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Taurus vende mais armas do que nunca e vive momento"excepcional"

Vendas no trimestre tiveram alta de 37% em relação ao mesmo período do ano passado, impulsionadas pela maior demanda no Brasil e nos Estados Unidos

Presidente da Taurus (TASA4), Salesio Nuhs (Ricardo Jaeger/Exame)

Presidente da Taurus (TASA4), Salesio Nuhs (Ricardo Jaeger/Exame)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 17 de agosto de 2020 às 11h10.

A fabricante brasileira de armas Taurus vendeu mais armas do que nunca no segundo trimestre de 2020. Foram 437 mil armas vendidas entre abril e junho, alta de 37% em relação ao mesmo período de 2019. A maior parte das vendas foi nos Estados Unidos, o maior mercado de armas do mundo.

Para Salesio Nuhs, presidente da Taurus, o recorde representa uma nova fase na companhia. “Tivemos um trimestre excepcional, e não foi impulsionado por uma bolha de consumo. Esse agora é nosso novo patamar”, afirma.

A boa fase se deve a três frentes de reestruturação, que geraram ganho de eficiência. A primeira foi o redesenho da parte operacional e a segunda envolveu mudanças da cadeia de distribuição. A terceira foi a unificação dos centros de engenharia da empresa. Antes eram dois centros, um no Brasil e outro nos Estados Unidos. Segundo Nuhs, a unificação garantiu mais agilidade no desenvolvimento de novos produtos.

Nos primeiros seis meses do ano, a Taurus lançou 56 novos produtos, com um total de 268 itens de prateleira. “Quase 50% das nossas vendas vêm de produtos lançados nos últimos dois anos. São produtos com valor agregado maior, o que melhora nossa receita”, afirma Nuhs.

As mudanças recentes permitiram que a Taurus aproveitasse o bom momento do mercado. A maior demanda se explica principalmente pelo momento político nos Estados Unidos, para onde vai a maior parte da produção da companhia. Segundo o executivo, os protestos por conta a da morte de George Floyd e também o período eleitoral impulsionaram as vendas no mercado norte-americano.

“Os protestos do início do ano geraram uma correria na busca por armas. E o período eleitoral também gera mais procura historicamente. O consumidor norte-americano corre sempre que visualiza alguma possibilidade de limitação ao direito de ter acesso a armas de fogo”, afirma Nuhs. A Taurus tem cerca de 15% do mercado de armas nos Estados Unidos.

As vendas também cresceram no Brasil. A Taurus vendeu 102 mil armas no país no primeiro semestre de 2020, ante 50 mil unidades vendidas no primeiro semestre de 2019. O resultado foi puxado pela venda para os chamados CACs, colecionadores, atiradores e caçadores, que possuem uma licença especial do Exército. A demanda aumentou devido à liberação de compra de uma série de calibres, antes restritos, como o 9mm e o 357. A facilidade em receber a permissão para ter a posse de uma arma também está ajudando a companhia no mercado interno.

A expectativa da companhia é de que a demanda por armas de fogo continue em alta nos próximos meses. Por isso, a empresa se organiza para ampliar sua capacidade produtiva. A fábrica nos Estados Unidos, que hoje produz 2.000 armas por dia, deve chegar a 4.000 armas diárias. A fábrica brasileira que foi de uma produção de 4.000 para 5.000 armas, deve chegar a 5.500. A Taurus também trabalha para inaugurar no início do ano que vem uma fábrica na Índia, em joint venture com uma empresa local.

A receita da Taurus no segundo trimestre de 2020 foi de 423,8 milhões de reais, alta de 81,9% em relação ao mesmo período do ano passado. O ebitda (resultado antes de impostos e amortização) foi de 107,7 milhões de reais, alta de 91% ante o segundo trimestre de 2019. O lucro da companhia ficou em 39 milhões de reais, queda de 10,6% em relação ao mesmo período do ano passado, impactado principalmente pelos resultados financeiros.

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