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Sem mãos na máquina: empresa de SC vai investir R$ 1 bilhão para automatizar a "costura" no mundo

Audaces, que faz tecnologia para automatizar produção têxtil, está trocando comando após 30 anos

Matheus Fagundes, da Audaces: empresa já tem 20.000 clientes em 70 países (Audaces/Divulgação)

Matheus Fagundes, da Audaces: empresa já tem 20.000 clientes em 70 países (Audaces/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 21 de fevereiro de 2024 às 18h08.

Três décadas depois de ser fundada pelos estudantes de ciências da computação Claudio Grando e Ricardo Cunha, a Audaces, empresa catarinense que fornece tecnologias para indústrias do setor têxtil fazerem suas roupas, vai investir 1 bilhão de reais em expansão nos próximos seis anos.

O aporte passa pelas áreas de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, marketing, recursos humanos e na expansão de market share. 

A Audaces fornece maquinário para a produção de roupas, como máquinas de cortes automáticos, e softwares que ajudam na automatização da confecção. Uma dessas plataformas, por exemplo, digitaliza a modelagem das roupas e todo o processo de criação de uma roupa, reduzindo custos e desperdícios de matérias-primas.

São clientes da empresa de Santa Catarina:

  • Grupo Soma 
  • Renner
  • C&A
  • Mormaii
  • Morena Rosa

O plano de investimento vem junto de uma mudança de cadeiras no topo da empresa. Grando, que foi CEO por três décadas, irá agora para a presidência do conselho. No seu lugar, assume a direção da companhia o executivo Matheus Fagundes, que já tem cerca de 20 anos de experiência em moda, principalmente na gestão da 2Rios Lingerie, de Joinville. 

Qual a história da Audaces

A Audaces começou como quase como uma startup há 32 anos -- época em que pouco se falava sobre startups.

Os estudantes Claudio Grando e Ricardo Cunha ainda eram estudantes de ciências da computação na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) quando pensaram em aplicar o que aprendiam na faculdade num negócio. 

O primeiro passo foi criar do zero um software para otimizar corte de chapas de madeira voltado à indústria moveleira, setor muito forte em Santa Catarina. Foi quando perceberam que a tecnologia tinha semelhanças com o setor têxtil. E os catarinenses são os maiores fabricantes de vestuário do Brasil, com 26% da produção nacional. Há por ali empresas como Marisol, Malwee, Altenburg e Buddemeyer.

A evolução e demanda dos produtos e serviços da Audaces fez com que, mesmo sem investimentos externos, a empresa iniciasse sua internacionalização a partir de 1996. Em 2017, instalou uma sede internacional, em Rovereto, na Itália.

“Mais de 60.000 profissionais têxteis e da moda utilizam nossas soluções diariamente”, diz o novo CEO, Matheus Fagundes.

Qual a estrutura da Audaces hoje

A Audaces não divulga o seu faturamento, mas o número de clientes ativos ajuda a mensurar o tamanho da empresa. São 20.000 clientes ativos em 70 países. Além disso, a empresa já domina 70% do market share de tecnologias para o mercado da moda na América Latina. 

“Quando a Audaces chegou no setor, quase tudo ainda era feito à mão”, diz Fagundes. “Eu mesmo fiquei 18 anos numa empresa de confecção e vi muitas transformações industriais. A costura ainda é um pouco artesanal, mas as tecnologias ajudam a acelerar o processo, ser mais assertivo. A moldura digital evita cortes errados, desperdício de tecido, tudo isso é relevante quando uma empresa ganha escala”. 

E falando em ganhar escala, a empresa está com planos globais.

Até 2030, será investido 1 bilhão de reais para a empresa conquistar 70% do market share global no setor de tecnologias para a indústria têxtil. 

Quais os planos de investimentos da Audaces

O bilhão de reais será aplicado em diversas frentes que, somadas, ajudarão a empresa a duplicar de tamanho anualmente até 2030.

Uma delas é na reforma da sede. A ideia, com o novo espaço, é fomentar a criatividade dos funcionários. Além disso, o espaço fabril na Itália também deverá se expandir. 

A expansão também acontecerá nos recursos humanos. Novos programadores e funcionários nas equipes de desenvolvimento e pesquisa serão contratados. 

No marketing, o objetivo é ganhar escala em mercados estrangeiros. “Queremos ser ativos em cada um dos mercados em que atuamos”, diz Fagundes.

A Audaces também quer colocar cada vez mais inteligência artificial e sistemas imersivos de realidade virtual nos softwares, o que requer novos investimentos. “Também queremos capacitar as pessoas, porque precisaremos de pessoas criativas para trabalharem junto com a inteligência artificial”, afirma o executivo. “Se não tiver alguém fazendo as perguntas certas, a inteligência artificial não dará uma boa resposta”. 

Quem é o novo CEO da Audaces

Matheus Fagundes, que assume a gestão da Audaces agora, está inserido no universo têxtil há tempos. Seu pai, um empreendedor, trabalhava com confecção. Já Fagundes ensaiou uma vida esportiva profissional, mas logo focou nos estudos e no mercado de trabalho “tradicional”. 

Fez carreira na 2Rios Lingerie, de Joinville. Por lá, foi escalando até virar presidente da empresa. Ficou na companhia por 18 anos. Depois, assumiu a liderança de marketing da Audaces, onde estava até então. 

A ideia da nova composição na gestão da empresa, porém, não é de hoje. Ela começou a ser estruturada há cinco anos, quando os sócios entenderam que deveriam fortalecer as gestões do conselho e da empresa para a manutenção da companhia.

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