for the Ethical Treatment of Animals (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais, na tradução livre). O PETA estima que pelo menos 72 animais são usados para cada produto.
A consultora de mercado Mintel diz que pelo menos 4.249 produtos de beleza e higiene pessoal foram introduzidos na China ao longo dos últimos 12 meses. Isto poderia traduzir-se em mais de 300.000 animais usados em testes no período, segundo cálculos da Bloomberg baseados nas estimativas da Mintel e do PETA.
Membros da família
“Nós seguimos discutindo pacientemente com as autoridades, pontuando que a abolição é a tendência mundial e que nós gostaríamos de conseguir aprovação por meio de métodos alternativos”, disse em maio o presidente da Shiseido Co., Shinzo Maeda, a respeito das regras na China, onde a empresa japonesa comercializa cosméticos. “Animais, especialmente pequenos animais, são tratados como membros da família hoje em dia”.
A Shiseido, que vende cosméticos em todo o mundo sob seu próprio nome e por meio de sua unidade Bare Escentuals, diz em seu site que só realiza testes em animais quando obrigada por lei ou quando não existem outras alternativas.
A P&G escolheu a China para o lançamento global da marca de cuidados para a pele Oceana, em janeiro, e introduziu novos produtos nas linhas de xampu Pantene e Head Shoulders. A L’Oréal disse que introduzirá novas linhas para consumidores chineses neste ano, incluindo produtos para cabelos Arginine, L’Oréal Skindeep e Maybelline Baby Skin.
Carne de rato
Enquanto a China não é avessa à ideia de efetuar testes sem animais, o desenvolvimento de expertise irá demorar, disse Xu Jingquan, secretário-geral da Câmara de Beleza e Cosméticos da Federação de Indústria e Comércio da China, após uma conferência em Xangai, em junho.
“Nosso setor de pesquisa e desenvolvimento (R&D na sigla em inglês) não é tão sofisticado e o consumidor aqui não pensa muito a respeito de ideais como os testes em animais”, disse Xu. “Eles se preocupam com o preço, a marca e o produto”.
Neste ano, a China fixou como meta aprovar seu primeiro teste não-animal, disse Brian Jones, diretor do Institute for In Vitro Sciences, um laboratório de Maryland que está trabalhando com órgãos reguladores chineses para desenvolver testes alternativos de cosméticos.
Coelhos despelados
Grupos de direitos dos animais, que frequentemente recorrem a demonstrações como pintar seus corpos como coelhos ou a protestos seminus com biquínis de alface, escolheram uma abordagem diferente na China, onde o governo censura protestos públicos.
Em vez disso, os grupos estão treinando cientistas em laboratórios educacionais e governamentais para testar produtos usando culturas de células ou modelos de computador, e não a pele de ratos e coelhos, que são mortos depois.
“No fim das contas”, disse Palmer, “você e eu defitinivamente não somos coelhos”.