Fernanda Ribeiro, CEO da Conta Black, ao lado de Cris Vieira, do Sebrae Nacional, e Karla Mamona, da EXAME: acesso ao crédito em pauta. (Frazão)
EXAME Solutions
Publicado em 3 de outubro de 2024 às 14h00.
Última atualização em 11 de dezembro de 2024 às 17h23.
Os diversos sotaques do Brasil marcaram presença no workshop EXAME Delas, promovido nesta terça, dia 1, pela EXAME. O encontro contou com representantes do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de vários estados, como São Paulo, Alagoas e Roraima, reunidas com o propósito de trocar experiências e debater necessidades e ações para impulsionar o empreendedorismo feminino.
“Não podemos nos esquecer que, somente após a criação do Estatuto da Mulher Casada, em 1962, nós mulheres passamos a ter o direito de trabalhar sem precisar da autorização prévia do marido”, destaca Margarete Coelho, diretora de administração e finanças do Sebrae Nacional. “Por isso, é nosso dever criar estratégias e ferramentas para que essas mulheres prosperem e conquistem sua independência financeira prejudicada por esses anos de obstáculos decorrentes do gênero.”
Durante o evento, as participantes compartilharam experiências, assistiram bate-papos e ajudaram a complementar a estratégia que norteará e entregará os compromissos esperados com o Construindo Futuros – projeto inédito da EXAME em parceria com o Sebrae.
Ao longo de um ano, um hub em EXAME trará conteúdos e um mapa de negócios comandados por mulheres em todo o território nacional. O projeto ainda contempla encontros, workshops, caravanas regionais e ações focadas em apoiar os negócios liderados por mulheres, bem como educação financeira e acesso a linhas de crédito.
“A principal missão da EXAME é contar histórias inspiradoras, que encorajem outras mulheres em suas jornadas empreendedoras. Com esse projeto queremos mostrar que todos os estados já têm suas boas histórias e há potencial de muito mais. ”, explica Renata Faber, diretora de ESG na EXAME.
Um dos temas abordados constantemente ao longo da programação foi a dificuldade de acesso a crédito. Conforme pesquisa do Sebrae, apesar de terem uma taxa de inadimplência muito similar à registrada no caso dos homens, as mulheres recebem empréstimos menores e taxas de juros mais altas.
“A taxa média de juros das operações de crédito para empresas geridas por elas é de cerca de 29,3% ao ano, enquanto a taxa média para as comandadas por homens é de aproximadamente 20,3% ao ano. Isso representa um obstáculo na hora de buscar crédito para seus empreendimentos, dificultando o acesso a recursos financeiros”, destacou Cris Vieira, analista da unidade de capitalização e serviços financeiros do Sebrae Nacional.
Uma das convidadas especiais do encontro, Fernanda Ribeiro, CEO da Conta Black, trouxe mais um dado preocupante, ao abordar questões raciais. “O crédito para negros é negado quatro vezes mais quando comparado a uma pessoa branca”, disse a executiva, que criou ao lado do sócio Sérgio All, uma comunidade financeira que se propõe a resolver os desafios da desbancarização e da exclusão financeira entre a população preta.
“Pedir empréstimo nada mais é que uma questão de negociação e autoimagem”, acrescentou Renata Malheiros, coordenadora nacional do Sebrae Delas, ao mencionar o “Mulheres em Foco”, um curso gratuito da instituição, que busca incentivar o desenvolvimento da autoestima e autoconfiança (inclusive na hora da tomada de crédito).
Outro entrave na vida da empreendedora é o fato de a maioria das mulheres não conseguir se dedicar ao negócio na mesma medida do que os homens.
De acordo com uma pesquisa do Sebrae, elas investem 17% menos tempo na empresa porque gastam 10,5 horas por semana a mais do que eles na chamada economia doméstica. São, em média, 3,1 horas por dia cuidando de familiares, contra 1,6 hora dos homens, por exemplo; e 2,9 horas diárias gastas em afazeres domésticos, enquanto os homens usam 1,5 hora.
O acúmulo de responsabilidades claramente pesa no emocional: 76% das mulheres se sentem sobrecarregadas ao tentar equilibrar os cuidados com a família e a empresa, questão citada por 55% dos homens.
Outro fator-chave é a maternidade, que para sete em cada dez mulheres, influencia fortemente na decisão de empreender. Entre os homens, somente 56% acreditam que a paternidade interfere em seus rumos profissionais.
“É importante destacarmos que, no caso das mulheres, filho não é um fator limitante, mas sim uma condição de oportunidade. Muitas criam um negócio próprio depois que se tornam mães”, disse Geórgia Nunes, gerente de Empreendedorismo Feminino, Diversidade e Inclusão do Sebrae Nacional.
O encontro contou ainda com a presença da advogada Ana Caroline Aciole Brito, assessora na Diretoria de Administração e Finanças do Sebrae; e Dilma Campos, que falou sobre sua caminhada desde a época em que atuou como “passarinha” do Castelo Rá-Tim-Bum até se tornar uma empreendedora de sucesso à frente da agência Nossa Praia, uma consultoria especializada em ESG.
O workshop realizado por EXAME marca o ponto de partida de um projeto que será desenvolvido ao longo de doze meses e poderá ser acompanhado pela plataforma “Construindo Futuros”.