Startup Seedz, o clube de recompensas do agro, capta US$ 16,5 milhões
Com série A liderada por Alexia Ventures, startup mineira pretende expandir seu programa de fidelidade e moeda digital do agro
Maria Clara Dias
Publicado em 7 de dezembro de 2022 às 07h00.
Mesmo em meio a ressaca do mercado de venture capital, algumas startups continuam atraindo cheques parrudos de investimentos em vista de seus modelos de negócio que fogem à curva. O caso mais recente é o da Seedz, startup que digitaliza a comunicação entre empresas do agronegócio e pequenos produtores rurais. A startup está fechando o ano com um novo cheque de US$ 16,5 milhões, resultado de uma rodada série A concluída nesta quarta (7).
A rodada foi liderada pela firma Alexia Ventures, com participação da VOX Capital, Volpe Capital, The Yield Lab, Tridon, Endeavor Scale-Up, Parceiro Ventures, alguns investidores individuais e da 10b, gestora ligada à SK Tarpon, de investimento no agronegócio.
O que faz a Seedz
Fundada em 2017 em Belo Horizonte pela dupla de mineiros Matheus Ganem e Daniel Rosa, a empresa desenvolveu um software que pretende digitalizar a gestão de propriedades e aproximar pequenos produtores a grandes players do agronegócio — uma relação ainda analógica, na avaliação dos empreendedores.
Segundo Ganem, filho de pequenos agricultores e atual CEO da agtech, o mercado agro carecia de ferramental digital que pudesse facilitar as negociações de compra e venda, já que as grandes empresas do agro padeciam na comunicação com o agricultor, e o contato se limitava à ida presencial dessas companhias às fazendas ou pela presença em feiras do setor. “O encontro de empresas e clientes é algo muito rico para encontrar problemas e propor soluções, mas era algo que precisava ser destravado com a ajuda da tecnologia", diz.
Para isso, a startup começou olhando para companhias que vendem ou financiam matérias-primas, tecnologia, insumos e equipamentos para o agricultor. Com um software de CRM (sigla em inglês para relacionamento com o consumidor), a Seedz passou a oferecer acesso a um leque extenso de dados a essas empresas, com insights que sozinhas dificilmente conseguiriam obter, como
- Oportunidades de sell-in e sell-out (vendas para outras empresas ou vendas diretas ao consumidor);
- Mapeamento de territórios agrícolas e oportunidades de cultivo com melhores resultados;
- Análise de produtores com melhor desempenho em diferentes territórios;
Num segundo passo, a jornada da Seedz passou a consistir em incentivar a migração de pequenos produtores rurais ao ambiente digital. A primeira tentativa se deu com o lançamento de uma moeda digital, com a qual clientes poderiam remunerar seus produtores ou desenhar seus próprios programas de acúmulo de pontos. A ideia deu origem a um programa de fidelização e cashback mais robusto que hoje beneficia mais de 80.000 agricultores.
“O nosso propósito sempre foi digitalizar o agro, e fazia muito sentido criar todo um ecossistema digital para a cadeia como um todo”, diz.
Quem são os clientes
Do lado corporativo, a plataforma da Seedz atraiu grandes companhias do segmento. Atualmente, são mais de 1.200 empresas clientes. Entre elas, gigantes como John Deere Syngenta, Ourofino e Sinagro.
Já entre os agricultores, a solução mais popular é a de planejamento de safra, além de um ERP dedicado especificamente à gestão de fazendas que auxilia na tomada de decisão em questões muito particulares do agronegócio. Um exemplo está no cálculo do fluxo de caixa por tipo de plantio de acordo com a área e sua rentabilidade.
Como a empresa vai crescer
Com a rodada, a Seedz pretende expandir seus dois principais produtos no Brasil, mas também em outros lugares do mundo com a ajuda de clientes multinacionais. Além disso, Ganem vê a chance de ampliar a linha de serviços prestados diretamente aos produtores, uma vertical hoje ainda tímida na empresa.
Um dos caminhos para isso está na oferta de crédito, afirma. A lógica, segundo o empreendedor, está em oferecer financiamentos mais assertivos para produtores que ainda sofrem com prazos de pagamento pouco flexíveis. “Hoje o agro no Brasil cresce mais do que a nossa capacidade de financiar esse crescimento. Sem mencionar as longas safras, algo que não é muito bem compreendido pelo mercado”, diz.
A Seedz também deve recorrer a novas aquisições para fortalecer serviços já oferecidos dentro de casa, avalia Ganem. “É possível que novas empresas que compremos venham só para trazer mais força ao que já oferecemos, com mais tecnologia e eficiência”, diz. Há nove meses, a Seedz adquiriu a Atomic Agro e a Perfam, duas empresas focadas em inteligência para o agronegócio.
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