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Solfácil, de energia solar, capta R$ 500 mi em rodada com Softbank

Aberta em 2018, fintech já financiou R$ 1,2 bilhão em kits solares. Agora, quer deslanchar marketplace e internet das coisas para popularizar a geração distribuída de energia

Fabio Carrara, fundador da Solfácil: "O Brasil será, definitivamente, a maior referência mundial na descentralização da produção de energia elétrica" (Paulo Vitale/Divulgação)
LB

Leo Branco

Publicado em 11 de maio de 2022 às 05h00.

Última atualização em 11 de maio de 2022 às 09h07.

Uma das pioneiras no mercado de energia solar no Brasil, a fintech paulistana Solfácil captou 100 milhões de dólares (cerca de 500 milhões de reais).

A rodada série C marcou a estreia do fundo global Softbank entre os investidores da empresa. Além deles estão os fundos VEF e Valor Capital Group.

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Os recursos chegam dez meses após outra rodada, do tipo série B, aportar 160 milhões de reais na empresa fundada em 2018 pelo engenheiro Fabio Carrara.

Formado na Universidade de São Paulo e com MBA na escola de negócios Wharton, nos Estados Unidos, Carrara viu uma oportunidade no que até então era um nó na adoção da energia solar no Brasil: o financiamento para aquisição de painéis solares, baterias para conservação da energia, medidores inteligentes e por aí vai.

Como surgiu a Solfácil

A vocação inicial da Solfácil foi a de captar recursos através de FIDCs, fundos de investimento com condições de liquidez e juros melhores que o usual nos bancos.

Os recursos financiam as empresas responsáveis por instalar kits de energia solar na casa dos clientes, os chamados integradores de energia solar.

É uma espécie de B2B2C, para ficar num jargão às empresas com ciclos de venda diluídos entre consumidores diversos e em etapas diferentes.

Em quatro anos de operação, a Solfácil já financiou 1,2 bilhões de reais em empréstimos para mais de 8.000 integradores parceiros conectados à plataforma em 27 estados.

Normalmente os clientes finais dos financiamentos bancados pela Solfácil são famílias de renda média ou baixa em rincões agraciados com sol e calor o ano inteiro em busca de descontos na conta de luz com a geração da própria energia. O Nordeste concentra boa parte desse tipo de consumidor.

Em função desse negócio, a Solfácil hoje está entre os três maiores financiadores de kits para geração de energia solar no telhado de residências ou pequenos comércios — a chamada "geração distribuída" —, ao lado de instituições financeiras tradicionais como Santander e BV.

Em 2021, a Solfácil tornou-se, ainda, a segunda maior emissora de títulos verdes no Brasil e a quarta na América Latina.

Marketplace e internet das coisas

A nova rodada deve dar um empurrão em duas novas frentes de negócios da Solfácil. Uma delas é a Loja Solfácil, um marketplace aberto em agosto de 2021 com ofertas de produtos e serviços vendidos pelos integradores entre si ou para gente disposta a investir na energia solar.

Em nove meses, o espaço já reúne mais de 5.000 produtos utilizados nos kits solares, como painéis solares, inversores e racks.

Em outra frente, a Solfácil investiu na patente de um aparelhinho com a feição de um medidor de consumo de luz. Por meio de sensores, no melhor estilo da internet das coisas (ou IoT, na sigla em inglês) esse dispositivo monitora oscilações na quantidade de energia gerada em painéis solares.

A finalidade: alertar o dono do kit solar, bem como quem instalou a tecnologia, sobre a necessidade de um reparo no sistema para gerar mais energia — ou evitar um apagão.

"O sistema de geração fotovoltaico e seus subprodutos, incluindo baterias e carregadores de carros elétricos, se tornarão o terceiro maior ativo de uma família, depois da casa e do carro", diz Carrara.

"Tudo isso vai abrir oportunidades gigantescas de investimento nas próximas décadas, dado que estes bens duram mais de 30 anos e precisam de manutenção."

A geração de energia solar distribuída vive um boom no Brasil. Nos próximos anos, o país deve ultrapassar os Estados Unidos, Alemanha e Austrália para virar o maior segundo mercado para a geração distribuída no mundo, atrás apenas da China.

Entre os motivos para a demanda estão o risco quase permanente de faltar água nos reservatórios das usinas hidrelétricas do país agora — uma incerteza responsável por tornar a conta de luz paga pelos brasileiros a segunda mais cara do mundo, só atrás da custeada pelos colombianos.

"Hoje, a penetração é de apenas 1% em um país de insolação o ano todo, e custo de instalação bastante competitivo para sistemas solares", diz Carrara.

"O Brasil será, definitivamente, a maior referência mundial na descentralização da produção de energia elétrica".

Regras mais claras

As regras do jogo para o mercado explorado pela Solfácil estão mais claras.

No começo do ano, o Congresso aprovou a lei 14.300, que estabeleceu o marco regulatório da geração distribuída na tentativa de pacificar uma das maiores disputas do setor: o cidadão que gera a própria energia, e coloca o excedente da produção nas redes de distribuição deve pagar à concessionária de energia (como a Enel, em São Paulo, ou a Light, no Rio) uma fatia pelo uso desses ativos?

No entendimento dos congressistas, a resposta é sim. Atualmente, todo o excedente de energia colocado na rede das distribuidoras gera um desconto no mesmo valor para quem gerou essa energia — a relação é de 1 para 1.

Em dez anos, o excedente de energia vai render menos — a relação será de 1 gerado para 0,7 de desconto.

"A regra trouxe previsibilidade para o setor", diz Carrara. "E como o preço da energia tem aumentado mais que a inflação nos últimos anos, o investimento em energia solar vai continuar compensando."

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