Negócios

Apresentado por SEBRAE

Donas do próprio caminho

Desigualdade de gênero ainda afeta empreendedorismo feminino, mas com apoio e incentivo certos, traz protagonismo e autonomia a milhões de brasileiras

Margarete Coelho, do SEBRAE:  empreendedorismo é a chave  para a independência  econômica das mulheres (SEBRAE/Divulgação)

Margarete Coelho, do SEBRAE: empreendedorismo é a chave para a independência econômica das mulheres (SEBRAE/Divulgação)

EXAME Solutions
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Publicado em 2 de outubro de 2024 às 11h15.

Criativas, plurais, resilientes, observadoras. As mulheres possuem na sua essência atributos valiosos para o empreendedorismo e têm, cada vez mais, explorado esse seu potencial, conquistando liberdade financeira e protagonismo. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que, na última década, o número de brasileiras donas do próprio negócio cresceu 34%. Hoje, elas estão à frente de quase um terço das empresas do Brasil e, segundo relatório do Global Entrepreneurship Monitor, representam mais de a metade dos aspirantes a empreendedores do país: das 47,7 milhões de pessoas que desejam abrir um negócio nos próximos três anos, 54,6% são mulheres.

Por trás das estatísticas positivas, no entanto, o empreendedorismo feminino ainda esbarra em obstáculos significativos, frutos da distinção de gênero, fazendo com que, muitas vezes, os negócios tocados por mulheres faturem abaixo do que poderiam, tenham lucros menores do que o concorrente – ou sejam menos diversificados.

Os desafios da empreendedora

Um dos principais entraves é o fato de a maioria das mulheres não conseguir se dedicar ao negócio na mesma medida do que os homens. De acordo com uma pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), elas investem 17% menos tempo na empresa porque gastam 10,5 horas por semana a mais do que eles na chamada economia doméstica. São, em média, 3,1 horas por dia cuidando de familiares, contra 1,6 hora dos homens, por exemplo, e 2,9 horas diárias gastas em afazeres domésticos, enquanto os homens usam 1,5 hora. Essa diferença muda tudo.

Se houvesse igualdade de gênero, o PIB mundial aumentaria em mais de 20%, dobrando a taxa de crescimento global na próxima década

Banco Mundial

O acúmulo de responsabilidades claramente pesa no emocional: 76% das mulheres se sentem sobrecarregadas ao tentar equilibrar os cuidados com a família e a empresa, questão citada por 55% dos homens. E tem ainda a maternidade, um fator-chave para sete entre cada dez mulheres, para quem ser mãe influencia fortemente a decisão de empreender. Já entre eles, apenas 56% afirmam que a paternidade interfere nos seus rumos profissionais. “Apesar das dificuldades que as mulheres enfrentam, o empreendedorismo feminino tem o poder de transformar a vida de todos ao redor. E quando renunciamos a isso, estamos abrindo mão também da criatividade e da diversidade”, afirma Margarete Coelho, diretora de Administração e Finanças do Sebrae.

Menos acesso à crédito

Até o acesso a crédito é mais difícil e mais caro. Embora sejam melhores pagadoras do que os homens, segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, o valor médio de empréstimos liberados para as empresárias é de cerca de 13 mil reais a menos do que a média aprovada para o sexo masculino. Elas ainda pagam juros 3,5 pontos percentuais acima dos homens. Diante dessa dificuldade, dois terços das empreendedoras acabam usando recursos próprios como única fonte de investimento, limitando o potencial de crescimento do negócio.

Soma-se a essa jornada desafiadora o fato de que oito em cada dez brasileiras empreendem por necessidade, unicamente porque precisam sobreviver e sustentar os filhos, sem qualquer impulso ou preparo para desenvolver as suas atividades. Para o Sebrae, falta incentivo para que elas saiam desse lugar de sobrevivência e comecem uma fase de mais respiro, para poder ter mais criatividade e tempo para pensar e escalar os seus negócios.

É com a missão de transformar esse panorama que a instituição encabeça uma série de iniciativas de apoio e fomento ao empreendedorismo feminino, com destaque para o programa Sebrae Delas, uma plataforma exclusiva que impulsiona, valoriza e acelera pequenos negócios liderados por mulheres.

Construindo futuros

Para fortalecer essa corrente, a EXAME se junta ao Sebrae em um projeto que visa impulsionar a jornada das empreendedoras brasileiras. Ao longo de um ano, o Construindo Futuros trará conteúdos, encontros, workshops, cobertura de eventos e ações focadas em apoiar os negócios liderados por mulheres, bem como o acesso a linhas de crédito e educação financeira.

“Para além de ser um motor para o desenvolvimento econômico, o empreendedorismo feminino é parte de uma importante transformação social, ao promover a independência econômica de mulheres, muitas delas em de situação de vulnerabilidade”, diz Margarete. Quase metade das mulheres que sofrem violência doméstica, diz ela, não denuncia seu agressor às autoridades por depender financeiramente dele. “Sendo donas do próprio negócio, elas são acima de tudo donas dos próprios caminhos”, destaca a executiva do Sebrae.

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